sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ouvintes e servidores da Palavra

Dom Nelson Westrupp - Bispo de Santo André
Fonte: CNBB
Ao longo do mês da Bíblia somos convidados a uma leitura mais assídua da Palavra de Deus. São Tiago recomenda receber com humildade a Palavra que em nós foi implantada e que é capaz de salvar as nossas almas. Não basta, porém, sermos meros ouvintes da Palavra, enganando-nos a nós mesmos, mas praticantes da Palavra (cf. Tg 1, 21-22). É a Palavra que nos salva. Mas para isso é necessário pô-la em prática como expressão de vida no amor. Não basta conhecer e saber o Evangelho; é preciso convertê-lo e transformá-lo em vida. Temos de ser terra boa, bem preparada, adubada, onde a Palavra do Senhor enraíza e cresce. 

A Palavra de Deus é amor. Quem ama, cumpre e vive a Palavra. Quem se aproxima dos pobres e dos mais necessitados e se compadece dos aflitos e sofredores, é praticante da Palavra, agrada aos olhos e ao coração de Deus. 
A Palavra de Deus é vida e ação. Quando a Palavra de Deus tiver produzido o seu fruto, voltará à nascente, cumprida a missão. Só será plenitude e perfeita compreensão, quando se tiver cumprido em nós (cf. Is 55, 10-11). 
Deus quer a salvação de todo ser humano, e o mundo inteiro é terra boa dos seus cuidados. Por isso, mandou profetas a preparar caminhos e, chegada a plenitude dos tempos, enviou o seu próprio Filho (Gl 4, 4), divina semente, Palavra de vida eterna. Não há terreno duro onde o Senhor não lance a semente. Preocupações, riquezas e cuidados podem sufocar a Palavra, mas o amor misericordioso do Pai não rejeita nenhum de seus filhos e filhas. A nossa mediocridade e lentidão de inteligência (cf. Lc 24, 25) não impedem a mão de Deus. 
A alma que lesse a Palavra sem a preocupação de vivê-la e pôr em prática sua mensagem, morreria de sede à beira da fonte de água viva. Portanto, redescubramos a maravilha da Palavra de Deus, que é “viva, eficaz e mais penetrante que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4, 12). Redescubramos sua eficácia no próprio coração da Igreja, na sua liturgia e na oração, na evangelização, na vida pessoal e comunitária... 
Feitos discípulos(as) missionários(as) de Cristo, poderemos experimentar o sabor da Palavra de Deus (cf. Hb 6, 5), vivendo-a na comunidade eclesial e anunciando-a aos corações acolhedores. A Palavra do Senhor seja nossa alegria diária. Recomenda-se aos “servos da Palavra” no trabalho da evangelização a leitura orante da Palavra de Deus, caminho seguro para um salto de qualidade na vivência da fé e do amor. 
A leitura meditada e rezada da Palavra leva a um encontro vital e transformador com Cristo, tornando-nos discípulos(as) e servidores(as) da Palavra de Deus na missão da Igreja. Aliás, a “Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela” (VD, 3). Quais filhos e filhas desta Igreja, somos enviados para anunciar a todos a Palavra que é Cristo. Tendo-a escutado, respondamos “com a obediência da fé” (cf. Rm 1, 5; 16, 26) e “o ouvido do coração”, a fim de que as nossas palavras, opções e atitudes “sejam cada vez mais uma transparência, um anúncio e um testemunho do Evangelho”, e vivamos por Ele (cf. 1 Jo 4, 9)” (CNBB, Doc 97, n. 92). 
A exemplo de Maria Santíssima, vivamos a plena obediência da fé em sintonia com a Palavra de Deus. Escutando a Palavra com o ouvido do coração, cresceremos na fé, na esperança e no amor. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

28 de agosto - Santo Agostinho

Deus reformou minhas deformidades!

