sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Três coisas a recordar quando você quer compartilhar a sua fé com um cristão não católico

Fonte: Aleteia

Ser católico é ser apaixonado

1. Seja humilde

Não confunda humildade com indecisão. Para o mundo de hoje em dia, acreditar que algo é verdade significa ser arrogante; compartilhar a fé significa ser grosseiro. A busca da verdade se vê rapidamente diante de acusações ad hominem.

Deixe que insultem. Seja grato ao ser caluniado por causa de Cristo. Deixe que Deus faça o trabalho através de você. G.K. Chesterton dizia que, em nossa época, as pessoas são consideradas humildes não quando duvidam de si mesmas, e sim quando duvidam que alguma coisa seja verdade.

Deixe que o insultem – mas não omita a fé “transmitida aos crentes de uma vez por todas” (Jd 1, 3).

Talvez ninguém ache você “gentil” por compartilhar a sua fé católica, mas amor e gentileza não são a mesma coisa. Aliás, há muitas doutrinas “gentis” – mas isso não é uma medida da sua verdade.

2. Seja bíblico

Mas leia a Bíblia com a Igreja. Não partilhe a sua interpretação pessoal com os não católicos. Partilhe a interpretação da Igreja católica. É graças à Igreja católica que sabemos, por exemplo, que a segunda carta de Paulo a Timóteo é parte legítima da Bíblia, e, justamente nessa carta, Paulo diz que a Escritura é “inspirada por Deus e útil para ensinar, convencer, corrigir e formar na justiça” ( 2 Tm 3, 16). Ao chamá-la de “útil”, Paulo indica que a Escritura pode e deve ser “usada”.

Se a ideia da “sola scriptura” fosse verdadeira, por que os apóstolos, evangelistas e padres da Igreja não teriam conhecimento dessa suposta doutrina? Jesus não prometeu aos seus seguidores que, um dia, centenas de anos após a sua ascensão, uma coletânea de textos seria fielmente copiada e traduzida para que qualquer pessoa alfabetizada pudesse abri-la e interpretar suas palavras como base da verdade. Não. Jesus instituiu uma Igreja, uma Igreja apostólica, para levar adiante a sua missão de proclamar a verdade (Mt 16, 17-19; Lc 10, 16; Jo 16, 13; 17, 20; 20, 21-23; Atos 1, 20). De acordo com a própria Bíblia, a Igreja é a coluna e a base da verdade (1 Tm 3, 15). Escrito por católicos para católicos, canonizada por católicos, traduzida e preservada por católicos, a Bíblia é o livro da Igreja católica.

O eunuco etíope não conseguia entender a Bíblia sozinho. Felipe lhe explicou as Escrituras e pediu-lhe não para recitar a oração do crente, mas para ser batizado (Atos 8, 26-39). Filipe era um dos sete nomeados pelos doze apóstolos para cuidar da Igreja nascente (Atos 6, 1-6; 21: 8). Ele foi à Samaria para pregar e realizar milagres (Atos 8, 4-6). Converteu o mago Simão (Atos 8, 9-13) e, no fim, viveu em Cesareia (Atos 21, 8). Suas quatro filhas tinham o dom da profecia (Atos 21, 9).

Seja como Felipe. Abra as Escrituras com os não católicos. Ensine-os, mas também esteja disposto a aprender com eles. Os cristãos não católicos conhecem e amam a Bíblia. Mas a leem a partir de outros pressupostos e usam outros “óculos doutrinais”. Assim como o eunuco etíope, eles não receberam ainda a explicação da Igreja católica sobre aquilo que estão lendo. Eles ainda não tiveram a alegria de contar com a autoridade da única Igreja santa, católica e apostólica de Cristo. Como Felipe, o seu trabalho é compartilhar a verdade do ensinamento da Igreja sobre a humildade.

3. Ore

A oração faz muito mais do que a persuasão. No esforço de compartilhar a verdade da transubstanciação, por exemplo, você pode analisar Apocalipse, I Coríntios 10 e João 6 – e pode não ser suficiente. Você pode apelar para os paralelos entre o Antigo Testamento e o testemunho dos Padres da Igreja – e pode não ser suficiente.

A verdade, afinal, é um dom de Deus. A sabedoria é um dom de Deus (Ef 1, 17). A fé é um dom de Deus (1 Tm 1, 14). O amor é um dom de Deus (1 Ts 3, 12 ). A salvação é um dom de Deus (Ef 2, 8). E os bispos católicos são simplesmente administradores dos dons de Deus (2 Tim 2, 2). Você tem que orar para deixar que Deus aja através da sua Igreja. Todo dom perfeito vem do alto (Tiago 1, 17).

Ore. Dedique-se à apologética, à hermenêutica e à história da Igreja, mas não antes de ficar de joelhos. “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12, 12). Compartilhe a fé católica em palavras e atos, mas, antes, ore. “Perseverai em oração e vigiai dando graças” (Col 4, 2). Não lute antes contra a ignorância e a indiferença, mas contra os gigantes do orgulho e da soberba. Longe de Cristo, nada podemos fazer (Jo 15, 5). Então, por que não oramos?

Conclusão

Ser católico é ser apaixonado. O amor pela Trindade e pela Igreja flui no amor por todos. O católico que ama não pode deixar de compartilhar a fé.

