domingo, 25 de novembro de 2012

Jornal Correio publica artigo sobre vocação sacerdotal em Uberlândia

Fonte: Jornal Correio de Uberlândia, edição de 25/11/2012

21 jovens de Uberlândia buscam formação para ser padres
O caminho é longo e o percurso pode chegar a 12 anos ou até mais, dependendo da maturidade da vocação de quem pretende se tornar padre. Essa vocação está relacionada à fé e aos ideais humanitários de doação e ajuda ao próximo. Embora sejam necessárias muita dedicação e abdicação, o número de padres é crescente no Brasil.
Passou de 14.198, em 1990, para 22.119, em 2010 – um crescimento de 55,7% em 20 anos, segundo dados do censo anual da Igreja Católica no Brasil de 2011. Em Uberlândia existem três seminários, sendo um diocesano e dois religiosos, com um total de 21 seminaristas.
O padre diocesano Márcio Gonçalves, da Paróquia Divino Espírito Santo do Cerrado, no bairro Jaraguá, zona oeste, explica que na Igreja Católica existem dois tipos de padres: os religiosos e os diocesanos. “Temos os padres religiosos, que pertencem a alguma congregação (como a dos padres Salesianos, Clareatianos, entre outras) ou ordem religiosa (como a dos Franciscanos ou Beneditinos) e os diocesanos, que atuam nas dioceses”, disse.
Geralmente, os padres vivem em comunidade. Os religiosos fazem votos de pobreza, obediência e castidade (abstenção de todo e qualquer ato sexual). Os diocesanos fazem votos de obediência e celibato (estado de solteiro). Feita a escolha, o jovem é encaminhado para um período de discernimento. “Ao longo de um ano ele vai avaliar sua vocação.”
Só assim poderá entrar para o Seminário Propedêutico, onde permanecerá de seis meses a um ano. Para isso, precisa terminar o ensino médio.
Quando conclui a fase inicial segue para os estudos de Filosofia e, depois, Teologia. Essa fase dura, no mínimo, sete anos. Terminada a faculdade, o seminarista passa por um estágio, pelo diaconato e só então é ordenado padre pelo bispo.
Seminário São José
O jovem Fábio Mendes, de 21 anos, de Belo Horizonte, vai se tornar padre diocesano e está no terceiro ano de Filosofia do Seminário São José, localizado no bairro Jardim Holanda, na zona oeste. Ele explica que o seminário onde mora e estuda é uma casa de formação secular que não tem um carisma específico, diferentemente das ordens religiosas que seguem o carisma de um santo. No local, moram cinco seminaristas, dois de Uberlândia e três de cidades da região.
A formação de Fábio Mendes e dos demais seminaristas se baseia nos pilares humano, acadêmico e espiritual. No dia a dia, estudam também música vinculada ao processo formativo. Eles levam de um e oito anos para serem ordenados padres. No caso deles, o uso do hábito não é necessário por ser a veste das ordens religiosas.

“Nossa vida não é peso nem sacrifício”, diz Seminarista Capuchinho

Quem se preparara para ser um padre capuchinho, além de estudar, cuida do convento onde mora, faz orações e se dedica aos trabalhos pastorais.
Davi de Souza, de Sabará (MG), de 21 anos, vive na Fraternidade São Francisco de Assis, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, no bairro Tibery, onde moram dez seminaristas, todos de outras cidades.
Os capuchinhos de Uberlândia atuam em obras sociais mantidas pela Ordem, como a Creche Santinho e a fazenda Stela Mares, que ajuda na recuperação de dependentes químicos. “A nossa realização está no serviço ao próximo. A nossa vida não é peso nem sacrifício, como muitos a veem. Temos nossas alegrias, dúvidas e sofrimentos”, disse o jovem.
Os capuchinhos seguem os princípios de São Francisco de Assis. Para sobreviver, recebem doações e trabalham. O que ganham é partilhado entre todos.
“Não somos desligados do mundo. Temos computadores, internet, recebemos visitas, temos celebrações e uma relação aberta fora da casa religiosa”, disse o seminarista Hilário Pereira, de 26 anos.
Ele está estudando Filosofia e já sonha com a ordenação, cinco anos depois de concluir o curso. “É um momento muito emocionante. Todo o sonho da missa com a família, os amigos. É muito marcante porque é a realização de um sonho que demora de 11 a 12 anos para ser concretizado.”

Cinco rapazes estudam em congregação voltada para crianças e jovens

No seminário da Congregação das Escolas de Caridade Instituto Cavanis, no bairro Chácaras Ibiporã, na zona sul, vivem seis rapazes com idade entre 21 e 26 anos. Eles são dos estados de Mato Grosso, São Paulo e Paraná. Os seminaristas Cavanis se preparam entre oito e dez anos antes de  se tornarem padres.
Em Uberlândia, os jovens trabalham com a comunidade e no Centro Educacional Cristina Cavanis, que pertence à Congregação. “Nós temos um carisma específico na formação de crianças e jovens”, disse o padre Adriano Sacardo, reitor do seminário.
Os padres Cavanis não são obrigados a usar o hábito (vestuário especial). Os votos são de pobreza, obediência e castidade. Para sobreviver, contam com doações e promoções nas comunidades onde atuam.
“A Cavanis é um tripé que reúne vida espiritual, fraterna e comunitária e a missão, mas também jogamos futebol, fazemos caminhada, participamos de encontro de jovens e da vida apostólica”, disse o padre Adriano Sacardo. Uma de suas alegrias é cantar nas missas. “Vou para o terceiro CD
gravado.”
Padre Márcio Gonçalves explica 
que há religiosos e diocesanos

Cidade tem 56 padres e 40 diáconos

Segundo a Diocese de Uberlândia, hoje na cidade existem 56 padres diocesanos, 12 religiosos e 40 diáconos permanentes, casados e ordenados. Tanto os padres como os religiosos não podem se casar. Já os diáconos permanentes podem ser solteiros, casados ou viúvos. Caso os casados se tornem viúvos, deverão permanecer celibatários.
O último censo da Igreja Católica no Brasil, de 2011, mostrou que entre 1990 e 2010 o número de padres aumentou 55,79%, de diáconos, 328,96%, enquanto o de freiras caiu 10,68%.
Segundo o bispo de Uberlândia, dom Paulo Francisco Machado, o maior interesse dos homens pela vida religiosa deve-se ao fato de o padre ainda ter visibilidade maior em seu ministério. “Enquanto a freira muitas vezes fica no convento, o padre tem visibilidade. Eu vejo muito o aspecto humano.
Vivemos numa sociedade diferente em que não se valoriza tanto a generosidade, a gratuidade, por isso há uma diminuição geral das vocações.”

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