Marcos Aquino

Agostinho, a exemplo de muitos jovens em nossos dias, procurava com inquietude a felicidade. O rápido percurso de progresso e realização profissional não o fez feliz. A extraordinária capacidade intelectual de Agostinho, percebida já no florescer da juventude, passou a ser contrastada com o desregramento moral, as experiências obscuras de uma vida arrastada pelas paixões. No entanto, gritava em seu interior o desejo de Deus. É bem verdade que não lhe faltaram o testemunho e a educação cristã de sua querida mãe, Mônica, mas, infelizmente, as “filosofias” caricaturam-lhe a verdade e o deixaram confuso, desnorteado e muitas vezes vazio. “A luz estava em seu interior, mas olhava para fora” (Confissões, L.VII,7,11). O jovem Agostinho demorou a fazer a experiência pessoal com o amor de Jesus Cristo e passar a tê-Lo como amigo íntimo e Senhor. Esta demora lhe custou um preço, mas quando a conversão passou a ser processo a misericórdia de Deus foi superabundante em sua vida. Ele conta que “Deus reformou suas deformidades!” (L. VII,8,12)
Muitos foram instrumentos de salvação na vida de Agostinho. Providencialmente Deus coloca no nosso caminho alguém - ou algumas pessoas - que nos comunica a luz do Evangelho. Pessoas que nos ajudam a encontrar ou reencontrar o rosto da Verdade, a Pessoa de Jesus, o amor de Deus, ainda que para isso derramem lágrimas. Mônica, alguns poucos amigos e o bispo Ambrósio foram as “mãos de Deus” a reconduzir o coração de Agostinho para a luz. E o que eles deram a Agostinho? Certamente a força da ressurreição que vem, sobretudo, da oração e da Palavra de Deus: “Tocaste-me o coração com a tua palavra, e comecei a amar-te” (L.X,6,8). O que aconteceu com o profeta Jeremias – como diz a 1ª Leitura deste 22º Domingo do TC -, foi o mesmo com Agostinho: “Senti dentro de mim um fogo ardente a penetrar-me o corpo todo: desfaleci, sem forças para suportar” (cf. Jr 7,9). Afirma ele que “Esta Palavra lhe foi um grito que rompeu a surdez, uma luz que afugentou a cegueira” (cf. L.X,27,38). 
Agostinho foi conquistado por Jesus Cristo, impactado com a certeza de que o Verbo de Deus havia escolhido o seu interior como morada. Sua decisão foi radical em não mais querer permanecer na vida velha. A graça de Deus lhe imputou um “hoje salvífico”. “A fé em Cristo fez-lhe compreender que Deus, aparentemente tão distante, na realidade não o era. Ele, de fato, tinha-se feito próximo de nós, tornando-se um de nós. Neste sentido a fé em Cristo levou a cumprimento a longa pesquisa de Agostinho sobre o caminho da verdade. Só um Deus que se fez ‘próximo’, um de nós, era finalmente um Deus ao qual se podia rezar, pelo qual e com o qual se podia viver” (Bento XVI. Audiência Geral sobre as conversões de Santo Agostinho, fevereiro de 2008). 
Santo Agostinho colaborou com a ação da graça de Deus, que o conduziu por uma via que jamais imaginou. Bendito Seja Deus pelos seus caminhos! Bendito seja Deus pela força da Sua misericórdia, única capaz de nos reconstruir por inteiro. O desígnio de Deus deu à Igreja e à humanidade um dos mais admiráveis filósofos e teólogos de todos os tempos. O Bispo Agostinho deixou um patrimônio teológico na Igreja de valor incalculável, o equivalente a 400 Sermões, 220 Cartas e 232 livros. Simplesmente um dos maiores gênios que a humanidade já conheceu. Tudo porque um dia deixou que a Palavra de Deus transformasse sua vida, refizesse suas deformidades. Amigo, Santo Agostinho, interceda por nós! Que Jesus Cristo seja para nós a eterna beleza antiga e sempre nova. Eis o segredo de tua vida!
Fonte: antoniomarcosaquino.blogspot.com.br
Permalink: http://antoniomarcosaquino.blogspot.com.br/2011/08/santo-agostinho-deus-reformou-minhas.html