Deus é o tesouro. Você é só o vaso. Ele é a água viva. Você é só mulher junto ao poço. A Trindade é a fonte da alegria eterna, o princípio e o fim. Você é só o dedo indicador.

A Igreja católica existe para dar glória ao Deus uno e trino unindo-se a Cristo em sua missão de salvação. Somos chamados não somente para compartilhar a boa notícia de Jesus com toda pessoa no mundo, mas também para encorajar todos a acreditarem, e não só acreditarem, mas também a serem batizados; e não só a serem batizados, mas também a crescerem na plena estatura de Cristo através das obras e da graça sacramental de Deus. É um início completamente novo. Deus recria toda pessoa a partir de dentro, para a sua máxima alegria e para a glória divina.

Seja humilde e confiante. Seja bíblico e católico. Ore. E, assim, acima de tudo, ame (Jo 13, 35).
De Tyler Blanski, em “The Catholic Gentleman”

domingo, 25 de outubro de 2015

Por que o Papa Francisco sempre leva flores para Nossa Senhora?

Fonte: Aleteia

Durante a visita do Papa Francisco aos Estados Unidos, cada vez que ele entrava em uma igreja (antes de fazer qualquer outra coisa), levava um ramo de flores à capela dedicada a Nossa Senhora.

Eu me converti recentemente ao catolicismo. Não fui criada na tradição de festas de maio dedicadas a Maria nem entendia o costume de oferecer presentes materiais a uma representação artística dela.

No último dia da visita do Papa aos EUA, depois da missa em meu bairro, decidi fazer uma visita a Maria. Eu havia visto mulheres idosas, especialmente filipinas, e sabia aonde ir. Ajoelhei-me diante da imagem de Maria com o Menino Jesus e a observei.

Sinceramente, eu esperava ver apenas gesso branco, mas fiquei impressionada ao ver que Maria parecia olhar para mim através daquela imagem, com uma expressão maternal e a mão livre aberta como se fosse um convite.

Está claro: estas imagens criadas por artistas pretendem nos surpreender e estimular nossa imaginação, para que possamos contemplar Maria como nossa mãe. As imagens de Maria nos recordam que Ela é nossa mãe, mãe de Jesus. E a resposta correta é a reverência.

Que bom filho é o Papa Francisco, que oferece flores à sua Mãe!

As flores a Maria são um sinal da nossa gratidão pelo seu papel na história da salvação.

Por que oferecer flores? As flores são um presente divino da natureza. E nós precisamos desse aspecto físico e visual para nos unir àquilo que vai além da nossa humanidade, além do nosso mundo.

Oferecer um presente material vai além das palavras e orações. É a expressão de gratidão de um filho a uma boa mãe, que quer somente o melhor para nossas almas.

Ao ver as flores diante de uma imagem de Maria, recordamos seu amor por nós, e esse amor traz grande beleza e esperança às nossas vidas.

As flores são uma lembrança física, um símbolo da realidade espiritual da nossa relação com Nossa Senhora.

As homilias e discursos pronunciados pelo Papa Francisco em sua visita aos Estados Unidos oferecem muito material para nossas reflexões e inspirações. Igualmente, o exemplo desta simples e constante homenagem a Maria me deixam muito mais rica espiritualmente do que era antes.

E você, já levou flores a Nossa Senhora? O que está esperando?

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O que significa a palavra “amém”?

Fonte: Ecclesia

Seu significado é tão concreto e especial que não tem correspondência exata em outros idiomas


“Amém” é uma palavra cujo uso na língua hebraica é muito antigo. Do ponto de vista etimológico, “amém” deriva do verbo “aman”, usado para reforçar ou confirmar algo. Basicamente, significa “que conste”, “em verdade”.

Esta palavra não tem equivalência exata nas línguas ocidentais. O seu significado tem de ser entendido como uma resposta de confirmação a algo que é considerado firme, estável, imutável. É por isto que a tradição judaico-cristã manteve esta palavra inalterada, sem traduzi-la: qualquer tradução empobreceria o sentido original da palavra, que, em sentido estrito, só pode ser dita em referência a Deus.

Estendido ao cristianismo, o termo “amém” é muito usado na Bíblia para afirmar que algo “tem de ser”. A palavra é também uma das aclamações litúrgicas mais frequentes como fórmula para encerrar as orações, significando “assim seja”.

Pronunciar a palavra “amém” é proclamar que se tem por verdadeiro o que acaba de ser dito, com o objetivo de ratificar uma proposição ou unir-se a ela. No âmbito do culto religioso, significa que a assembleia “está de acordo” com o que é celebrado e afirmado.

A expressão é usada pelo próprio Jesus nos evangelhos para iniciar um discurso, dando-lhe a conotação de solidez e contundência. É por isso que Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo”.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Mais um casal de santos no céu!

