quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Santa Catarina Labouré

Fonte: Canção Nova
Celebramos neste dia o testemunho de vida cristã e mariana daquela que foi privilegiada com a aparição de Nossa Senhora, a qual deu origem ao título de Nossa Senhora das Graças ou da Medalha Milagrosa.
Santa Catarina de Labouré nasceu em Borgonha (França) a 2 de maio de 1806. Era a nona filha de uma família que, como tantas outras, sofria com as guerras napoleônicas.
Aos 9 anos de idade, com a morte da mãe, Catarina assumiu com empenho e maternidade a educação dos irmãos, até que ao findar desta sua missão, colocou-se a serviço do Bom Mestre, quando consagrou-se a Jesus na Congregação das Filhas da Caridade.
Aconteceu que, em 1830, sua vida se entrelaçou mais intimamente com os mistérios de Deus, pois a Virgem Maria começa a aparecer a Santa Catarina, a fim de enriquecer toda a Igreja e atingir o mundo com sua Imaculada Conceição, por isso descreveu Catarina:
“A Santíssima Virgem apareceu ao lado do altar, de pé, sobre um globo com o semblante de uma senhora de beleza indizível; de veste branca, manto azul, com as mãos elevadas até à cintura, sustentava um globo figurando o mundo encimado por uma cruzinha. A Senhora era toda rodeada de tal esplendor que era impossível fixá-la. O rosto radiante de claridade celestial conservava os olhos elevados ao céu, como para oferecer o globo a Deus. A Santíssima Virgem disse: Eis o símbolo das graças que derramo sobre todas as pessoas que mas pedem”.
Nossa Senhora apareceu por três vezes a Santa Catarina Labouré. Na terceira aparição, Nossa Senhora insiste nos mesmos pedidos e apresenta um modelo da medalha de Nossa Senhora das Graças. Ao final desta aparição, Nossa Senhora diz: “Minha filha, doravante não me tornarás a ver, mas hás-de ouvir a minha voz em tuas orações”.
Somente no fim do ano de 1832, a medalha que Nossa Senhora viera pedir foi cunhada e espalhada aos milhões por todo o mundo.
Como disse Sua Santidade Pio XII, esta prodigiosa medalha “desde o primeiro momento, foi instrumento de tão numerosos favores, tanto espirituais como temporais, de tantas curas, proteções e sobretudo conversões, que a voz unânime do povo a chamou desde logo medalha milagrosa“.
Esta devoção nascida a partir de uma Providência Divina e abertura de coração da simples Catarina, tornou-se escola de santidade para muitos, a começar pela própria Catarina que muito bem soube se relacionar com Jesus por meio da Imaculada Senhora das Graças.
Santa Catarina passou 46 anos de sua vida num convento, onde viveu o Evangelho, principalmente no tocante da humildade, pois ninguém sabia que ela tinha sido o canal desta aprovada devoção que antecedeu e ajudou na proclamação do Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora em 1854.
Já como cozinheira e porteira, tratando dos velhinhos no hospício de Enghien, em Paris, Santa Catarina assumiu para si o viver no silêncio, no escondimento, na humildade. Enquanto viveu, foi desconhecida.
Santa Catarina Labouré entrou no Céu a 31 de dezembro de 1876, com 70 anos de idade.
Foi beatificada em 1933 e canonizada em 1947 pelo Papa Pio XII.
Santa Catarina Labouré, rogai por nós!

