Arcebispo de São Paulo
A festa bonita da Apresentação de Jesus no Templo, celebrada na liturgia domingo passado, 02 de fevereiro, nos faz refletir sobre a vivência da fé da Sagrada Família e sobre a sua preocupação de Maria e José em transmitir ao filho as tradições que faziam parte da sua comunidade de fé e da religião dos pais. Levar o primogênito a Jerusalém, para apresentá-lo a Deus, era uma dessas práticas, que as famílias faziam normalmente.
Os pais reconheciam, assim, que o filho era uma bênção, um presente do amor de Deus e que eles próprios eram colaboradores de Deus na transmissão da vida e na formação de mais um membro do povo eleito; ouviam palavras de instrução e orientação sobre a criação do filho, em vista da sua missão diante de Deus e de seu povo. E recebiam a bênção do sacerdote, para que tudo na vida dele andasse conforme o desígnio de Deus.
Levando o filho para casa novamente, os pais estavam conscientes de que ele pertencia a Deus, mais que a eles próprios, e que sua missão era a de ajudar o filho a reconhecer a voz de Deus e de segui-la em sua vida; de crescer na familiaridade com Deus. Seu papel de educadores orientava-se por esse princípio: preparar o filho para discernir os caminhos de Deus e para caminhar sob o seu olhar, seguindo seus mandamentos.
Para nós, cristãos católicos, o que significa falar em “educação cristã dos filhos” ou de “iniciação à vida cristã”? Pode significar muitas coisas, mas não pode faltar o que fizeram Maria e José: apresentar os filhos a Deus, sentindo-se colaboradores na obra de Deus; ensinar os filhos a conhecerem a voz de Deus, a amar e sentir-se amados por ele, a se relacionar familiarmente com Aquele, que é seu verdadeiro Pai.
Missão dos pais cristãos na educação de seus filhos nos caminhos da fé ainda é introduzi-los na comunidade de fé e ajudá-los a se reconhecerem parte da Igreja, membros vivos e participativos da família de Deus, que o Filho de Deus veio reunir neste mundo. Os filhos precisam aprender a sabedoria das coisas de Deus e crescer nela; crescer e amadurecer na fé cristã, tornando-se fortes nas virtudes, para produzir os frutos de bem, que Deus espera de seus filhos.
Não há dúvidas sobre a importância da iniciação à vida cristã na família, desde a mais tenra idade. É bonito, quando os pais levam os filho recém-nascido à igreja, para “mostrá-lo a Deus” e para pedir a bênção para ele através dos ministros de Deus; muitos pais já o fazem, cheios de fé e gratidão, antes mesmo de o filho nascer. Vem, depois, o pedido do Batismo, acompanhado do desejo vivo de colaborar com a graça de Deus para educar mais um membro do povo de Deus.
E a vida em família é tecida de pequenas práticas de devoção, de instrução e de virtude, que vão moldando o coração do filho e encaminhando-o pelas vias da fé cristã. Chega também o momento da catequese, quando o filho se insere mais e mais na grande comunidade de fé, da qual recebe o testemunho, a palavra e a vivência comunitária da fé e de suas conseqüências para a vida...
Maria e José tiveram a alegria de ver o menino Jesus crescendo em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens (cf Lc 2,52); assim também os pais cristãos têm a missão indispensável de iniciar os filhos nos caminhos da fé e na vida da Igreja. Os frutos e as alegrias, com a graça de Deus, não tardarão a aparecer.
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