Fonte: Cléofas


A canonização dos pais de Santa Teresinha do Menino Jesus

Uma preocupação do Papa são João Paulo II era a canonização de casais santos que muitas vezes não são notados. Nos acostumamos com santos apenas padres ou freiras; mas há muitos santos casados. O Papa falava em mostrar aos casais que o casamento é uma via fértil de santidade dos esposos. Então, ele queria beatificar e canonizar casais que fossem para os esposos exemplos de vida santa e intercessores no céu. A luta dos casais católicos para se manterem fiéis um ao outro por toda a vida, educando os filhos na fé do Cristo e da Igreja, torna-se uma “escola de santidade”, como foi com o casal Luis Martín e Maria Zélia,pais de Santa Teresinha.

São Paulo disse que a mulher santa, santifica seu esposo, e comparou o matrimônio com a união de Cristo e a Igreja. “Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5,25). É esse amor de um pelo outro, que vai até à entrega da própria vida, que santifica o casal.

Neste domingo (18/10/2015) o Papa Francisco canonizou os pais de Santa Teresinha.

É a primeira vez que um Papa canoniza ao mesmo tempo um marido e sua esposa. Outros casais já foram canonizados, mas em datas diferentes.

Disse o Papa Francisco na homilia de canonização deles que : “Os Santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus.

O testemunho luminoso destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos, confiando na ajuda de Deus e na proteção materna de Maria. Que eles, do Céu, velem sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão”.

Outros casais já foram canonizados, como: Santos Aurélio e Natália; Feliz e Liliosa; Santa Margarida e Malcolm Camore, reis da Escócia; São Luiz IX, rei da França e sua esposa Margarida de Proença; São Tomás More e Santa Jane Colt; Santa Francisca Romana e Lourenço de Ponziani e outros beatos e veneráveis.

O nosso Catecismo, quando fala da canonização dos santos diz:

“Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solene que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores. “Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja.” Com efeito, “a santidade é a fonte secreta e a medida infalível de sua atividade apostólica e de seu elã missionário”.(n.828)

Luís e Zélia Martin casaram-se em 1858. Ambos haviam aspirado entrar para a vida religiosa. De caráter contemplativo, mais silencioso, Luís, nascido em Bordéus, França, aos 22 de agosto de 1823 sonhara em ser monge cartuxo. Não foi aceito porque não sabia latim. Voltou a Alençon, onde residia com os pais, e aí montou uma relojoaria. Zélia tentou ser religiosa visitandina, mas a Superiora logo intuiu que a jovem não era chamada à vida religiosa. Ambos foram levados a desistir da vocação religiosa. Após o casamento, permaneceram convivendo como se fossem monges. Um confessor convenceu-os a ter filhos e, assim preparar almas para o céu.

Alençon é, na França, a capital da confecção de rendas; Zélia cursara a Escola de rendeiras e, aos 22 anos, estabelecera-se por conta própria. Ao casar, havia cinco anos que fabricava rendas. O seu negócio prosperava. O negócio de Luís era algo mais do que estagnante. Não demora em desistir da relojoaria e pôr-se a serviço da esposa. Como tantas mulheres modernas, em toda sua vida Zélia acumulara as tarefas de mulher, de mãe e de trabalhadora.

Eles tiveram nove filhos, sete meninas e dois meninos. Zélia intercedia por eles: “Senhor, dá-me muitos filhos, e que eles sejam todos consagrados a ti”. Oração atendida integralmente, pois cinco filhas serão religiosas!

Não havia nada de extraordinário na vida deste casal cristão. Sua vida é simples, decididamente voltada para Deus, que está no centro: missa diária, devoção ao Sagrado Coração de Jesus, participação em alguns movimentos de igreja… Seu amor é profundo. “Estou ansiosa para estar perto de ti, meu querido Luís” – escreve Zélia durante uma viagem. “Eu te amo de todo meu coração e ainda agora sinto redobrar minha afeição pela experiência da privação de tua presença.” Eles se completam harmoniosamente, tomam juntos as decisões importantes referentes ao casamento e ao trabalho. São generosos com os pobres e os infelizes.

Os dois têm um grande desejo de ser santos. Para isso, vivem com fidelidade suas obrigações de estado, exercendo seu trabalho e dando o melhor de si para a educação de seus filhos.

Eles experimentam a provação de perderem dois filhos e duas filhas ainda criancinhas. Uma de suas filhas, Leônia, manifesta um caráter difícil e lhes dá preocupações. Mas isso não altera, em seus pais, a confiança em Deus, que redobram as orações por ela: “Quanto mais percebo sua dificuldade, mais eu me convenço de que o Bom Deus não permitirá que ela permaneça nesse estado. Vou rezar tanto que Ele se abrandará”. Esta oração será atendida pois Leônia será também religiosa visitandina e é considerada, entre as Martin, como a que melhor entendeu e viveu a pequena Via de sua irmã Teresa.

Desde 1864, Zélia começou a sentir os primeiros sintomas do câncer de mama que a levará para Deus em 1877. Ela assume com coragem sua doença e se dedica a seus filhos e a seu trabalho até o fim. Ela fala em viver simplesmente o instante presente, que é onde Deus se revela, dando-nos uma lição de confiança: “Eu me resigno a todos os acontecimentos adversos que me vêm ou que me podem vir. Eu penso: foi Deus quem quis assim! E não penso mais nisso!”. Zélia morre com 46 anos em 28 de agosto de 1877. Teresa tem 4 anos e meio.

