terça-feira, 19 de abril de 2016

Obrigado por nos salvar, diz família síria acolhida pelo Papa

Um sentimento de surpresa e incredibilidade toma conta das três famílias sírias que o Papa Francisco levou para o Vaticano ao final de sua visita à ilha grega de Lesbos. O casal mais jovem que acompanhou o Santo Padre foi Hassan e Nour Zahidà, junto com o único filho; eles foram acolhidos pela Comunidade de Santo Egídio.

A fuga do casal começou em Damasco, passou por Aleppo até chegar à Turquia, de onde seguiram rumo à Grécia em uma embarcação com o objetivo de fugir da guerra.

“Deixamos a Síria em dezembro de 2015, porque meu marido foi chamado a se alistar no exército: chamaram todos os homens entre 18 e 45 anos para lutarem na guerra com o exército sírio! O nome do meu marido constava em toda delegacia de polícia e, portanto, não podíamos sair do país através das fronteiras regulares. Fomos obrigados a sair por vias ilegais”, explica Nour.

Ela conta que a família chegou a Lesbos no dia 18 de março e ali ficaram por um mês. Devido à chegada de inúmeras famílias, as condições no campo de refugiados começaram a piorar, a ponto de não ter água disponível para todos. Foi quando chegou a notícia inesperada de que o Papa os levaria para Roma.

“Foi realmente um sonho. Estávamos comprando algo no centro, em Lesbos, às oito da noite; voltamos ao campo de Karatepe e o responsável, Stavros, disse que três famílias tinham sido escolhidas para ir à Itália. Mas não nos disseram nada do Papa e que seria um voo especial com ele. E quando descobrimos, foi de novo um sonho, realmente. Não conseguíamos entender o que estava acontecendo. Depois entendemos quando encontramos o responsável pela Comunidade de Santo Egídio”, conta o marido de Nour, Hassan.

Hassan disse que eles se encontraram com o Papa no aeroporto. Francisco perguntou como estava a situação em Lesbos e a família disse que apreciava os esforços feitos pelos refugiados, especialmente pelos sírios.

“Gostaria de agradecer ao Papa pelo seu gesto. ‘Obrigado! Obrigado! Obrigado por nos salvar!’. Eu espero que este gesto possa influenciar e tocar a todos, que possa mudar as posições políticas e que as fronteiras possam ser abertas a esses refugiados. Para meu filho, espero que possa ter uma vida feliz e que eu e meu marido possamos encontrar um trabalho na Itália. Gostaria de dizer que somos pessoas normais. Não somos jihadistas; não somos terroristas! Somos pessoas normais como vocês. Sonhamos somente com uma vida normal num país onde exista paz”.

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