A vida é caminhada, peregrinação. Somos povo a caminho, destinados à pátria celeste... Eis a mensagem da Escritura, especialmente do Novo Testamento. Mensagem que, na prática tendemos a ignorar ou na qual preferimos não pensar. O mundo do aqui e agora é que toma nossa atenção. Como se nada houvesse além do mundo visível e material. Perdemos nosso senso de direção e de propósito, esquecemos que destino mais alto nos aguarda.
De tempo em tempo, precisa-se retomar a caminhada com ímpeto novo. A Quaresma é esse tempo, “tempo favorável”, em que iniciamos com novo propósito a caminhada que nos conduz, enfim, a Deus. Nosso objetivo imediato é a Páscoa, a passagem cristã, mas ela própria é símbolo e antegozo da festa pascal no céu. Por isso, a época quaresmal pode ser vista como microcosmo da própria vida. O caminho dessa alegria passa pela estreita porta da penitência. Ilusão esperar por alegria fácil ou instantânea. Implica observância que pode ir deveras contra nossa vontade. Haverá elemento de combate, de autorrestrição, de firmeza. Na oração da coleta na missa da quarta-feira de Cinzas, pedimos ao Senhor “para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal”, ao iniciarmos a Quaresma. Assim, devemos nos preparar para a batalha. Mas não deve haver a encenação farisaica da cara amarrada. O oferecimento deve ser feito com júbilo, já que “Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9,7). No espírito da liturgia oriental, exclamemos: “guardemos todos esses dias com alegria”. (Fonte: Quaresma e Semana Santa, Vincent Ryan, OSB - Ed. Paulinas-1991)
Um comentário:
A quaresma é nosso tempo no deserto, para refletirmos sobre nossa humanidade e espiritualidade. A Penitência não é masoquismo, é o reconhecimento de nossa indigência. É este reconhecimento que nos coloca a caminho do perdão.
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