Depois de sua morte, Luís se muda para Lisieux, para casa Buissonnets. Ele vendeu todos os seus negócios e dedicou-se inteiramente à educação de suas cinco filhas. Primeiro Paulina, primogênita, depois Maria, entraram no Carmelo. Teresa anuncia-lhe o desejo de ir também. Apesar da dor da separação, Luís apoia totalmente a escolha de sua filha.

Luís Martin tem consciência de todas as graças que recebeu do Senhor. Ele conta a suas filhas que faz esta oração: “Senhor, é demais! Sim, sou muito feliz. Mas não é possível ir ao céu desta maneira. É preciso que eu sofra um pouco por Vós…”. E ele se oferece. Pouco tempo depois ele experimenta a terrível humilhação da doença mental, consequência de uma arteriosclerose. Ele é internado no Bom Salvador em Caen, um hospital onde se tratam os loucos. Mais tarde Teresa compreenderá que Deus permitia esta dolorosa provação para sua glória e de seu pai. Assim, ela pôde escrever: “Os três anos do martírio de meu pai pareceram-me os mais amáveis, os mais frutuosos de toda nossa vida. Eu não os trocaria por todos os êxtases e as revelações dos santos.” (MS A 73rº). Em 29 de julho de 1894, Luís Martin morreu tranquilamente.

Zélia disse em uma carta:

“Ao ter filhos, nossas ideias mudaram muito; não vivíamos senão para eles, estando ai a nossa felicidade, e em nenhuma outra parte , fora deles, encontramo-la. Enfim, nada mais nos custava; o mundo já não nos preocupava. Tal era a minha grande compensação; eu também desejei ter muitos filhos para educa-los para o céu”.

Um dia ela escreveu: “Meu marido é um santo”. Santa Teresinha nasceu quando Zélia tinha 41 anos, já doente e fragilizada. Ela disse: “Quando medito… que depositei toda a minha confiança em Deus e que coloquei em suas mãos os cuidados das minhas coisas e as do meu marido, não posso duvidar de que sua divina Providência vela com especial cuidado de meus filhos”.

Os dois iam a Missa todos os dias e rezavam com a família as orações diárias aos pés de uma imagem da Virgem Maria.

Que neste dia especial, inspirados pelo exemplo de Luís Martín e Maria Zélia, peçamos a Deus que nasçam muitos outros casais santos, dispostos a lutar pela vida, por Deus e pela Igreja!

Contemos sempre com estes nossos intercessores no Céu.

São Luís Martin e Santa Maria Zélia Guérin, rogai por nós!

Prof.Felipe Aquino

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Foto viral: menino reza com super-heróis e comove redes sociais

Fonte: ACI Digital

Foto: Maria Juliana Escallon / Instagram

Esta foto deu a volta ao mundo em poucos dias, porque muitas páginas e comunidades católicas compartilharam-na sem cessar nas redes sociais. Trazemos alguns detalhes da história desta imagem viral.

Ocorreu há alguns dias em Bogotá, Colômbia. O menino se chama Pablo, tem 2 anos e meio, é o mais novo de três irmãos, que recentemente pediu ao seu pai para brincar com seus super-heróis e com Jesus.

“Seu papai lhe disse que os super-heróis deviam pedir a Jesus que lhes dessem seus superpoderes, e em seguida, ele pôs seus bonecos nessa posição e ficou ao lado deles e começou a rezar a Jesus”, relatou Maria Juliana Escallon, madrinha de Pablo, ao Grupo ACI.

A foto foi feita por Diego, pai de Pablo. Maria Juliana compartilhou a imagem no Instagram e nunca imaginou que esta se tornaria tão popular.


Por que os muçulmanos amam Santa Teresinha

Fonte: Zenit

Frei Patricio Sciadini OCD, superior carmelita no Egito, explica essa relação

São já 6 anos que vivo no Egito. É claro que não posso esquecer do Brasil que me “deseducou” de um certo estilo italiano formal, rígido e me educou a uma liberdade de coração que me ajuda a ser eu mesmo. Mas no Egito aprendi a viver a minha fé com alegria num mundo onde somos minoria. O Egito é o berço do monaquismo, fonte da espiritualidade dos padres do deserto que ensinam a sabedoria que não tem idade, sempre velha e sempre nova. No Egito, nós carmelitas temos uma grande e bela basílica estilo bizantino dedicada a Teresa do Menino Jesus. Normalmente durante o ano é quase vazia pelo escasso números dos católicos, mas todos os dias há um “pinga pinga” de cristãos e de muçulmanos, especialmente mulheres que vem visitar, como ele dizem, Santa Teresinha do Menino Jesus. Sempre me pergunto por que os muçulmanos tem tanto amor a esta Santa, a qual é dedicada até uma estacão do metrô que passa bem perto da basílica? Por que esta monja que durante a sua vida pouco sabia do Egito? Embora ela o cite na sua poesia sobre a Virgem Maria quando fala da fuga no Egito onde Jesus viveu, fugindo da ira de Herodes.

