sexta-feira, 27 de março de 2015

Milagres existem

Padre Joãozinho, scj

No dia 24 de maio de 2013 o Papa Francisco escreveu no Twitter:
Os milagres existem, mas é necessária a oração! Uma oração corajosa que luta e que persevera; não uma oração de circunstância.
A frase é breve e provocante. Inicia com uma profissão de fé no Deus que continua fazendo milagres. Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Para aqueles que transformaram o jovem de Nazaré em uma lenda presa ao passado ou num ícone que decora as paredes de uma igreja o papa recorda que curas milagres e prodígios continuam acontecendo. Quando perguntaram a Jesus se ele era o messias que deveria vir a este mundo ele simplesmente respondeu: “os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres” (Mt 11,5). Os milagres atestam a presença de Deus em seus gestos e palavras.
Porém a frase do papa não estaciona no tremendo e fascinante mundo dos milagres. No meio da frase existe um “mas”. Francisco lembra que é necessário esperar a solução do céu em oração. Rezar já é uma forma de ação. Deus espera de nós que façamos a nossa parte. Rezar é abrir o coração para receber o milagre que Deus tem preparado para cada dia. O próprio Jesus ensinou esta dinâmica da espera ativa quando disse: “Pedi e recebereis, batei e será aberto, buscai e achareis”. (Mt 7,7) A oração é o canteiro fecundo para receber a ajuda do alto. Pode ser oração de louvor, de clamor, de súplica, de ação de graças. O importante é rezar. Não basta falar sobre Deus. É preciso falar com Deus, ainda que só tenhamos reclamações e lágrimas. Ele sempre está disposto a nos escutar. A oração não é somente importante. Ela é necessária, diz o papa. Mas lembre-se que não somos nós que rezamos. Rezar é deixar que o Espírito Santo atue em nós a voz do Filho que clama “Abba, Pai” (Gl 4,6).  Portanto, a própria oração já é um milagre. É Jesus rezando por meio da nossa voz.
O papa Francisco ainda deu três características desta oração cristã:
1) Oração corajosa: rezamos a nossa realidade. Falamos para Deus que estamos vivendo naquele momento, sem rodeios. Rezar é abrir o coração e não apenas repetir fórmulas decoradas. Às vezes a melhor oração é contemplar silenciosamente o sacrário e não dizer nada. Deus entenderá o nosso olhar.
2) Oração comprometida: a prece nasce da vida e volta para ela sob a forma de compromisso com os irmãos. Quem reza de verdade vê o céu e quer que ele aconteça todos os dias na vida de alguém. Não se conforma que na terra haja tantos infernos. Rezar nos leva a uma santa indignação que move para a transformação da realidade. Se não acontecer isso a oração é alienada e serve apenas como remédio para nossas dores de cabeça. É um analgésico que não tem nada a ver com aquilo que ensinou Jesus.
3) Oração perseverante: não rezamos somente quando “a coisa aperta”. É preciso “rezar sem cessar” ou “em todas as circunstâncias”, como ensinava o apóstolo Paulo e não apenas em certas circunstâncias, como adverte Francisco. A oração deve se tornar um hábito que perpassa todo o nosso dia. Acordamos e fazemos o sinal da cruz. Elevamos um pensamento a Deus. Quem sabe você possa até mesmo ler o evangelho do dia e meditar alguns minutos. Assim a oração invadirá toda a sua existência. E ao deitar, eleve seu último pensamento ao Criador agradecendo pelo milagre de mais um dia!
Pe. Joãozinho, scj
João Carlos Almeida – Teólogo e educador

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