Evangelii Gaudium: Francisco e o programa evangelizador do seu pontificado

Fonte: Zenit
A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”. Estas são as palavras com que o papa Francisco começa a sua primeira exortação apostólica, a “Evangelii Gaudium” (A alegria do Evangelho).
Nela, o santo padre recolhe os trabalhos do sínodo dedicado à nova evangelização para a transmissão da fé, celebrado de 7 a 28 de outubro de 2012, no Vaticano. É um programa de pontificado, já que, ao longo dos 300 pontos da exortação, o pontífice fala da sua visão da Igreja e do mundo, aprofundando em ideias que ele já anunciou durantes estes oito meses. Francisco exprime o seu "sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se transforme num canal adequado para a evangelização do mundo atual, mais do que para a autopreservação".
No começo da exortação, o santo padre faz um chamamento a todos os batizados para levarem aos outros o amor de Jesus "em estado permanente de missão", com fervor e dinamismo novos. Para realizar essa tarefa, Francisco convida todos a "recuperar o frescor original do Evangelho", encontrando "novos caminhos" e "métodos criativos". Ele fala até mesmo de "uma conversão do papado", para que seja "mais fiel ao sentido que Jesus Cristo quis lhe dar" e "às necessidades atuais da evangelização". Sobre as conferências episcopais, ele destaca o seu desejo de que elas contribuam para que "o efeito colegial" tenha aplicação "concreta", coisa que ainda "não se realizou plenamente".
Sinal do acolhimento de Deus é “manter os templos de portas abertas em toda a parte”, para que todo aquele que procura não encontre apenas “a frieza das portas fechadas”. Nem “as portas dos sacramentos deveriam se fechar, fosse pela razão que fosse", adverte o santo padre.
Olhando com atenção para os desafios do mundo contemporâneo, o papa critica o sistema econômico atual, definido por ele como “injusto em sua raiz”. “Essa economia mata” porque predomina “a lei do mais forte”, diz ele. A cultura atual do “descartável” faz com que “os excluídos não sejam explorados, mas descartados, como sobras”. Do mesmo modo, ele denuncia os “ataques à liberdade religiosa” e as novas situações de perseguição contra os cristãos.
Francisco também fala da importância da família, que "atravessa uma crise cultural profunda", e insiste na "contribuição indispensável do matrimônio à sociedade".
O papa enumera as “tentações dos agentes pastorais”: individualismo, crise de identidade, queda do fervor. Exorta os católicos a "serem sinais de esperança", gerando a "revolução da ternura" para vencer a "mundanidade espiritual". O papa dedica algumas linhas também aos que “se sentem superiores aos outros”, por serem “inquebrantavelmente fiéis a certo estilo católico próprio do passado”, observando ainda que, “em vez de evangelizar", o que eles fazem é "classificar os outros”. E também recorda aqueles que se preocupam com um “cuidado ostentoso da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas sem se preocuparem com uma real inserção do Evangelho” no âmbito das necessidades das pessoas.
Às comunidades eclesiais, ele alerta do perigo de cair em invejas ou ciúmes “dentro do Povo de Deus e nas diversas comunidades". Sublinha a necessidade de fazer crescer a responsabilidade dos leigos, mantidos “à margem das decisões” devido a “um excessivo clericalismo”. Fala ainda do papel da mulher, afirmando que "é necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja”. Fala dos jovens, que devem ter “um protagonismo maior”. Quanto à escassez de vocações em alguns lugares, o santo padre avisa que “não podemos encher os seminários com qualquer tipo de motivação”.
Por outro lado, o santo padre quis recordar também que “o cristianismo não tem um único modo cultural” e que o rosto da Igreja é “multiforme”. Ele reafirma a "força ativamente evangelizadora” da piedade popular e convida os teólogos a conservarem no coração “a finalidade evangelizadora da Igreja” e a não se contentarem com “uma teologia de escrivaninha”.
Sobre a forma de pregar, Francisco ressalta que a homilia “deve ser breve e não se parecer com uma palestra nem com uma aula”; deve dizer “palavras que façam arder os corações”, fugindo de “uma pregação puramente moralista ou doutrinadora”.
O santo padre afirma que "ninguém pode nos exigir relegar a religião à intimidade secreta das pessoas, sem influência alguma na vida social". E, na luta pela justiça, recorda que "a opção pelos pobres é uma categoria teológica", mais do que sociológica. Por isso, indica: "Quero uma Igreja pobre e para os pobres. Eles têm muito a nos ensinar".
Há espaço também para os mais fracos, de quem devemos cuidar: "Os sem teto, os dependentes químicos, os refugiados, os povos indígenas, os idosos cada vez mais sozinhos e abandonados”, os migrantes, as vítimas do tráfico de pessoas, as mulheres que sofrem situações de exclusão. E, prestando especial atenção às crianças ainda não nascidas, Francisco lembra que "não devemos esperar que a Igreja mude a sua postura sobre este assunto", enfatizando que "não é progressista pretender resolver os problemas eliminando uma vida humana".
O papa também fala da paz e explica a necessidade de "uma voz profética" quando se quer construir uma reconciliação falsa, que “silencia” os mais pobres enquanto “alguns não querem renunciar aos seus privilégios”. Ele menciona quatro princípios para a construção de uma sociedade "em paz, justa e fraterna": trabalhar no longo prazo, sem obcecar-se com resultados imediatos; agir para que os opostos atinjam uma unidade multiforme que gere nova vida; evitar que a política e a fé se reduzam à retórica; e unir a globalização e o contexto local.
A evangelização também envolve um caminho de diálogo, que abre a Igreja para colaborar com todas as realidades políticas, sociais, religiosas e culturais, recorda o pontífice. Ele ressalta o ecumenismo como "um caminho inescapável para a evangelização", além da importância do enriquecimento recíproco. O diálogo inter-religioso "é uma condição necessária para a paz no mundo". Diante dos episódios de violência, o papa convida a “evitar odiosas generalizações, porque o verdadeiro islã e uma adequada interpretação do alcorão se opõem a toda violência”. Por outro lado, ele destaca que "o devido respeito às minorias de agnósticos e de não crentes não deve ser imposto de modo arbitrário, silenciando as convicções das maiorias crentes ou ignorando a riqueza das tradições religiosas".
Para encerrar, o santo padre fala dos "evangelizadores com Espírito". São eles que se "abrem sem temor à ação do Espírito Santo”, que “infunde a força para anunciar a novidade do Evangelho com audácia (parresia), em voz alta e em todo tempo e lugar, inclusive contra a corrente”. São evangelizadores que oram e trabalham, conscientes de que a missão é uma paixão por Jesus e pelo seu povo. E recorda aos fiéis: "Se eu consigo ajudar uma única pessoa a viver melhor, isso já justifica a entrega da minha vida”. O papa finaliza com uma oração especial a Maria, "Mãe do Evangelho", "para que, toda vez que contemplamos Maria, voltemos a crer no poder revolucionário da ternura e do carinho".

