Fonte: Elo da Fé
Padre Claudemar (Diocese de Uberlândia)
Daqui a dois anos, em 2017, o Brasil celebrará os 300 anos de um de seus maiores símbolos: o encontro da imagem de 36 cm de Nossa Senhora da Conceição, aparecida no Rio Paraíba a três pescadores no ano de 1717.
De lá para cá, são anos de devoção à Mãe de Deus, cultuada nessas terras de Santa Cruz como a “Senhora Aparecida”, cuja expressão de fé e de piedade popular a reconheceu como padroeira do Brasil.
O Brasil ainda estava em gestação. Faltava-lhe quase tudo, inclusive, uma identidade religiosa. Afinal, se cada país tinha um olhar especial da mãe de Deus, era justo que esta nação contasse com a sua própria face estampada no rosto da mãe de Jesus. E talvez essa seja a sua prerrogativa mais visível: a Senhora do Brasil é de traços eminentemente mestiços. Seu semblante evoca a nossa multiplicidade, nossa cultura e nosso jeito continental de ser.
A cor negra na pele da imagem da mãe de Deus trouxe alento aos homens e mulheres escravizados, desejosos de libertação. Identificar-se com eles, num momento em que se era lícito segregar o ser humano por causa de sua cor, tornou Maria ainda mais próxima dos brasileiros e de todos aqueles que se viam desprovidos de sua dignidade e de seu direito de ir e vir.
A “mãe negra” foi achada nas águas barrentas de um rio. Primeiro, encontrou-se o corpo. Lançada novamente a rede, os pescadores encontraram a cabeça da imagem. Estavam em busca de peixe para alimentar o novo governador à época em visita à vila de Guaratinguetá. Após a pesca da imagem, abundantes foram os peixes encontrados. Isso nos faz lembrar aquela outra pesca, narrada pelos evangelistas (cf. Lc 5, 1ss).
Os discípulos haviam labutado uma noite inteira, sem sucesso. Pela manhã, Jesus foi ao encontro deles. Dirigindo-lhes a palavra, disse: “Lançai as redes para águas mais profundas”. Pedro, o pescador por excelência, respondeu-lhe: “Mestre, trabalhamos uma noite inteira, e não pescamos nada. Mas, por causa da Tua Palavra, lançarei as redes”. E grande foi a quantidade de peixes recolhidos!
Ao longo desses três séculos, os discípulos de Jesus continuam a lançar suas redes e a olhar com confiança para aquela que é ovacionada como a “mãe de Deus e nossa”. Diante dos olhos pequenos e negros da imagem de Maria em seu Santuário Nacional, já passaram homens ilustres e simples, reis e rainhas, camponeses e plebeus, jovens e crianças, idosos e papas.
Aos pés de Nossa Senhora Aparecida foram deixadas inúmeras réplicas de partes do corpo humano como sinal das curas e dos milagres operados graças à sua materna intercessão.
Há 11 anos, temos em nossa Diocese um Santuário dedicado à Mãe de Deus sob o auspicioso título de “Nossa Senhora Aparecida”. Daqui, nossos corações vibram, pois se encontram com aquele outro coração que nos foi confiado pelo Crucificado: “Filho, eis aí tua mãe”. E, desde então, nós a trouxemos para casa. Ela vive e convive conosco e, daqui, nos orienta: “fazei tudo o que Ele vos disser”.
Nossa Senhora Aparecida, rogai pela Diocese de Uberlândia.
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