Fonte: ACI Digital
“Se a humanidade se orientar por acolher, por privilegiar somente os que são saudáveis, fortes e poderosos, nós estaremos nos encaminhando para uma sociedade que se orienta pela eugenia”, foram as palavras ditas pelo Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer, em entrevista à BBC Brasil sobre o aborto em casos de microcefalia, que poderiam estar relacionados à epidemia de Zika vírus.
Dom Odilo explicou que “a lei da eugenia manda eliminar”. Segundo ele, “essa forma de raciocinar em relação ao ser humano é absolutamente indigna na civilização”.
“A questão é essa: vamos eliminar o bebê?”, pontuou o Purpurado, indicando que o aborto não deve ser visto como uma solução.
“Acho que nesse caso, à mulher que tem a certeza de que está gerando um bebê que vai ter microcefalia, eu diria ‘prepare-se para ter esse bebê’”, afirmou, ao acrescentar que essa criança deve ser acolhida e a família precisa encarar como uma missão o seu acompanhamento e cuidado.
Por outro lado, em vídeo editado da entrevista disponibilizado pelo site da BBC Brasil, o Cardeal também é questionado sobre a prevenção da gravidez, ao que responde que os casais sabem como fazê-la.
“A pessoa tem que assumir a responsabilidade, não jogar essa responsabilidade: o Estado permite ou a Igreja permite. Se toma a decisão de usar (contraceptivos), então, assuma a responsabilidade desse uso e dê conta dessa responsabilidade”, disse o Cardeal, que também completou: “Evidentemente que a Igreja coloca referências, mas também diz: ‘agora você decide e sua decisão empenha a sua responsabilidade pessoal”.
Tal responsabilidade vai ao encontro do que diz o Catecismo da Igreja Católica, em seu parágrafo 2370:
“A continência periódica, os métodos de regulação dos nascimentos baseados na auto-observação e no recurso aos períodos infecundos são conformes aos critérios objetivos da moralidade. Estes métodos respeitam o corpo dos esposos, estimulam a ternura entre eles e favorecem a educação duma liberdade autêntica. Em contrapartida, é intrinsecamente má ‘qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação’”.
Microcefalia e eugenia
Diante das discussões acerca do aborto de bebês com microcefalia, artigo publicado no site do Padre Paulo Ricardo, conhecido por sua luta pró-vida, reafirma a relação do caso com a eugenia e recorda que também na Alemanha nazista esta foi uma prática do programa de “extermínio de crianças deficientes”, o qual, mais tarde, se estendeu também aos adultos.
“Fora ou dentro do útero, no entanto, meses ou anos depois da concepção, são realidades meramente circunstanciais. Nada disso muda a essência do que os promotores do aborto, aproveitando-se do pânico gerado em torno do Zika vírus, pretendem advogar junto ao Supremo Tribunal Federal: a ideia de que alguns seres humanos são mais dignos de viver do que outros”, observa o texto.
O artigo sublinha que o caso em questão é claramente eugenia e que “dar um novo nome às coisas não altera a sua substância, pelo que ‘saúde reprodutiva’, ‘direito de escolha’ e ‘controle de natalidade’ não passam de eufemismos construídos para disfarçar a realidade”.
Conforme indica, porém, a essência dessa forma de pensamento “não está por trás só do pedido do aborto de microcefálicos, mas de todo o movimento pela legalização do aborto”, pois os defensores dessa causa, na verdade, buscam “o aborto total, sem exceções”.
Com isso, ressalta que, “na verdade, quem está ameaçado em seu direito à vida são todos os nascituros, portadores ou não de microcefalia, sem ou com deficiência”.
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