Tenho tentado perguntar o porquê e tenho recebido várias respostas. Uma delas é que um grande cantor egípcio muçulmano que estava doente, foi agraciado por Teresinha; falava dela com muito amor e ajudou na construção da basílica. Perguntei ao meu irmão Abuna Kirilo Makar e ele me disse que o cantor se chamava Abd El-Halim, sofria de varizes no esôfago e em 1957 devia fazer uma cirurgia perigosa. Visitando a basílica de Santa Teresinha, o frei Gabriel muito estimado e bom deu lhe uma medalhinha da santa e prometeu rezar por ele. O cantor foi a Inglaterra para fazer a cirurgia e no dia marcado fez novamente os exames e não houve mais a necessidade da cirurgia: foi uma coisa inexplicável. Ele voltou ao Egito, foi agradecer a Santa Teresinha, colocou uma placa por graça alcançada e nela escreveu: “graças a Deus e a Santa Teresinha”. Ele ajudou muito na construção da basílica e na difusão da devoção a Santa Teresinha. Isto, sem duvida, muito cooperou. Muitas outras pessoas começaram a ter devoção por Santa Teresinha, a receber graças e a fama da Santa das graças foi se espalhando de boca em boca por todo o Egito.

Uma outra causa é que o vestido de Santa Teresinha é muito semelhante ao das mulheres muçulmanas que se identificam com ela; isto sem duvida é de grande importância na difusão dos santinhos de Santa Teresinha no meio do povo. Pessoalmente e com ajuda dos meus irmãos tenho tentado falar e compreender tudo isto. Há uma empatia, uma simpatia entre Teresinha e todas as pessoas. Na cripta da nossa basílica há uma imagem que a retrata morta: seu rosto é sereno, tranquilo, comunica uma grande paz interior. No Egito existem só três destas imagens que foram feita por um irmão comboniano; elas tem um uma fisionomia de serenidade. Eu mesmo tantas vezes desço na cripta da basílica e quando tenho problemas, dificuldades - que graças a Deus não me faltam- rezo a Teresinha que chamo carinhosamente de minha “secretária particular”: sinto em mim mesmo uma paz, uma força, uma coragem para não desanimar e retomar o caminho.

No dia da festa de Santa Teresinha que nós celebramos no dia 3 de outubro - já é uma tradição e seria difícil mudar- a basílica é pequena para conter tantas pessoas que vem de todos os lugares para prestar sua homenagem simples, de coração a Santa das rosas que sempre “atende” os pedidos de todos sem distinção nem de raça e de nem de religião. No Egito há várias igrejas católicas dedicadas a Santa Teresinha mas a basílica de Schubra, aqui no Cairo, é a mais conhecida e amada por todos. A novena não é muito concorrida, é o dia da festa que impressiona e este “pinga pinga” de gente devota, sofrida, cheia de esperança que vem pedir ajuda a Santa do coração. Ela, Teresinha, entra sempre pela porta do amor. Há muitas pessoas que dizem ter sonhado com Santa Teresinha e recebido rosas e graças. Eu respondo que Teresinha está sempre comigo e para mim não manda rosas mas toda a floricultura.

É uma grande alegria saber que o papa Francisco tem uma devoção especial por Teresinha, da qual fala sempre com extremo amor e a qual confia os problemas mais difíceis: “quando tenho um problema peço a Santa Teresinha não para resolvê-lo mas para pegá-lo na mão e me ajudar a aceitá-lo. E como sinal recebo quase sempre uma rosa branca.” Eis que o papa diz na suas palavras, vamos fazer o mesmo e ensinar a fazer o mesmo.

sábado, 10 de outubro de 2015

“Viva a Mãe de Deus e nossa”

Fonte: Elo da Fé

Padre Claudemar (Diocese de Uberlândia)

Daqui a dois anos, em 2017, o Brasil celebrará os 300 anos de um de seus maiores símbolos: o encontro da imagem de 36 cm de Nossa Senhora da Conceição, aparecida no Rio Paraíba a três pescadores no ano de 1717.
De lá para cá, são anos de devoção à Mãe de Deus, cultuada nessas terras de Santa Cruz como a “Senhora Aparecida”, cuja expressão de fé e de piedade popular a reconheceu como padroeira do Brasil.
O Brasil ainda estava em gestação. Faltava-lhe quase tudo, inclusive, uma identidade religiosa. Afinal, se cada país tinha um olhar especial da mãe de Deus, era justo que esta nação contasse com a sua própria face estampada no rosto da mãe de Jesus. E talvez essa seja a sua prerrogativa mais visível: a Senhora do Brasil é de traços eminentemente mestiços. Seu semblante evoca a nossa multiplicidade, nossa cultura e nosso jeito continental de ser.
A cor negra na pele da imagem da mãe de Deus trouxe alento aos homens e mulheres escravizados, desejosos de libertação. Identificar-se com eles, num momento em que se era lícito segregar o ser humano por causa de sua cor, tornou Maria ainda mais próxima dos brasileiros e de todos aqueles que se viam desprovidos de sua dignidade e de seu direito de ir e vir.
A “mãe negra” foi achada nas águas barrentas de um rio. Primeiro, encontrou-se o corpo. Lançada novamente a rede, os pescadores encontraram a cabeça da imagem. Estavam em busca de peixe para alimentar o novo governador à época em visita à vila de Guaratinguetá. Após a pesca da imagem, abundantes foram os peixes encontrados. Isso nos faz lembrar aquela outra pesca, narrada pelos evangelistas (cf. Lc 5, 1ss).
Os discípulos haviam labutado uma noite inteira, sem sucesso. Pela manhã, Jesus foi ao encontro deles. Dirigindo-lhes a palavra, disse: “Lançai as redes para águas mais profundas”. Pedro, o pescador por excelência, respondeu-lhe: “Mestre, trabalhamos uma noite inteira, e não pescamos nada. Mas, por causa da Tua Palavra, lançarei as redes”. E grande foi a quantidade de peixes recolhidos!
Ao longo desses três séculos, os discípulos de Jesus continuam a lançar suas redes e a olhar com confiança para aquela que é ovacionada como a “mãe de Deus e nossa”. Diante dos olhos pequenos e negros da imagem de Maria em seu Santuário Nacional, já passaram homens ilustres e simples, reis e rainhas, camponeses e plebeus, jovens e crianças, idosos e papas.
Aos pés de Nossa Senhora Aparecida foram deixadas inúmeras réplicas de partes do corpo humano como sinal das curas e dos milagres operados graças à sua materna intercessão.
Há 11 anos, temos em nossa Diocese um Santuário dedicado à Mãe de Deus sob o auspicioso título de “Nossa Senhora Aparecida”. Daqui, nossos corações vibram, pois se encontram com aquele outro coração que nos foi confiado pelo Crucificado: “Filho, eis aí tua mãe”. E, desde então, nós a trouxemos para casa. Ela vive e convive conosco e, daqui, nos orienta: “fazei tudo o que Ele vos disser”.
Nossa Senhora Aparecida, rogai pela Diocese de Uberlândia.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Imagens da Festa de São Francisco de Assis em nossa Paróquia