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Papa prescreve "medicamento" espiritual

Fonte: agência Ecclesia
O Papa Francisco surpreendeu, no domingo, após a oração do Ângelus, às dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, com a sugestão de um ‘medicamento espiritual’ para as suas vidas, distribuído numa caixa própria, a ‘Misericordina’.

“Gostaria de sugerir-vos a todos vós um medicamento – talvez alguns pensem que o Papa agora é um farmacêutico -, um medicamento especial para concretizar os frutos do Ano da Fé, que caminha para o fim: é um medicamento de 59 grãos numa corda, um medicamento espiritual chamado Misericordina”, disse, da janela do apartamento pontifício sobre a Praça de São Pedro.
Francisco propôs assim a recitação do chamado ‘terço da Divina Misericórdia’, uma devoção católica baseada nas visões de Santa Faustina Kowalska (1905-1938), canonizada por João Paulo II em 2000. As caixas com o terço e a explicação desta devoção foram distribuídas à saída dos presentes, por voluntários. “Levem-na convosco. Há uma coroa do rosário, com a qual se pode também rezar o terço da Misericórdia, ajuda espiritual para a nossa alma e para difundir em todo o mundo o amor, o perdão e a fraternidade”, explicou.
“Não se esqueçam de a levar, porque faz bem, faz bem ao coração, à alma e a toda a vida”, acrescentou, debaixo de uma salva de palmas.

São indicadas algumas situações em que aconselha o uso do remédio: a conversão dos pecadores, ajuda em decisões difíceis, fraqueza na hora da tentação, falta de perdão ou quando "desejamos a misericórdia para uma pessoa em fim de vida". Aconselha-se encontrar "um lugar tranquilo, o quarto ou uma igreja", para "estar de joelhos" diante de uma imagem de Jesus Misericordioso e de rezar as orações e as fórmulas da coroa da Misericórdia usando os nós do Terço. A prática não leva mais de 7 minutos e é aconselhada como “terapia” pelo menos uma vez por dia, seja para adultos e para as crianças. A bula afirma, ainda, que não há contraindicações, que a prática é "compatível com outras orações", e que frequentar os sacramentos "favorece a eficácia do remédio".

