domingo, 30 de outubro de 2016

Holywins ou Halloween? Católicos resgatam Véspera de Todos os Santos

Fonte: Comunidade Shalom
Há alguns anos, diversas dioceses, paróquias e comunidades católicas em várias partes do mundo se propuseram a recuperar o dia 31 de outubro como a Véspera de Todos os Santos. Assim, nasceu a celebração “Holywins” (a santidade vence), para festejar com as crianças e jovens a vocação universal à santidade.



Brasil

Um dos muitos exemplos dessa festividade acontece na Arquidiocese de Porto Alegre (RS). Os fiéis comemorarão no dia 5 de novembro, a partir das 18h30 na Catedral Metropolitana. Haverá Adoração Eucarística, confissão, Missa, atividades infantis (Holy Kids) e show com a banda Eterna Aliança e com a cantora católica Suely Façanha.

A página oficial do evento no Facebook explica que “a busca de viver a santidade é um olhar para a eternidade, assim, o Holywins oferece espaço de reflexão e reforça os valores que não passam”.

Em entrevista ao programa ‘Alegrai-vos’ da Rádio Aliança, Rosana Both, da organização do evento, explicou que no Holywins é possível se “encontrar e celebrar a santidade, essa grande alegria de ser cristão, de celebrar a festa de Todos os Santos”.

“Que coisa boa olhar para nossa Igreja e pensar quantos homens e mulheres nos precederam na fé, alguns foram elevados formalmente aos altares e outros tantos, com certeza, por nós intercedem. É a alegria de celebrarmos a vida eterna que o Senhor nos prometeu e tantos já alcançaram”, declarou.

Além do evento do dia 5 de novembro, o Holywins será precedido pela Semana da Misericórdia, de 30 de outubro a 4 de novembro, com Missa de abertura, cachorro-quente solidário para entregar lanches a moradores de rua, confissões ao ar livre, Missão Vida Eterna no cemitério São Miguel e Almas, Adoração Eucarística e Vigília.

Para conhecer toda a programação, acesse a página do Holywins Brasil: www.facebook.com/holywinsbrasil/?fref=ts.

Espanha

A Diocese de Alcalá de Henares também se soma a esta comemoração. O centro de todas as atividades de 31 de outubro é a celebração da Missa às 19h30, na Catedral Magistral ‘Santos Niños’, que será presidida pelo bispo, Dom Juan Antonio Reig Pla.

Estão convidados crianças e adolescentes, assim como suas famílias e todos os jovens e demais pessoas que desejam participar. Após a Missa, o Santíssimo Sacramento será exposto e começará a evangelização pelas ruas até a vigília que acontecerá a partir de 23h, na Praça dos ‘Santos Niños’.

Colômbia

No dia 31 de outubro, a Arquidiocese de Barranquilla convida os fiéis a celebrar a ‘Noite Branca’, uma iniciativa em todas as paróquias, onde as crianças vão celebrar “a tradicional festa do Dia dos Anjinhos”, abrindo “um espaço onde os pequenos, através do que sabem fazer – jogar, cantar, dançar, atuar –, elevem uma oração a Deus pelas outras crianças no país e no mundo”.

Peru

Na paróquia de São Miguel Arcanjo, no distrito de São Miguel (Lima), haverá uma jornada para jovens, sob o nome “Holywins / Santos Vencedores”, a partir das 15h.

Polônia

Os católicos poloneses, compatriotas de São João Paulo II, também não querem ficar para trás e animam os paroquianos a celebrar “Holywins” no dia 31 de outubro às 11h, através de uma procissão pelas ruas da comuna de Liviaz.

domingo, 23 de outubro de 2016

Papa:é tempo de missão e de coragem

Nestas horas dramáticas, faço-me próximo de toda a população do Iraque, em particular, da população da cidade de Mosul: foram palavras do Santo Padre no Angelus deste domingo, em mais um premente apelo em favor da paz e da reconciliação no País do Golfo, onde se tem registrado nestes dias um ulterior recrudescimento dos combates, cuja violência não poupa nem mesmo as crianças.


“Nosso ânimo encontra-se abalado com os cruentos atos de violência que há muito tempo têm sido cometidos contra os cidadãos inocentes, tanto muçulmanos quanto cristãos, bem como pertencentes a outras etnias e religiões. Sinto-me entristecido com as notícias do assassinato a sangue frio de numerosos filhos daquela terra, entre os quais também muitas crianças. Essa crueldade nos faz chorar, deixando-nos sem palavras.”

Francisco une sua palavra de solidariedade à asseguração de sua recordação na oração, a fim de que o Iraque, mesmo duramente atingido, se mantenha “firme na esperança de poder caminhar rumo a um futuro de segurança, de reconciliação e de paz”. O Santo Padre pediu aos presentes na Praça São Pedro – que acompanhavam a oração mariana – que se unissem a ele na oração, fazendo um momento de silêncio seguido de uma Ave-Maria.