Participação cidadã

Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

Já está em pauta a convocação para uma importante participação cidadã: a coleta de assinaturas para a conquista do Projeto de Lei de Iniciativa Popular sobre o repasse de 10% das receitas correntes brutas da União para a Saúde Pública Brasileira. O abaixo-assinado situa-se no horizonte de um movimento nacional que objetiva garantir, legalmente, a priorização da saúde pelos governos. Além do repasse dos 10%, a mobilização busca maior transparência e correta aplicação dos recursos no Sistema Único de Saúde (SUS). 
O povo brasileiro merece, por tantas razões e possibilidades, uma saúde pública de qualidade. Relembrando a abertura das olimpíadas de Londres deste ano, que fez referência ao sistema público de saúde inglês, prospectivamente podemos antever, como marco regulatório de prazo, as olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, dando um grande empurrão na direção da conquista desta qualidade com a Lei de Iniciativa Popular. O volume de um milhão e trezentas mil assinaturas garantirá o encaminhamento da proposta à Câmara dos Deputados. 
Essa participação cidadã pode ser iluminada pela significação e repercussão da vitória popular que é a Lei da Ficha Limpa. Graças à mobilização de muitos, a sociedade conquistou um avanço na legislação imprescindível para o seu progresso. Amadureceu também em sua exigência, sempre pertinente, quanto à estatura moral de dirigentes, gestores, governantes e até do cidadão comum. No embalo dessa vitória, temos a oportunidade de se trabalhar denodadamente por uma nova Lei de Iniciativa Popular. Dessa vez é a saúde pública em pauta. O cidadão precisa reconhecer sua força e impulsionar essa questão da maior relevância social e política, prioridade nos interesses de cada um e de nossas famílias. Particularmente, há de se constatar que a defesa da saúde pública é um gesto concreto de opção preferencial pelos pobres. 
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na sua 50ª Assembleia Geral realizada em abril, aprovou de forma unânime o empenho da Igreja Católica, em cooperação com outras instituições, na tarefa de recolher assinaturas de apoio ao Projeto de Lei. Essa aprovação é um gesto concreto de compromisso, em sintonia com o horizonte traçado pela Campanha da Fraternidade 2012. Neste ano, a Campanha traz como tema a Fraternidade e Saúde Pública. O empenho de cada um para “que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo. 38,8) pode encontrar na coleta de assinaturas, pela Lei de Iniciativa Popular em defesa da saúde pública, uma oportunidade de gesto concreto no comprometimento social e engajamento político. 
A Campanha da Fraternidade 2012 objetiva uma grande mobilização pela melhoria na saúde pública. A conquista dessa Lei de Iniciativa Popular, agora, no seu passo primeiro e decisivo, precisa de uma volumosa coleta de assinaturas. É importante uma intensa participação de instituições educativas, religiosas, culturais, privadas e outras todas acionando a sua capilaridade, maior ou menor, coletando assinaturas, com informação simples dos dados pessoais como nome completo, endereço, números do título de eleitor, zona e seção. Pelo gesto concreto de cada cidadão pode-se alcançar o número de assinaturas exigidas para a tramitação do Projeto no Congresso. 
É muito simples assinar, com um gasto mínimo de tempo. Também é fácil conseguir, por uma razão tão nobre, outras assinaturas. A folha própria para isso pode ser impressa em casa. Está disponível na internet, em muitos sites, como no da Arquidiocese de Belo Horizonte (www.arquidiocesebh.org.br). É importante que cada um seja agente divulgador, com o empenho de conseguir uma quantia mínima de novas assinaturas. As folhas preenchidas podem ser encaminhadas a paróquias e a outras instituições que fazem parte desse Movimento Nacional em Defesa da Saúde Pública. Vamos trabalhar, incansavelmente, na busca pelo atendimento de saúde digno e de qualidade, importante anseio da sociedade, necessidade urgente dos mais pobres. 
Fonte: CNBB - Artigos dos Bispos

Temos uma lista em nossa paróquia, na matriz. Participe! Assine, informando o número de seu Título de Eleitor. Cada um de nós tem que fazer sua parte para uma saúde pública de qualidade. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Uma caminhada de fé

Nossa Senhora, conosco na caminhada!

“Naqueles dias, Maria se levantou, dirigindo-se, às pressas, às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel”. Lc 1, 39 – 40