Missa na manhã de 4 de outubro com bênção dos animais















Missa Solene na noite de 4 de outubro com a procissão



























Barraquinhas




domingo, 4 de outubro de 2015

São Francisco - ícone vivo de Jesus

Fonte: Franciscanos.org.br

“Nasceu para o mundo um sol”: com estas palavras, na “Divina Comédia” (Paraíso, Canto XI), o máximo poeta italiano Dante Alighieri alude ao nascimento de Francisco, no final de 1181 ou início de 1182, em Assis. Pertencente a uma família rica – seu pai era comerciante de tecidos –, Francisco transcorreu uma adolescência e uma juventude despreocupadas, cultivando os ideais de cavalaria da época. Aos 20 anos, fez parte de uma campanha militar e foi preso. Ficou doente e foi libertado. Após sua volta a Assis, começou nele um lento processo de conversão espiritual, que o levou a abandonar gradualmente o estilo de vida mundano que havia levado até então. A este período correspondem os célebres episódios do encontro com o leproso, a quem Francisco, descendo do cavalo, deu o beijo da paz, e da mensagem do Crucificado na pequena igreja de São Damião.


Em três ocasiões, o Cristo na cruz adquiriu vida e lhe disse: “Vai, Francisco, e repara minha Igreja, que está em ruínas”. Este simples acontecimento da palavra do Senhor ouvida na igreja de São Damião esconde um simbolismo profundo. Imediatamente, São Francisco foi chamado a reparar esta pequena igreja, mas o estado ruinoso deste edifício era o símbolo da situação dramática e inquietante da própria Igreja nessa época, com uma fé superficial que não forma e não transforma a vida, com um clero pouco zeloso, com o esfriamento do amor; uma destruição interior da Igreja que comportou também uma decomposição da unidade, com o nascimento de movimentos hereges. Contudo, nessa Igreja em ruínas, o Crucifixo está no centro e fala: convida à renovação, chama Francisco a um trabalho manual para reparar concretamente a pequena igreja de São Damião, símbolo do chamado mais profundo a renovar a própria Igreja de Cristo, com sua radicalidade de fé e com seu entusiasmo de amor por Cristo.

Este acontecimento, ocorrido provavelmente em 1205, faz pensar em outro acontecimento similar, ocorrido em 1207: o sonho do Papa Inocêncio III. Este viu em sonhos que a Basílica de São João de Latrão, a igreja mãe de todas as igrejas, estava desmoronando e que um religioso pequeno e insignificante a escorava com os ombros, para que não caísse. É interessante notar, por um lado, que não é o Papa quem ajuda para que a Igreja não caia, mas um religioso pequeno e insignificante, que o Papa reconhece em Francisco quando este o visita. Inocêncio III era um papa poderoso, de grande cultura teológica, como também de grande poder político e, no entanto, não é ele quem renova a Igreja, e sim um pequeno e insignificante religioso: é São Francisco, chamado por Deus. Por outro lado, no entanto, é importante observar que São Francisco não renova a Igreja sem ou contra o Papa, mas em comunhão com ele. As duas realidades estão juntas: o Sucessor de Pedro, os bispos, a Igreja fundada sobre a sucessão dos apóstolos e o carisma novo que o Espírito Santo cria nesse momento para renovar a Igreja. Na comunhão se dá a verdadeira renovação.