Na alocução que precedeu a oração do Angelus, o Papa ateve-se à segunda leitura da Liturgia dominical, que nos apresenta a exortação de São Paulo apóstolo a Timóteo, seu colaborador.

Nela, o Apóstolo repensa sua existência totalmente consagrada à missão, e vendo aproximar-se o fim de seu caminho terreno, descreve-o em referência a três estações: o presente, o passado e o futuro.

Após explicitar cada uma delas, Francisco ressalta que “a missão de Paulo resultou eficaz, justa e fiel somente graças à proximidade e à força do Senhor, que fez dele um anunciador do Evangelho a todos os povos.

Nesta narração autobiográfica de São Paulo espelha-se a Igreja, especialmente neste domingo, ressaltou o Pontífice, “Dia Mundial das Missões”, cujo tema é ”Igreja missionária, testemunha de misericórdia”.

“A experiência do apóstolo dos gentios nos recorda que devemos empenhar-nos nas atividades pastorais e missionárias, de um lado, como se o resultado dependesse de nossos esforços, com o espírito de sacrifício do atleta que não se detém nem mesmo diante das derrotas; de outro, porém, sabendo que o verdadeiro sucesso de nossa missão é dom da Graça: é o Espírito Santo que torna eficaz a missão da Igreja no mundo.”

Tendo lembrado que este domingo é “Dia Mundial das Missões”, disse que hoje é tempo de missão e é tempo de coragem

“Coragem para reforçar os passos vacilantes, para retomar o gosto do gastar-se pelo Evangelho, para readquirir confiança na força que a missão leva consigo. É tempo de coragem, mesmo se ter coragem não significa ter garantia de sucesso. É-nos pedido a coragem para lutar, não necessariamente para vencer; para anunciar, não necessariamente para converter.”

Francisco continuou advertindo que “nos é pedido coragem para ser alternativos ao mundo, sem porém jamais tornar-nos polêmicos ou agressivos. É-nos pedido coragem para abrir-nos a todos, sem jamais diminuir o caráter absoluto e a unicidade de Cristo, único salvador de todos. É-nos pedido coragem para resistir à incredulidade, sem tornar-nos arrogantes”.

“É-nos também pedido a coragem do publicano do Evangelho deste domingo, que com humildade não ousava sequer elevar os olhos ao céu, mas batia no peito dizendo: ‘Ó Deus, tende piedade de mim, pecador’.”

É tempo de coragem!, repetiu o Papa. “Hoje é preciso coragem!”

Dirigindo-se aos vários grupos de fiéis e peregrinos presentes, saudou os poloneses, que recordam em Roma e em sua Pátria os 1050 anos da presença do cristianismo na Polônia. Saudou também os coristas, que nestes dias celebraram o seu Jubileu. E cumprimentou também a comunidade peruana de Roma, presente na Praça são Pedro com a Imagem sagrada do Senhor dos Milagres. Antes de despedir-se, pediu que não se esqueçam de rezar por ele.

Fonte: Radio Vaticano

domingo, 16 de outubro de 2016

Por que os católicos amam tanto Nossa Senhora?