À imagem e semelhança na Comunhão dos Santos

Fonte: Reflexões Franciscanas


O último apóstolo

Do encontro pessoal com Jesus Ressuscitado nasce o testemunho de fé de São Paulo, o "apóstolo dos gentios"
Fonte: padrepauloricardo.org.br
De tantos discípulos que Jesus reuniu em torno de Si, apenas doze tiveram o privilégio de se sentar à mesa com Ele e participar de Sua intimidade. Eles eram chamados de "amigos", pois o Senhor deu-lhes a conhecer tudo quanto ouviu de Seu Pai (cf. Jo 15, 15). A eleição dos doze "apóstolos" – como ficaram conhecidos – era a demonstração clara de que Jesus queria uma Igreja hierárquica.
Um personagem especial, no entanto, mesmo não tendo convivido dia a dia com o Senhor, recebeu a dignidade de ser chamado de "apóstolo". Ao assinar suas cartas às primeiras comunidades cristãs, era assim que São Paulo se intitulava: "Paulo, servo de Jesus Cristo, escolhido para ser apóstolo, reservado para anunciar o Evangelho de Deus" (Rm 1, 1); "Paulo apóstolo – não da parte de homens, nem por meio de algum homem, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai que o ressuscitou dos mortos" (Gl 1, 1); "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Jesus Cristo, nossa esperança" (1 Tm 1, 1). Como ousava denominar-se "apóstolo" este homem que sequer tinha andado com o Cristo, mas, ao contrário, como se sabe, perseguia e matava os primeiros cristãos?
Viajando a Damasco, Saulo – como se chamava antes de adotar definitivamente o nome de Paulo – estava prestes a "levar presos a Jerusalém todos os homens e mulheres que achasse" seguindo a doutrina cristã (At 9, 2). Um encontro inesperado, porém, o impede. "Subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu", narra São Lucas (v. 3). Desenrolou-se, então, o famoso diálogo entre aquele homem e o próprio Salvador (cf. v. 4-6). Ali, Saulo deparava-se com o mistério de Cristo – e, ao mesmo tempo, com o mistério da Igreja.
A vocação deste homem foi de uma importância extraordinária para a Igreja primitiva. Se não é exato dizer que a expansão do Evangelho "precisava" de São Paulo, sua contribuição, no entanto, foi de uma valia que ninguém ousa menosprezar ou contrariar. Em revelação a Ananias – o discípulo que fez Saulo recobrar a visão, que tinha perdido na estrada para Damasco –, o Senhor disse: "Este homem [Paulo] é para mim um instrumento escolhido, que levará o meu nome diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel" (At 9, 15).
A pregação de São Paulo não se limitou, todavia, a atingir os filhos de Israel. As inúmeras viagens que empreendeu, fundando igrejas por todos os cantos do mundo de então, reservaram-lhe o título de "apóstolo dos gentios". Por seu nome grego, por sua descendência e educação hebraicas e por sua cidadania romana, Paulo era o modelo ideal da confluência entre as três grandes civilizações de seu tempo, estando apto, por isso, a estabelecer um diálogo frutuoso com inúmeras culturas, mostrando-lhes a beleza do Evangelho e conduzindo-as a Cristo.
De fato, após o encontro com Jesus na estrada para Damasco, ensina Bento XVI, "Paulo não podia continuar a viver como antes, agora sentia-se investido pelo Senhor do encargo de anunciar o seu Evangelho como apóstolo". Este deveria ser um exame diário de todo batizado. Estar face a face com Cristo significa ser cercado por uma luz resplandecente que, de tão forte, cega a própria visão, impede que se tenha olhos para outras coisas que não seja Deus. É deste deslumbrar-se que nasce a consciência da missão. Só contemplando Paulo imerso na face de Jesus que é possível entender sua exclamação: "Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!" (At 9, 16).
Eis a chave para compreender o ardor missionário de Paulo. "Todo este esforço e toda esta aplicação com vistas à eficácia estavam profundamente ligados, na alma do Apóstolo, a uma participação ininterrupta na vida divina", sublinha Daniel-Rops. "Não há, nos grandes místicos, nenhuma separação entre a ação prática e a contemplação de Deus. Desde a hora em que Saulo, o fariseu, se tinha voltado para a luz, tudo nele se tinha dado a Deus, tudo se tinha perdido em Deus; como diria mais tarde, já não era ele que vivia, mas Cristo que vivia nele".
O Apóstolo só era capaz de viajar e anunciar a Palavra às outras pessoas porque ele mesmo bebia profundamente da água viva de Cristo, através da oração contínua e perseverante. É da pena do viajante de Tarso que se tem o primeiro relato de êxtase de toda a literatura cristã: "Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado até o terceiro céu. Se foi no corpo, não sei. Se fora do corpo, também não sei, Deus o sabe. E sei que esse homem – se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe – foi arrebatado ao Paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir" (2 Cor 12, 2-4).
Foi em união íntima com Jesus – como viveram os Doze – que morreu São Paulo, decapitado, na via Óstia, em Roma. "Combati o bom combate, concluí a minha carreira, guardei a fé" (2 Tm, 4, 5).O homem que tantos quilômetros percorrera para anunciar a Cristo fazia sua última e definitiva viagem.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Frutos do Ano da Fé

Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

No próximo dia 24 de novembro, Domingo de Cristo Rei, será celebrado o encerramento do Ano da Fé. Em muitas igrejas, mais uma vez, as comunidades farão a solene renovação da profissão da fé. Há, nesse ato, uma força testemunhal muito expressiva: de fato, não cremos apenas de modo individual e subjetivo, mas em comunidade, juntamente com muitos outros, que professam a mesma fé. A Igreja é uma grande comunidade de fé, formada de inúmeras comunidades menores e, finalmente, de pessoas, que crêem pessoalmente e vivem a comunhão de fé com grande comunidade eclesial.