Voltemos à vida de São Francisco. Dado que seu pai, Bernardone, reprovava sua grande generosidade com os pobres, Francisco, na frente do bispo de Assis, com um gesto simbólico, despojou-se de todas as suas roupas, pretendendo, assim, renunciar à herança paterna: como no momento da criação, Francisco não tinha nada, a não ser a vida dada por Deus, em cujas mãos se entregou. Depois, viveu como um eremita, até que, em 1208, houve outro acontecimento fundamental no itinerário da sua conversão. Escutando uma passagem do Evangelho de Mateus – o discurso de Jesus aos apóstolos enviados à missão –, Francisco se sentiu chamado a viver na pobreza e a dedicar-se à pregação. Outros companheiros se uniram a ele e, em 1209, ele se dirigiu a Roma, para submeter ao Papa Inocêncio III o projeto de uma nova forma de vida cristã. Recebeu um acolhimento paternal por parte daquele grande pontífice que, iluminado pelo Senhor, intuiu a origem divina do movimento suscitado por Francisco. O Pobrezinho de Assis havia compreendido que todo carisma dado pelo Espírito Santo deve ser colocado ao serviço do Corpo de Cristo, que é a Igreja; portanto, agiu sempre em comunhão plena com a autoridade eclesiástica. Na vida dos santos não há contraposição entre carisma profético e carisma de governo e, se houver alguma tensão, estes sabem esperar com paciência os tempos do Espírito Santo.

Na realidade, alguns historiadores do século XIX e também do século passado tentaram criar atrás do Francisco da tradição um “Francisco histórico”, assim como se tenta criar atrás do Jesus dos evangelhos um “Jesus histórico”. Este Francisco histórico não teria sido um homem de Igreja, mas um homem unido imediatamente só a Cristo, um homem que pretendia criar uma renovação do povo de Deus, sem formas canônicas e sem hierarquia. A verdade é que São Francisco teve realmente uma relação imediatíssima com Jesus e com a Palavra de Deus, à qual queria seguir sine glossa, assim como ela é, em toda a sua radicalidade e verdade. É verdade também que, inicialmente, ele não tinha a intenção de criar uma ordem com as formas canônicas necessárias, mas simplesmente, com a Palavra de Deus e com a presença do Senhor, queria renovar o povo de Deus, convocá-lo novamente à escuta da Palavra e à obediência a Cristo. Além disso, sabia que Cristo nunca é “meu”, e sim sempre “nosso”, que não posso ter Cristo sozinho e construir “eu”, contra a Igreja, contra sua vontade e seu ensinamento, mas somente na comunhão da Igreja constituída sobre a sucessão dos apóstolos se renova também a obediência à Palavra de Deus.

Também é verdade que ele não tinha a intenção de criar uma nova ordem, mas somente renovar o povo de Deus para o Senhor que vem. Porém, compreendeu, com sofrimento e com dor, que tudo deve ter sua ordem, que também o direito da Igreja é necessário para dar forma à renovação e, assim, realmente se inseriu de forma total, com o coração, na comunhão da Igreja, com o Papa e com os bispos. Ele sempre soube que o centro da Igreja é a Eucaristia, na qual o Corpo de Cristo e seu Sangue estão presentes. Através do sacerdócio, a Eucaristia é a Igreja. Onde o sacerdócio, Cristo e a comunhão da Igreja caminham juntos, somente aí habita também a Palavra de Deus. O verdadeiro Francisco histórico é o Francisco da Igreja e, precisamente dessa maneira, ele fala também a nós, os crentes, e aos crentes de outras confissões e religiões.

Francisco e seus frades, cada vez mais numerosos, estabeleceram-se na Porciúncula – ou igreja de Santa Maria dos Anjos –, lugar sagrado por excelência da espiritualidade franciscana. Também Clara, uma jovem mulher de Assis, de família nobre, entrou na escola de Francisco. Teve origem, assim, a Segunda Ordem Franciscana, a das Clarissas, outra experiência destinada a produzir frutos insignes de santidade na Igreja.

Também o sucessor de Inocêncio III, o Papa Honório III, com sua bula Cum dilecti, de 1218, apoiou o singular desenvolvimento dos primeiros Frades Menores, que iam abrindo suas missões em diversos países da Europa, inclusive em Marrocos. Em 1219, Francisco obteve autorização para dirigir-se ao Egito e falar com o sultão muçulmano Melek-el-Kâmel, para pregar também lá o Evangelho de Jesus. Eu gostaria de sublinhar este episódio da vida de São Francisco, que tem uma grande atualidade. Em uma época em que estava em curso um enfrentamento entre o cristianismo e o islã, Francisco, armado voluntariamente só com sua fé e sua mansidão pessoais, percorreu com eficácia o caminho do diálogo. As crônicas nos falam de um acolhimento benevolente e de uma cordial recepção do sultão. Este é um modelo que deve inspirar, ainda hoje, as relações entre cristãos e muçulmanos, para promover um diálogo na verdade, no respeito e na compreensão mútuos (cf. Nostra Aetate, 3). Parece então que Francisco esteve na Terra Santa em 1220, lançando assim uma semente, que deu muitos frutos: seus filhos espirituais, de fato, fizeram dos Lugares Santos onde Jesus viveu um âmbito privilegiado de sua missão. Penso, com gratidão, nos grandes méritos da Custódia Franciscana da Terra Santa.