Fonte: padrepauloricardo.org.br
Nós, católicos, realmente amamos muito Nossa Senhora, e temos muitas razões para isso.
Os católicos precisamos admitir: realmente, nós falamos muito de Nossa Senhora; realmente, nós rezamos muito a ela e somos (extremamente) devotos dos mistérios que envolvem a sua vida;realmente, as nossas casas estão cheias de imagens de Nossa Senhora; realmente, nós usamos todo tipo de adereços para mostrar que a amamos: terços, escapulários, broches, correntinhas, chaveiros, estampas... O que não nos faltam são sinais para demonstrarmos que, de fato, todo católico é mariano e a Igreja Católica está intimamente ligada à pessoa de Nossa Senhora.
Reconhecer isso é muito importante para mantermos um debate saudável e frutuoso com os protestantes. Quando eles nos acusam de "carregar nas tintas" com Maria, quando criticam as nossas procissões, ladainhas e novenas, quase sempre insinuando um "exagero" de nossa parte, não devemos ter medo de afirmar a nossa verdadeira identidade. Ao invés de ficarmos nos desculpando — como muitas vezes fazemos, respondendo às frases decoradas do adversário —, é preciso que estudemos com profundidade a nossa fé, para que estejamos em condições de dar a quem quer nos peça as razões de nossa devoção à Virgem Maria.
Mas voltemos ao nosso ponto inicial. Realmente, nós amamos muito Nossa Senhora. Mas isso tem uma razão de ser, que se chama Jesus Cristo. Quem quer que compreenda um pouco o mistério da pessoa de Cristo é incapaz de permanecer indiferente ou apático à Virgem Maria.
Antes de mais nada, é preciso que tenhamos em mente o que aconteceu naquele grande dia, narrado pelo Evangelho de São Lucas, quando o arcanjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria a mãe de Jesus. Para entendermos bem o que se passou naquela data, vamos nos servir também de outros trechos das mesmas Escrituras, extraindo daí as conclusões necessárias para a nossa vida cristã.
Após a saudação, Gabriel revela a Maria algo extraordinário que irá acontecer: "Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus" (Lc 1, 31). A frase é impressiva porque, conforme Maria dirá mais adiante (cf. Lc 1, 34), ela não conhece homem algum, é virgem. Ora, que uma virgem conceba e dê à luz um filho, já é algo extraordinário. Mas coisa ainda maior do que isso está para ser revelada.
"Ele será grande — continua o anjo — e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim" (Lc 1, 32-33). O que São Lucas evangelista condensa na expressão "Filho do Altíssimo", São João o explica com detalhes no prólogo de seu Evangelho (cf. Jo 1, 1ss): "O Verbo se fez carne, e habitou entre nós", ele diz, o Verbo "que estava desde o princípio junto de Deus" e que "era Deus". Isso significa que Maria, sendo virgem, não seria mãe simplesmente de um homem, mas do próprio Deus encarnado.
Talvez já tenhamos passado muitas vezes por essa passagem dos Evangelhos — às vezes até sem lhe dar a devida atenção —, mas, agora, eu convido você a prestar mais atenção ao que está sendo dito pelo Autor Sagrado.
Antes mesmo que os fatos narrados na Bíblia acontecessem, as pessoas sabiam quem era Deus. Através das coisas que existem na natureza, elas eram capazes de perceber, com a sua razão, a existência de um criador, do que os filósofos anteriores a Cristo chamaram de "o ato puro" e "o primeiro motor imóvel". Os judeus, por sua vez, foram escolhidos por esse ente transcendente para receber algo a mais sobre a Sua identidade: aprenderam não somente que Deus existia e que era eterno e infinito, mas também que Ele era um ser pessoal, que amava as Suas criaturas e Se preocupava com elas, a ponto de Se comunicar com seres de carne e osso — os patriarcas e os profetas — para revelar a Sua vontade aos homens.
"Muitas vezes e de muitos modos Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas", diz o autor da Carta aos Hebreus. "Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo" (Hb 1, 1-2). O que acontece no episódio da Anunciação é de uma grandeza absolutamente fora do comum: o Criador dos céus e da terra, não satisfeito em falar com os homens, quer tornar-se um deles; não contente em enviar mensageiros, deseja mandar ao mundo o Seu próprio Filho.
Que Ele "queira" e "deseje" fazer-se homem, no entanto, precisa ser bem entendido: como não existe "mudança de planos" em Deus, como Ele é "o mesmo ontem, hoje e sempre" (Hb 13, 8), o decreto pelo qual escolheu vir ao mundo não está inserido no tempo, é eterno; do mesmo modo, tampouco o meio e as circunstâncias que Ele escolheu para descer ao mundo estavam sujeitos a alguma hesitação. Por isso, também é possível dizer que Maria foi predestinada, desde sempre, a ser a mãe de Deus feito homem.