Não cremos sozinhos, mas com a Igreja toda; e cremos como a Igreja crê - a Igreja que vive hoje neste mundo e também a Igreja celeste! São incalculáveis aqueles que viveram esta mesma fé e já nos precederam na “casa do Pai”. Eles são nossos irmãos na fé, testemunhas e exemplos de fé, que continuam a nos ajudar a prosseguir e perseverar no caminho da fé. Estamos, pois em boa companhia e bem amparados!

O Ano da Fé foi uma bênção, pois nos ajudou a tomar consciência renovada da preciosidade da fé da Igreja e da importância de professá-la com convicção e alegria. O Ano da Fé termina, mas a vivência da fé continua; temos agora o nosso compromisso de testemunhar a fé com intensidade e de traduzir a fé em frutos de vida cristã. Não basta ter iniciado bem o caminho: é preciso perseverar nele, para alcançar a meta da nossa fé: a vida eterna e a comunhão plena com Deus.

Primeiros frutos da fé deveriam ser a gratidão e alegria. A fé é um dom precioso, recebido de Deus, e que requer a nossa resposta diária através das atitudes de fé. A fé leva a viver em contínua sintonia e comunhão com Deus e a ter as luzes de Deus (“lumen fidei”), para iluminar todas as circunstâncias da vida. A fé ajuda a discernir para fazer as escolhas certas. Viver a fé é viver unidos a Deus; é viver “por Cristo, com Cristo e em Cristo”, para usar a expressão de São Paulo.

Outra conseqüência do Ano da Fé deverá ser o cultivo da fé. Podemos imaginar a fé como uma planta, que precisa ser cultivada para viver, florescer e produzir frutos. A fé precisa ser alimentada no encontro pessoal frequente com Deus na oração. Sem oração, a fé enfraquece e morre, como a planta, que não recebe água. Alimento essencial da fé é também a Palavra de Deus, acolhida quer na Liturgia, quer em outras ocasiões, como também na leitura pessoal e orante da Sagrada Escritura.

Para crescer e amadurecer, a fé precisa ser esclarecida mediante o estudo; de fato, nossa fé também se expressa em conteúdos e afirmações; não é mero sentimento, mas também afirmação e convicção. Para ter uma compreensão melhor da fé da nossa Igreja, é importante ler e conhecer o Catecismo da Igreja Católica; ele é a explicação que a própria Igreja dá oficialmente sobre os motivos e as bases da nossa fé, sobre seus conteúdos, sobre como a fé é celebrada na Liturgia e nos Sacramentos, sobre as conseqüências da fé para sua vida, mediante a observância dos mandamentos e sobre como a fé é traduzida no testemunho e na vivência diária.

Finalmente, a fé verdadeira produz frutos, que são as “obras da fé”, sem as quais ela seria estéril: “a fé , sem obras, é morta em sim mesma”, afirma S.Tiago. Frutos da fé são as boas obras da justiça, caridade e solidariedade, que revelam a fecundidade e autenticidade da fé. São ainda as virtudes humanas e cristãs, que traduzem o jeito de viver de quem está em sintonia com Deus. É também a prática sincera e perseverante da religião, expressão da adoração e do louvor de Deus

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Carta de Paulo aos homens e mulheres do meu tempo

Se o apóstolo Paulo vivesse em nossos dias, trabalhasse numa Escola, como eu, ou numa empresa qualquer, fosse casado, tivesse mulher e filhos, enfrentasse a rotina diária do trabalho, do trânsito, dos sustos e medos das cidades e tempos em que vivemos, talvez escrevesse assim a sua Carta aos Coríntios...