Ao voltar à Itália, Francisco entregou o governo da Ordem ao seu vigário, Frei Pedro Cattani, enquanto o Papa confiou à proteção do cardeal Ugolino, o futuro Sumo Pontífice Gregório IX, a Ordem, que reunia cada vez mais adesões. Por sua vez, o fundador, dedicado completamente à pregação – que levava a cabo com grande êxito –, redigiu uma Regra, depois aprovada pelo Papa.

Em 1224, no eremitério de Verna, Francisco viu o Crucifixo em forma de um serafim e, do encontro com o serafim crucificado, recebeu os estigmas; converteu-se, assim, em um com Cristo: um dom, portanto, que exprime sua identificação com o Senhor.

A morte de Francisco – seu transitus – ocorreu na noite de 3 de outubro de 1226, na Porciúncula. Após ter abençoado seus filhos espirituais, morreu, deitado sobre a terra nua. Dois anos mais tarde, o Papa Gregório IX o inscreveu no elenco dos santos. Pouco tempo depois, erigiu-se em Assis uma grande basílica em sua honra, meta, ainda hoje, de muitíssimos peregrinos, que podem venerar o túmulo do santo e desfrutar da visão dos afrescos de Giotto, pintor que ilustrou de forma magnífica a vida de Francisco.

Já foi dito que Francisco representa um alter Christus; era verdadeiramente um ícone vivo de Cristo. Ele também foi chamado de “irmão de Jesus”. De fato, este era o seu ideal: ser como Jesus, contemplar o Cristo do Evangelho, amá-lo intensamente, imitar suas virtudes. Em particular, ele quis dar um valor fundamental à pobreza interior e exterior, ensinando-a também aos seus filhos espirituais. A primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha – “Felizes os pobres, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5, 3) – encontrou uma luminosa realização na vida e nas palavras de São Francisco. Verdadeiramente, queridos amigos, os santos são os melhores intérpretes da Bíblia; estes, encarnando em sua vida a Palavra de Deus, tornam-na mais atraente que nunca, de forma que ela fala realmente conosco. O testemunho de Francisco, que amou a pobreza para seguir Cristo com dedicação e liberdade totais, continua sendo, também para nós, um convite a cultivar a pobreza interior para crescer na confiança em Deus, unindo também um estilo de vida sóbrio e um desapego dos bens materiais.

Em Francisco, o amor a Cristo se expressou de maneira especial na adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Nas Fontes Franciscanas, lemos expressões comoventes, como esta: “Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando, sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência! Ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência do pão” (Francisco de Assis, Escritos).

Neste Ano Sacerdotal, quero também recordar a recomendação dirigida por Francisco aos sacerdotes: “Ao celebrar a Missa, ofereçam o verdadeiro sacrifico do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, pessoalmente puros, com disposição sincera, com reverência e com santa e pura intenção” (Francisco de Assis, Escritos). Francisco mostrava sempre um grande respeito pelos sacerdotes e recomendava respeitá-los sempre, inclusive no caso de que pessoalmente fossem pouco dignos. A motivação do seu profundo respeito era o fato de que eles receberam o dom de consagrar a Eucaristia. Queridos irmãos no sacerdócio, não nos esqueçamos jamais deste ensinamento: a santidade da Eucaristia nos pede que sejamos puros, que vivamos de maneira coerente com o Mistério que celebramos.

Do amor a Cristo nasce o amor às pessoas e também a todas as criaturas de Deus. Este é outro traço característico da espiritualidade de Francisco: o senso de fraternidade universal e de amor pela criação, que lhe inspirou o célebre “Cântico das criaturas”. É uma mensagem muito atual. Como recordei em minha recente encíclica, Caritas in veritate, só é sustentável um desenvolvimento que respeite a criação e que não danifique o meio ambiente (cf. N. 48-52), e na Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, sublinhei que também a constituição de uma paz sólida está unida ao respeito pela criação. Francisco nos recorda que na criação se manifesta a sabedoria e a benevolência do Criador. A natureza é entendida por ele precisamente como uma linguagem com a qual Deus fala conosco, através da qual a realidade divina se torna transparente e podemos falar de Deus e com Deus.

Queridos amigos: Francisco foi um grande santo e um homem alegre. Sua simplicidade, sua humildade, sua fé, seu amor a Cristo, sua bondade com cada homem e cada mulher o tornaram alegre em toda situação. De fato, entre a santidade e a alegria subsiste uma relação íntima e indissolúvel. Um escritor francês disse que no mundo só existe uma tristeza: a de não ser santos, isto é, a de não estar perto de Deus. Vendo o testemunho de Francisco, compreendemos que este é o segredo da verdadeira felicidade: ser santos, estar perto de Deus!

Que Nossa Senhora, ternamente amada por Francisco, obtenha esse dom para nós. Confiamo-nos a Ela com as palavras do próprio Pobrezinho de Assis: “Ó Maria, Virgem Santíssima, não há outra semelhante, nascida neste mundo, entre as mulheres; filha e serva do Rei altíssimo, o Pai celeste. Mãe de Jesus Cristo, nosso Senhor; esposa do Espírito Santo, rogai por nós (…) junto ao vosso santíssimo e dileto Filho, nosso Senhor e Mestre” (Francisco de Assis, Escritos).

Bento XVI