Uma caminhada de cinquenta, oitenta, cem quilômetros ou mais, pode refletir o tamanho de nossa fé? Ou pode traduzir o tamanho de nossa gratidão? 
Quando saímos de nossa casa e nos colocamos em caminhada em direção a um santuário... Será que o que levamos em nosso coração pode ser respondido ou explicado por qualquer outra pessoa, por mais próxima que seja? 
Uma grande manifestação de fé, podemos observar na devoção ao Divino Pai Eterno, na Cidade de Trindade em Goiás, bem no inicio do mês de julho. Para lá se deslocam muitas pessoas movidas por um desejo e um objetivo de se chegar ao Santuário, uns para fazer um pedido a Deus, outros para agradecer uma graça recebida... 
Uma grande multidão de pessoas durante o mês de agosto se coloca em caminhada nas margens das rodovias que levam à cidade de Romaria, bem aqui, no nosso Triângulo Mineiro. 
Existem várias paróquias ou comunidades reverenciando Nossa Senhora da Abadia, presentes em quase todas as cidades do Triângulo Mineiro, e ainda assim tantas e tantas pessoas se colocam em caminhada, enfrentando sol, frio, poeira, risco de acidentes, preferindo ir ao Santuário da Cidade de Romaria. A elas se somam outras tantas pessoas que também se colocam, à beira da rodovia, nem sempre em caminhada, com o propósito de ajudar os que caminham, “dar assistência”. 
Quem já fez a experiência de fazer a mesma caminhada, sabe bem o que ela significa, e o significado de se chegar até o Santuário, seja ele o do Divino Pai Eterno, em Trindade, Nossa Senhora da Abadia em Romaria, Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, SP, e tantos outros centros de peregrinações. 
Provavelmente, ao tentarmos explicar o motivo que nos move a fazer tal experiência, jamais conseguiremos oferecer uma explicação racional ao entendimento de outrem. Porém, em nosso coração sabemos sim, quão grandioso foi, e é para nós. O que muitas vezes para mim tem a dimensão de um milagre, pode não ter o mesmo significado para outro. Um exemplo plausível, pode-se citar, é o da família do cantor Leonardo, que por diversas declarações manifestaram que consideraram um milagre a recuperação da saúde de Pedro Leonardo. Ele, que foi vitima de um grave acidente, apresenta-se em franca e rápida recuperação. Será que todas as pessoas consideram este fato um milagre, ou “um cuidado” bem sucedido da medicina e dos médicos ou uma abastada conta bancária capaz de sustentar despesas médicas, hospitalares, e etc? 
Talvez, se perguntassem a Maria ao encontrá-la caminhando por entre as montanhas em direção à uma cidade de Judá, para se encontrar com Isabel, o que a levava, às pressas por entre as montanhas, (Lc 1, 39) ela respondesse: “Estou indo ver Isabel, por que está grávida, conforme me disse o Anjo do Senhor” (Lc 1,36). Certamente, qualquer pessoa que a ouvisse dizer isso naquele momento diria: “que loucura desta mulher... andando por estes lugares... correndo risco!”. Porém, somente ela – Maria - sabia o significado daquela caminhada. 
Não precisamos procurar explicação para entender a fé de cada um, basta que deixemos que cada coração fale a Deus a respeito de sua fé. 

Nossa Senhora D’Abadia, rogai por nós!

Virmones Pereira de Miranda

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

15 de agosto - Assunção de Nossa Senhora

Maria, glorificada no corpo, mostra-se hoje como estrela de esperança para a Igreja e para a humanidade... A sua altura sublime não a afasta do seu Povo nem dos problemas do mundo, pelo contrário, permite-lhe vigiar de maneira eficaz sobre as vicissitudes humanas com a mesma solicitude atenciosa com que obteve de Jesus o primeiro milagre, durante as Bodas de Caná. 
Ao celebrar a sua Assunção ao Céu em corpo e alma, oramos a Maria para que ajude os homens e as mulheres do nosso tempo a viverem com fé e esperança neste mundo, procurando o Reino de Deus em todas as coisas; oxalá ela ajude os crentes a abrirem-se à presença e à ação do Espírito Santo, Espírito Criador e Renovador, capaz de transformar os corações; ilumine as mentes acerca do destino que nos espera, da dignidade de cada pessoa e da nobreza do corpo humano. (Papa João Paulo II)