Ainda que eu fale mais alto que todos em minha casa ou do meu setor de trabalho, ou use minha posição, cargo ou função para calar as outras vozes, se não tenho Amor, sou como uma sirene estridente ou uma campainha repetitiva e irritante, mas solitária e inútil...
Ainda que eu fosse capaz de prever e programar tudo, organizando e colocando sob meu controle cada detalhe da casa, do escritório, do programa a ser desenvolvido em sala de aula, do meu setor de trabalho, se não tenho Amor, nada disso adiantaria muita coisa... 
Ainda que eu me sacrifique no trabalho, dedicando horas e horas de esforço para garantir mais conforto à minha família, ou para agradar meus superiores, mostrando minha competência, habilidades, batendo metas de produtividade, até com o risco de perder minha saúde, se não tenho Amor, sou pouco mais que nada...
O Amor é paciente... mesmo quando a rotina do cotidiano desgasta e exaspera, na monotonia dos erros repetitivos e comuns que acabamos, na convivência diária, conhecendo tão bem.
O Amor é prestativo... não só com aqueles a quem somos subordinados, com o cliente, ou com quem chega de fora, mas em especial com aqueles com quem convivemos no dia a dia mais banal.
O Amor não é invejoso... não transforma as relações em competição e a competição em mágoa ou rancor. Não se ostenta, nem se enche de orgulho, presunção e autossuficiência.
O Amor é generoso, cooperativo, solidário, encontrando alegrias improváveis no ato de servir ao invés de ser servido, nas situações e circunstâncias mais simples do cotidiano.
O Amor nada faz de inconveniente... nem procura apenas seu próprio interesse. Ele sabe que é parte de algo maior, se sente família, equipe, sendo capaz de, mais que viver, de con-viver.
O Amor percebe, acolhe, ouve e valoriza a presença e opinião do outro, respeita sua história, conhece seus limites, admira suas qualidades e as potencializa para o mais, para o melhor...
O Amor é gratuito, natural, espontâneo, de uma generosidade quase infantil, que deveria brotar, transbordar e se espalhar em cada gesto ou palavra. O egoísmo é que deveria nos causar surpresa e estranhamento.
O Amor não se irrita, não guarda rancor... e, talvez, tanto na vida familiar quanto no ambiente de trabalho, aí esteja o maior desafio para o Amor.
Mas, nas crises, nas dificuldades, Ele supera seus próprios limites e é capaz de amar mesmo quando é impossível gostar.
O Amor, então, se faz perdão... no mínimo, um querer bem que ultrapassa qualquer mágoa ou desejo de vingança, pois o Amor tudo desculpa... sem anotar nada “no caderninho” para cobrar depois...
O verdadeiro Amor, tanto em casa quanto no trabalho, se reveste de respeito, busca a Verdade, se alegra com a Justiça. E porque Verdade e Justiça geram confiança, o Amor tudo crê.
E como quem crê tem sempre esperança, o Amor, enquanto tudo espera, constrói ambientes de alegria em si e ao seu redor, pois uma de suas características é a capacidade de oferecer sempre, depois de cada lágrima, a possibilidade do abraço que acolhe, da palavra que consola, do gesto que restaura.
O Amor, enfim, tudo suporta... porque sabe que o insuportável mesmo é viver sem Amor.
Quando éramos crianças, pensávamos como crianças, agíamos como crianças, como crianças nos comportávamos. Bons tempos...
Então, veio a vida com suas exigências e cobranças, seus desafios, seus limites, sua rigidez e suas contradições, fazendo nascer em nosso coração a dúvida e a incerteza,
a insegurança e o temor.
Passamos a ver tudo como que por um espelho, de forma oblíqua, distorcida, ou como que através de uma vidraça embaçada.
Mas, um dia (que pode começar hoje), veremos face a face, conheceremos como nós mesmos somos conhecidos...
E então, quando esse tempo que não tem tempo chegar, tudo vai encontrar seu termo; o conhecimento, o poder dos cargos e dos currículos, a opressão do autoritarismo e da falta de amor, a frieza dos projetos e planejamentos distanciados da realidade, os diplomas e títulos dos quais nos orgulhamos tanto, quando tudo desaparecer, o que restará...?
Não se esqueçam, em nós, foi plantada uma semente de eternidade. Quem plantou foi o Amor. E só o Amor é e será capaz de preencher todos os espaços, superar todos os limites, abrir todas as possibilidades, aqui e agora, pois o Amor jamais passará. O que É não passa. O tempo do Amor é Agora e Sempre!
Em nós mora o Amor, em nosso coração, em nossas palavras e gestos, sonhos e desejos, clama o desejo de amar, pois somos imagem e semelhança do Amor que nos criou. 

