quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Tríduo Pascal


É significativo que entre os Padres da Igreja, tanto santo Ambrósio quanto santo Agostinho concebam o tríduo pascal como unidade que abarca tanto o sofrimento quanto a glorificação de Jesus. Assim, o Bispo de Milão, em um de seus escritos, refere-se aos três sagrados dias como os “três dias nos quais ele sofreu, desceu ao túmulo e ressuscitou, os três dias sobre os quais disse: ‘destruam este templo e em três dias eu o porei de pé’.” Santo Agostinho, em uma de suas cartas, refere-se aos “três mais sagrados dias de sua crucificação, sepultamento e ressurreição.” ...
Estes três dias, a começar da missa vespertina na quinta-feira santa e terminando na oração da tarde do domingo de Páscoa, formam unidade e como tal devem ser vistos. Segue-se que a Páscoa, a passagem cristã, consiste essencialmente em celebração de três dias, abarca tanto o lado sombrio quanto radiante do mistério salvífico de Cristo. Indo mais além, estes três dias são as diferentes fases do mistério pascal. O tríduo pascal pode ser comparado a um tríptico: três gravuras, cada qual representando parte da cena, juntas formando unidade: cada gravura é completa, mas precisa ser vista em relação com as outras duas.
Interessante nesta ligação é o fato de a sexta-feira e o sábado santo não pertencerem oficialmente à época da Quaresma. Segundo o Calendário Romano Geral, o tríduo pascal começa  com a missa vespertina da ceia do Senhor, tem seu ponto alto na vigília pascal e se encerra com a oração da tarde do domingo de Páscoa.
A unidade do mistério pascal tem algo importante a nos ensinar: que à tristeza não se segue simplesmente a alegria. Jesus usa muitas imagens para expressa isto, por exemplo: na última ceia disse aos apóstolos: “Vós vos entristecereis, mas a vossa tristeza se transformará em alegria” (Jo 16,20). Como se a tristeza fosse um dos ingredientes com os quais a alegria seria feita.
Outras imagens também vêm à mente, Todo o ciclo da natureza fala da vida que subsiste à morte: “Se o grão de trigo cai na terra e não morre, permanece apenas um simples grão: mas, se morre, produz rica colheita” (Jo 12,24).
A Páscoa é nossa passagem, passagem da morte à vida, das trevas à luz, do jejum ao banquete. Nosso Senhor disse: “Quando tu jejuares, perfuma tua cabeça e lava teu rosto” (MT 6,17). O jejum é o começo da festa.
O sofrimento não é bom em si, por isso não deve ser buscado por sua própria causa. O enfoque cristão sobre ele é positivo e realista. Na vida de Cristo e, sobretudo, na cruz, vemos seu valor redentor. O crucifixo não pode ser nunca apenas dolorosa lembrança do que Cristo sofreu por nós. É objeto no qual podemos nos gloriar, porque transfigurado pela glória da ressurreição.
Em nossas próprias vidas, alegria e tristeza se misturam. Evitar dor e tristeza a todo custo, para buscar alegria e prazer por causa deles mesmos, ambas as atitudes são errôneas. O caminho cristão é iluminado pelo ensinamento e exemplo de Cristo. É o caminho da cruz, que é também o caminho da ressurreição; é auto-esquecimento, um perder-se pela causa de Cristo, é a vida subsistindo à morte. O mistério pascal, que celebramos durante estes dias do tríduo, é o modelo e o programa que devemos seguir em nossas próprias vidas. (Adaptação de trecho do livro Quaresma e Semana Santa, Vincent Ryan, osb)

Um comentário:

Maria Lúcia França disse...

Mistério Pascal, é a vida de Jesus Ressuscitado em mim, é a minha vida em Jesus Ressuscitado!

PAZ E BEM!