sábado, 11 de agosto de 2012

Clara de Assis: valores evangélicos e humanos

Frei Fernando de Araújo, OFMConventual
No documento da proclamação do oitavo centenário do nascimento de Santa Clara de Assis, os quatro Ministros Gerais (OFM, OFMConv., OFMCap., TOR), convocaram todos os franciscanos e franciscanas a mergulharem profundamente nos valores fundamentais que fez de Clara de Assis uma mulher fora do comum para sua época. Os valores humanos e evangélicos que Clara encarnou em seu tempo, fazendo-se discípula do Evangelho e humilde plantinha do bem-aventurado Francisco, foram as grandes conquistas de Clara ao projeto de vida iniciado pelo pobrezinho de Assis. 
É importante destacar que Clara começou sua jornada espiritual de baixo para cima, ou seja, tendo recebido a herança espiritual de Francisco se consumiu totalmente na contemplação do amor de Deus pelos homens e mulheres e que o amadurecimento humano era uma condição para uma verdadeira experiência de Deus. 
Ao contemplá-Lo, de forma constante, percebeu a importância da vida, da presença de cada irmão e irmã, como também de toda criação. E esses valores estão sempre presentes na vida de Clara, pois ela, para progredir constantemente no discipulado do Senhor, precisou ter esses ideais para uma profunda contemplação do amor de Deus. 
Mas, o maior valor que Clara cultivou foi deixar tudo por Jesus Cristo! O abandono da casa paterna com todo o seu conforto, foi por Jesus Cristo. Deixar tudo para abraçar o Cristo pobre, humilde e crucificado foi o único e verdadeiro valor de sua vida. Por isso, ela O toma com esposo, como razão da sua existência. Não mais os pobres, mas o pobre; não mais oração, mas o encontro com Ele na oração! 
Por isso, na caminhada espiritual de Clara é preciso perceber os valores espirituais que ela vai adquirindo com o passar do tempo! Um valor importante que ela aprendeu com a convivência com Francisco foi a experiência do Crucificado. Tendo feito a experiência da cruz, Clara percebeu a pobreza como um valor indispensável na vida dela e na das demais companheiras. A pobreza proposta por Clara é a mesma que Francisco: “porque Jesus e sua Mãe foram pobres”. Ela não consegue ver Jesus Cristo senão como um pobre. Para isso, podem-se recordar os diversos passos de sua vida, como ela os vê no seu espelho de contemplação. Sua adesão maior foi na luta por não ter nada de próprio, como aprendeu com Jesus e Francisco. 
Outro ponto importante para essa mulher extraordinária era a contemplação que cultivava, pois sempre foi uma “porta segura” para abraçar a causa do Crucificado, sempre na ótica de Francisco de Assis. E a característica da contemplação de Clara é toda visual, como a de Francisco: é pelos olhos que ela abre as portas para que as imagens vivas do Senhor presente na natureza e nas pessoas arranquem de sua interioridade aquela figura do Crucificado Pobre que sobe desde as suas raízes mais profundas. 
Mas, para chegar a esta visão, Clara percebeu a beleza da vocação, que precisou ser cultivada a cada dia, com uma profunda intimidade com o Senhor. E tudo isso, porque ela enxergava em toda a vida a santidade, bem como toda existência humana, como uma resposta a vocação: dom constante de Deus que chamou à vida e ao qual se tem que querer corresponder diariamente, sempre crescendo do humano para o divino, para poder chegar ao princípio de tudo, que é Deus. 
E a resposta à vocação recebida é o louvor ao Criador, que Clara aprende de Francisco e ensina a todos. Como a de Francisco, a vida de Clara é uma explosão de louvor a Deus. Todos os seus escritos transbordam dessa alegria de que vive descobrindo a presença do amor em tudo, pois sabia que tudo que existia vinha das mãos bondosas do Criador. 
Estes foram alguns dos valores importantes existentes na vida de Clara de Assis, que a fizeram irradiar alegria e paz para todas suas companheiras e para todos. Por isso, olhando esses exemplos da fundadora das Damas Pobres, todos os homens e mulheres são convidados a cultivarem esses valores importantes para vida, principalmente o valor da gratidão a Deus pela existência.
(fonte:reflexoesfranciscanas.com.br)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