Aprofundando...
Meu irmão, minha irmã querida, pensando em suas relações pessoais, familiares, profissionais, que palavra, decisão ou gesto o Amor pede a você, nesse momento?

Texto de Eduardo Machado
Inspirado na Primeira Carta do Apóstolo Paulo
à Comunidade de Corinto – 1Cor 13,1-13

domingo, 10 de novembro de 2013

Missa da Crisma

CONVITE
" Ungiu-me para anunciar a Boa Nova"

A Paróquia São Francisco de Assis e Santa Clara convida a todos 
para participar da 
Missa da Crisma
no dia 10 de novembro de 2013
às 19 horas
presidida pelo nosso Bispo
Dom Paulo Francisco Machado
na Matriz de São Francisco de Assis e Santa Clara.

domingo, 3 de novembro de 2013

Os Santos não são super-homens, diz o Papa

O site ACI publicou nesta sexta-feira (01/11/13) as palavras do Santo Padre diante de uma multidão de fiéis congregada na Praça de São Pedro, por ocasião da Festa de Todos os Santos. O Papa Francisco assinalou que estes não são super-homens, nem nasceram perfeitos, mas são seres humanos como nós que conheceram o amor de Deus.
O Santo Padre indicou que “Os Santos (…) são como nós, como cada um de nós, são pessoas que antes de alcançar a glória do céu viveram uma vida normal, com alegrias e dores, fadigas e esperanças”.
“Mas o que mudou sua vida? Quando conheceram o amor de Deus, seguiram-no com todo o coração, sem condições ou hipocrisias; gastaram sua vida ao serviço de outros, suportaram sofrimentos e adversidades sem odiar e respondendo ao mal com o bem, difundindo alegria e paz”.
Francisco disse que “esta é a vida dos Santos, pessoas que pelo amor de Deus não têm feito sua vida com condições a Deus, não foram hipócritas, gastaram sua vida ao serviço de outros, servir ao próximo, sofreram tantas adversidades, mas sem odiar”.
“Os Santos jamais odiaram. Porque, compreendam bem isto, o amor é de Deus, mas o ódio, de quem vem, vem de Deus o ódio? Não, vem do diabo! E os Santos se afastaram do diabo. Os Santos são homens e mulheres que têm a alegria no coração e a transmitem a outros”.
O Papa indicou que os Santos, “em sua existência terrena, viveram em comunhão profunda com Deus. No rosto dos irmãos mais humildes e desprezados viram o rosto de Deus, e agora o contemplam cara a cara em sua beleza gloriosa”.
O caminho da santidade, assinalou o Santo Padre, é “jamais odiar, servir os demais, os mais necessitados, rezar, e alegrar-se”.
“Ser Santos não é um privilégio de poucos, como se um deles tivesse recebido uma grande herança. Todos nós temos a herança de poder chegar a ser santos no Batismo”.
A santidade, sublinhou, “é uma vocação para todos. Portanto, todos estamos chamados a caminhar pela via da santidade, e esta via tem um nome, a via que leva a santidade tem um nome, tem um rosto: o rosto de Jesus. Ele nos ensina a chegar a ser Santos. Jesus Cristo, Ele no Evangelho nos mostra o caminho: o das Bem-aventuranças”.
“Com efeito, o Reino dos céus é para os que não põem sua segurança nas coisas, e sim no amor de Deus; para quantos têm um coração singelo, humilde, não presumem ser justos e não julgam os demais, quantos sabem sofrer com quem sofre e alegrar-se com quem se alegra, não são violentos mas misericordiosos e buscam ser artífices de reconciliação e de paz”.
O Papa remarcou que “o santo, a santa, é um artífice de reconciliação e de paz. Sempre ajuda a reconciliar as pessoas, sempre ajuda a que exista paz. E assim é bela a santidade. É um belo caminho”.
“Hoje os Santos nos dão uma mensagem nesta festa. Dizem-nos: confiem no Senhor, porque Ele não decepciona! O Senhor não decepciona jamais! É um bom amigo. Sempre a nosso lado. Não decepciona jamais! Com seu testemunho, os Santos animam a não ter medo de ir contra a corrente ou de serem incompreendidos e ludibriados quando falamos Dele e do Evangelho; demonstram-nos com sua vida que quem permanece fiel a Deus e à sua Palavra experimenta já nesta terra o consolo de seu amor, e depois o “cêntuplo” na eternidade”.
Francisco disse que “com sabedoria, a Igreja pôs em estreita sequência a festa de Todos os Santos e a Comemoração de todos os fiéis defuntos. A nossa oração de louvor a Deus e de veneração dos espíritos bem-aventurados se une a oração de sufrágio por quantos nos precederam na passagem deste mundo à vida eterna”.
“Encomendamos nossa oração à intercessão da Maria, Rainha de todos os Santos”, concluiu.

sábado, 2 de novembro de 2013

Retiro dos jovens de nossa Paróquia

Glória a Deus pelos jovens que buscam a fé e por todos aqueles que os orientam e os conduzem nessa busca! 




sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Vida além da morte: o meu Redentor vive!

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Na comemoração de Finados, como costuma acontecer todos os anos, os cemitérios vão encher-se de gente visitando os túmulos dos falecidos, deixando flores ou algum outro sinal do afeto e da saudade que continuam a unir quem segue vivendo com quem já não está mais aqui. Dia de reflexão, de procura de respostas para as muitas interrogações que a vida e a morte suscitam...
Também os fiéis católicos vão aos cemitérios, levam flores e manifestam seu pesar pela morte dos familiares e amigos... Mas eles são convidados nessa ocasião, mais ainda neste Ano da Fé, a manifestar a fé da Igreja no que diz respeito à vida e à morte. Qual é a luz especial que nossa fé traz para iluminar esse lado da existência, sobre o qual pairam tantas dúvidas? As respostas da fé cristã são muitas e luminosas.
Antes de tudo, nós cremos no Deus vivo, também chamado “o Vivente”, que é a origem de toda vida, o “Amigo da vida”. Não cremos num deus “objeto” ou “coisa”, nem num deus “energia” ou força mecânica cega. Cremos no Deus que é “pessoa”, que se relaciona e se comunica, que ama e se compadece; que vive e que dá a vida. Ele concedeu ao homem também ter o “sopro da vida”.
Diz-nos ainda nossa fé que Deus nos chama à vida por um ato de bondade e benevolência. Não é o homem quem dá a vida a si mesmo: recebe-a. Por isso, acolhemos com profundo respeito e gratidão a vida que temos e também a vida do próximo. Não somos nós os senhores absolutos da vida e da nossa existência; somos agraciados por esse dom divino. Devemos zelar o melhor que podemos pela vida, pela qual deveremos dar contas a Deus.
Nossa fé nos fala da morte corporal: ela pertence à presente ordem da realidade, na qual tudo ainda é precário e provisório; não vivemos ainda a realidade definitiva de nossa existência, mas caminhamos para ela. Para além da morte corporal, existe o Deus a vida, não sujeito às realidades precárias deste mundo. Ele nos chama a si, a confiar nele, para recebemos dele o dom da vida eterna e da felicidade plena.
“Creio na ressurreição da carne e na vida eterna” – assim professamos no Credo da Igreja. Nossa fé não se refere apenas à sobrevivência da alma espiritual; a expressão “ressurreição da carne” fala da pessoa na sua inteira condição humana. “Toda carne verá a salvação de Deus” (cf. Lc 3,6) – isso significa que todos os seres humanos verão a salvação de Deus. Quando São João afirma, no prólogo de seu Evangelho, que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (cf Jo 1,14), isso significa que o Filho eterno de Deus assumiu nossa condição de “carne”, ou seja, sujeitou-se à precariedade deste mundo e se fez solidário conosco.
Nossa fé na ressurreição da carne baseia-se na fidelidade de Deus a si mesmo e à sua obra; Deus não nos chamou à vida para descartar-nos, em seguida; mas, para que possamos ter vida em plenitude. E o Filho de Deus, Jesus Cristo, viveu “na carne” e passou à vida glorificada através da ressurreição “da carne”; Ele é a garantia da vida futura glorificada também para nós, que continuamos a viver na presente precariedade da existência.
Em Cristo ressuscitado, também nós, de alguma forma, já ressuscitamos para uma vida nova (cf Ef 2,6). Por isso, os túmulos dos cristãos, geralmente, estão marcados por uma cruz, lembrando Cristo Salvador, mediante o qual nós esperamos ser salvos da morte para participar, com Ele, da vida plena.
No Ano da Fé não tenhamos receio de afirmar nossa fé no dia de Finados e de dizer, como o justo Jó: “eu creio que o meu Redentor vive e que, por fim, Ele se levantará sobre o pó... E com meus olhos eu verei a Deus” (cf Jó, 19,25-27).