10 de agosto – São Lourenço, patrono dos diáconos

Fonte: Canção Nova
Nós festejamos, neste dia, a vida de santidade e martírio do Diácono que nem chicotes, algozes, chamas, tormentos e correntes puderam contra sua fé e amor ao Cristo. Lourenço, espanhol, natural de Huesca, foi um Diácono de bom humor que servia a Deus na Igreja de Roma durante meados do Século III. 
 Conta-nos a história que São Lourenço como primeiro dos Diáconos tinha grande amizade com o Papa Sisto II, tanto assim que ao vê-lo indo para o martírio falou: "Ó pai, aonde vais sem o teu filho? Tu que jamais ofereceste o sacrifício sem a assistência do teu Diácono, vais agora sozinho, para o martírio?". E o Papa respondeu: "Mais uns dias e te aguarda uma coroa mais bonita!". São Lourenço era também responsável pela administração dos bens da Igreja que sustentava muitos necessitados. 
Diante da perseguição do Imperador Valeriano, o prefeito local exigiu de Lourenço os tesouros da Igreja, para isto o Santo Diácono pediu um prazo, o qual foi o suficiente para reunir no átrio os órfãos, os cegos, os coxos, as viúvas, os idosos... Todos os que a Igreja socorria, e no fim do prazo - com bom humor - disse: "Eis aqui os nossos tesouros, que nunca diminuem, e podem ser encontrados em toda parte".
Sentindo-se iludido, o prefeito sujeitou o santo a diversos tormentos, até colocá-lo sobre um braseiro ardente; São Lourenço que sofreu o martírio em 258, não parava de interceder por todos, e mesmo assim encontrou - no Espírito Santo - força para dizer no auge do sofrimento na grelha: "Vira-me que já estou bem assado deste lado".
Roma cristã venera o santo espanhol com a mesma veneração e respeito com que honra seus primeiros Apóstolos. Depois de São Pedro e São Paulo, a festa de São Lourenço foi a maior da antiga liturgia romana. O que foi Santo Estevão em Jerusalém, isso mesmo o foi São Lourenço em Roma.
São Lourenço, rogai por nós! 

Nossa oração por todos os diáconos, em especial, pelo querido Diácono Antônio Falleiros, que atua em nossa comunidade, servindo e evangelizando com dedicação e responsabilidade. Rezemos também pelo Diácono Ubirajara, amigo de nossa comunidade, que sempre esteve ao nosso lado e que, atualmente, se recupera de uma cirurgia. Que o Senhor fortaleça com a graça do Espírito Santo todos os diáconos, para que desempenhem com alegria e fidelidade a missão a eles confiada. São Lourenço, diácono e mártir, intercedei pelos diáconos, servos do povo de Deus!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

800 anos do Carisma Clariano

As Irmãs Clarissas do Mosteiro Monte Alverne, em Uberlândia, convidam para as festividades em honra a Santa Clara de Assis, quando celebram o Jubileu de 800 anos de fundação da Ordem das Clarissas. 
7, 8 e 9 de agosto - Tríduo com a Santa Missa às 19:30h
10 de agosto - Glorioso Trânsito de Santa Clara - 19:30h
11 de agosto - 19:30h - Solenidade de Santa Clara
19 de agosto - Tarde Clariana, das 15 às 17h - confraternização com os grupos de oração "Família Santa Clara" e Cantata de Santa Clara

domingo, 5 de agosto de 2012

Oração pelos sacerdotes

Senhor Jesus, que naquele dia memorável, instituístes o sacerdócio, a fim de permanecerdes entre nós pelo ministério sacerdotal, nós vos pedimos neste dia, pelos padres do mundo inteiro. Dai-lhes amor e fidelidade para que possam desempenhar com dignidade a tarefa maravilhosa para a qual foram chamados. 
Enviai-nos santos padres, dedicados, fervorosos e fiéis à sua vocação! 
Pedimos-vos, especialmente, por todos os padres de nossa Diocese, pelo nosso bispo Dom Paulo, que conduz a Igreja em Uberlândia e pelo querido padre Flávio, que está à frente de nossa paróquia. Que o Senhor os abençoe, ilumine e fortaleça na difícil missão para a qual foram chamados, no pastoreio do povo de Deus, levando o Pão da Palavra e da Eucaristia àqueles que deles necessitam. 
Pedimos-vos, também, pelo nosso amado Padre Antônio, que o Senhor chamou para junto de Si. Que pelo seu exemplo de dedicação e amor, muitos jovens se sintam chamados a vocação sacerdotal. Louvamos e agradecemos a vós, Senhor, pela vida do Padre Antônio, por sua presença em nossa comunidade e pelo testemunho que ele deixa para os padres de hoje e os que ainda virão. 
Maria, nossa Mãe e Rainha dos Sacerdotes, protegei-os, guiai-os e intercedei por eles junto ao vosso Divino Filho, Jesus. Amém!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

2 de agosto - Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula: o perdão de Assis


Carta do Papa João Paulo II sobre a Porciúncula  (sempre atual!)

Ao Reverendíssimo Padre 
Giacomo Bini
Ministro geral
da Ordem Franciscana dos Frades Menores 

1. A reabertura da Basílica e da Capela da Porciúncula, após os restauros realizados em conseqüência do terremoto de 1997, oferece-me a agradável oportunidade de dirigir uma afetuosa saudação a você, Irmão amado, e à Comunidade franciscana que, em Assis, desempenha um precioso serviço eclesial e zela pelo decoro dos lugares caros à memória do 'Poverello' de Assis e pelos fiéis e peregrinos que chegam à terra de Francisco e Clara para uma experiência espiritual intensa. Os pés dos fiéis se detêm às portas de Assis, que, por tantas maravilhas de misericórdia ali realizadas, com razão é definida como “cidade predileta do Senhor (LegSC 21). 
Hoje, a Capela da Porciúncula e a Patriarcal Basílica que a guarda reabrem suas portas para receber as multidões de pessoas atraídas pela saudade e pelo fascínio da santidade de Deus, copiosamente manifestada no seu servo Francisco. O Poverello acreditava que “a graça divina podia ser concedida aos eleitos em todos os lugares; mas sabia, por experiência, que o lugar de Santa Maria da Porciúncula estava repleto de uma graça mais fecunda [...] e, por isso, muitas vezes dizia aos frades: [...]Este lugar é verdadeiramente santo, morada de Cristo e da Virgem, sua Mãe” (EspPf 83). Para Francisco, a humilde e pobre igrejinha tornou-se a imagem de Maria Santíssima, a “Virgem feita Igreja” (SaudVM 1), uma humilde e “pequena porção do mundo” (2Cel 18), mas indispensável para que o Filho de Deus se fizesse homem. Por isso o Santo invocava Maria como tabernáculo, casa, manto, serva e Mãe de Deus (cf. SaudVM 4-5). 
Exatamente na Capela da Porciúncula, que ele havia restaurado com as próprias mãos, Francisco, iluminado pelas palavras do capítulo 10 do Evangelho de Mateus, decidiu abandonar a precedente breve experiência eremítica, para dedicar-se à pregação entre o povo, “com a simplicidade de sua palavra e a generosidade de seu coração”, como atesta o primeiro biógrafo, Tomás de Celano (1Cel 23). Assim, deu início a seu típico ministério itinerante. Mais tarde, é na Porciúncula que se dá a vestição de Santa Clara e se funda a Ordem das “Pobres Damas de São Damião”. Aqui também, Francisco impetrou de Cristo, mediante a intercessão da Rainha dos Anjos, o grande perdão ou “indulgência da Porciúncula”, confirmada por meu venerável Predecessor, o Papa Honório III, a partir de 2 de agosto de 1216. A partir de então teve início a atividade missionária, que levou Francisco e seus frades a alguns países muçulmanos e a várias nações da Europa. Aqui, enfim, cantando, o Santo recebeu “nossa irmã a Morte corporal” (CantS 12). 

2. A igrejinha da Porciúncula conserva e difunde uma mensagem e uma graça muito especiais da experiência do Poverello de Assis; mensagem e graça que perduram até hoje e que constituem uma fonte de apelo espiritual para os que se deixam fascinar por seu exemplo. Nesse sentido, é importante o testemunho de Simone Weil, a filha de Israel fascinada por Cristo: “Enquanto estava sozinha na pequena capela românica de Santa Maria dos Anjos, incomparável milagre de pureza e onde Francisco rezou tantas vezes, pela primeira em minha vida, alguma coisa mais forte do que eu me obrigou a ajoelhar-me” (Autobiografia espiritual). 
A Porciúncula é um dos lugares mais veneráveis do franciscanismo, caro não só à Ordem dos Menores, mas também a todos os cristãos que aqui, como que esmagados pela intensidade das memórias históricas, recebem luz e estímulo para uma renovação de vida, sob o sinal de uma fé mais enraizada e de um amor mais genuíno. Por isso, para mim é muito caro destacar a mensagem especial que brota da Porciúncula e da indulgência a ela ligada. É uma mensagem de perdão e de reconciliação, isto é, de graça, que, se estivermos bem dispostos, a bondade divina derrama sobre nós, porque Deus é verdadeiramente “rico em misericórdia” (Ef 2,4). Como não reavivar diariamente em nós a humilde e confiante invocação da redentora graça de Deus? Como não reconhecer a grandeza desse dom que ele nos ofereceu em Cristo “uma vez para sempre” (Hb 9,12) e nos repropõe continuamente com imutável bondade? É o dom do perdão gratuito, que nos dispõe à paz com Ele e com nós mesmos, infundindo-nos renovada esperança e alegria de vida. Considerando tudo isso, é fácil compreender a austera vida de penitência de Francisco e por que somos convidados a ouvir o apelo a uma constante conversão, que nos separe de uma conduta egoísta e, com decisão, oriente nosso espírito para Deus, ponto focal de nossa existência. 

3. Tenda do encontro de Deus com os homens, o Santuário da Porciúncula é casa de oração. “Quem rezar com devoção neste lugar conseguirá o que pedir” (1Cel 106), gostava de repetir Francisco, depois que pessoalmente havia feito experiência disso. Dentro dos velhos muros da pequena igreja, todos podem saborear a doçura da oração em companhia de Maria, a mãe de Jesus (cf. At 1,14), e experimentar sua poderosa intercessão. Naquele edifício restaurado com suas mãos, o homem novo Francisco ouviu o convite de Jesus que o chamava a modelar a própria vida “segundo a forma do santo Evangelho” (Test 14) e a percorrer as estradas dos homens, anunciando o Reino de Deus e a conversão, em pobreza e alegria. Dessa forma, aquele lugar santo se tornara, para Francisco, “a tenda do encontro” com o próprio Cristo, Palavra viva de salvação. A Porciúncula é, particularmente, “terra do encontro” com a graça do perdão, que amadureceu numa íntima experiência de Francisco que, como escreve São Boaventura, “um dia, quando, [...] a chorar, deplorava amargamente os anos passados, sentiu-se invadido pela alegria do Espírito Santo e teve a certeza de que seus pecados tinham sido plenamente perdoados” (LegM III,6). Querendo que todos participassem de sua pessoal experiência da misericórdia de Deus pediu e obteve a indulgência plenária para aqueles que, arrependidos e confessados, peregrinassem à igrejinha para receber a remissão dos pecados e a superabundância da graça divina (cf. Rm 5,20). 

4. A todos que, em autêntica atitude de penitência e reconciliação, seguem as pegadas do Poverello de Assis e recebem a indulgência da Porciúncula com as requeridas disposições interiores, desejo que experimentem a alegria do encontro com Deus e a ternura do seu amor misericordioso. Este é o “espírito de Assis”, espírito de reconciliação, de oração, de respeito mútuo que, de coração, espero que seja para todos um estímulo à comunhão com Deus e com os irmãos. É o mesmo espírito que marcou o encontro de oração pela paz com os representantes das religiões do mundo, que acolhi na Basílica de Santa Maria dos Anjos, a 27 de outubro de 1986; um acontecimento do qual guardo uma viva e grata recordação.Com estes sentimentos, também eu me dirijo em peregrinação espiritual para esta celebração da indulgência da Porciúncula na restaurada Basílica da Bem-aventurada Virgem, Rainha dos Céus, na iminência do Grande Jubileu da encarnação de Cristo. A Nossa Senhora, filha eleita do Pai, confio aqueles que em Assis e em todas as partes do mundo querem receber hoje o “Perdão de Assis”, para fazer do próprio coração uma morada e uma tenda para o Senhor que vem. 
A todos a minha bênção, Castel Gandolfo, 1° de agosto de 1999, vigésimo primeiro de Pontificado.
Fonte: (franciscanos.org)



ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DOS ANJOS

Ó Nossa Senhora dos Anjos, na pequena Igreja da Porciúncula, São Francisco recebeu as vossas bênçãos generosas juntamente com sua Ordem.

Ele depositara na vossa presença materna uma grande confiança e devoção, sendo atendido em seus pedidos. Continuai a dispensar os vossos favores sobre nós e sobre nossas necessidades particulares.

Nós vos suplicamos, dai-nos a graça da penitência dos pecados, a correção de nossas más inclinações e fortalecimento nos momentos de fraqueza. Quantos recusam a salvação e preferem caminhar nas trevas do erro! Tudo é possível para aquele que crer, para aquele que se arrepender!
Vós, ó Mãe, manifestastes a São Francisco o grande desejo de reconciliar os pecadores com Jesus, que se entregou em uma cruz para nos salvar. Rogai por nós, agora e na hora de nossa morte. Por isso, com todos os anjos do céu, vos saudamos: Ave Maria …