Os protestantes não aceitam que se chame Maria de "Mãe de Deus", mas a coisa é muitíssimo clara: ela o é! Como criatura humana, obviamente, ela não deu origem à natureza divina, mas gerou a carne humana de Cristo, que está hipostaticamente unida à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade — e isso é suficiente para que a chamemos de "Mãe de Deus". Se não pudermos fazê-lo, tampouco poderemos dizer que temos uma mãe, afinal, nem mesmo as nossas mães nos deramtudo o que somos. Os seres humanos somos formados de corpo e alma e os nossos pais dão origem apenas à nossa parte material (nossa alma espiritual é criada diretamente por Deus). Mesmo assim, quando perguntam o nome da mãe de alguma pessoa, ninguém fica fazendo estas distinções: "Ele não tem mãe, só o corpo dele, o resto veio de Deus". Se alguém perguntasse de quem Jesus era filho, igualmente, mesmo quem acreditasse em Sua divindade não perderia tempo nessas minúcias. Basta tomar como exemplo Santa Isabel, que, à visita de Maria, não hesitou em chamá-la de "Mãe do meu Senhor" (μήτηρ τοῦ Κυρίου μου, no original grego) (Lc 1, 43).
De qualquer modo, ainda que os protestantes não reconheçam o dogma da maternidade divina de Nossa Senhora, tal como proclamada no antiquíssimo Concílio de Éfeso, em 431, isso não muda os fatos narrados no Evangelho de São Lucas: que Deus, saindo da eternidade, escolhe Maria como instrumento para entrar na história dos homens e salvá-los.
Isso, por si só, explica dois outros importantes versículos do mesmo Evangelho.
O primeiro é a saudação do anjo Gabriel a Maria, chamando-a de "cheia de graça" (Lc 1, 28). Essa plenitude de graça, que é a santidade de Maria, foi concedida a ela por Deus justamente por causa de sua maternidade divina, como reconheceu o Papa Pio IX, ao proclamar o dogma da Imaculada Conceição: "A beatíssima Virgem Maria (…), em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original" [1]. A expressão "Salvador do gênero humano" é importante porque mostra que também Maria, sendo criatura humana, precisou ser salva. Isso não está em questão, pois é ela mesma quem canta, em seu Magnificat: "Meu espírito exulta em Deus, meu Salvador" (Lc 1, 47). A salvação de que gozou a Santíssima Virgem, no entanto, não foi como a ação restituidora e atrasada de um remédio, mas como a ação protetora e preservante de uma vacina.
O segundo versículo é a afirmação contida no mesmo cântico mariano, de que "todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz, porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas" (Lc 1, 48-49) — coisas grandiosas, poderíamos dizer, que não foram operadas na vida de nenhuma outra criatura; coisas grandiosas e de uma ordem absolutamente superior a quaisquer benefícios que Deus conceda aos homens; "maravilhas", diz uma outra tradução, que fazem a Igreja venerá-la acima de todos os anjos e santos do Céu, com culto especial, como explica Santo Tomás de Aquino:
"Como a Virgem bem-aventurada é uma simples criatura racional, não lhe é devida uma adoração de latria, mas unicamente uma veneração de dulia; de forma mais eminente, contudo, do que às outras criaturas, por ser a mãe de Deus. Por isso, se diz que lhe é devido não um culto de dulia qualquer, mas de hiperdulia." [2]
Chega a ser um insulto, portanto, dizer (ou até mesmo insinuar) que Maria foi uma mulher qualquer — insulto esse que não atinge apenas a Virgem Maria, mas a própria Pessoa Trinitária do Filho, que por um decreto eterno a escolheu e a honrou como Sua mãe. O fato de Maria estar intimamente ligada ao mistério da união hipostática reveste-a de uma dignidade sublime, maior do que a de todos os santos e santas do Céu… juntos! A que outra mulher, de fato, Deus enviou um anjo do Céu para comunicar que ela seria mãe de Seu Filho? A quem mais é possível chamar de "mãe do meu Senhor", como declarou Santa Isabel a Maria? Em que personagem bíblica ou mesmo da história humana Deus realizou uma obra tão estupenda quanto esta?
Essas são, portanto, as verdadeiras perguntas que precisam ser respondidas.
Não adianta abrir Êxodo 20 e acusar, com o dedo da outra mão em riste, que católicos são idólatras porque "fazem imagens", porque, tomando ao pé da letra o texto bíblico, toda fotografia é uma imagem: para cumprir o preceito divino, de acordo com a exegese iconoclasta, álbuns de família precisariam ser rasgados e fotos de perfil do Facebook deletados — sem falar da arca da aliança, enfeitada de querubins por ordem do mesmo Deus que deu as tábuas da Lei a Moisés (cf. Ex 25, 18).
O que Deus proíbe desde sempre é que se preste culto de adoração à criatura em vez do Criador; tanto não impede, porém, a honra e a veneração às criaturas à medida em que participam de Seu senhorio, que Ele manda, na mesma passagem de Êxodo 20, que os homens honrem os seus pais, sob a promessa recompensatória de uma longa vida sobre a terra (cf. Ex 20, 12).
Jesus de Nazaré, a propósito, modelo perfeito de obediência à Lei, é retratado também por São Lucas sendo submisso aos seus pais (cf. Lc 2, 51). O próprio Jesus honrou Maria Santíssima. Se Ele o fez — e o faz até hoje, pois não deixou de ser seu filho —, tampouco nós deixaremos de amá-la.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Imagens da Festa de São Francisco

5/10 - Liturgia sob responsabilidade do Movimento da Mãe Rainha


Festeiros e Famílias Franciscanas

6/10 - Liturgia sob a responsabilidade das Comunidades Nossa Senhora da Paz e 
São João Batista e São Marcelino Champagnat


Festeiros e Famílias Franciscanas




7/10 - Liturgia sob a responsabilidade do Grupo de Terço da Comunidade

Festeiros e Famílias Franciscanas



8/10 - Liturgia sob a responsabilidade do Movimento do Apostolado da Oração
Festeiros, famílias franciscanas e Grupo de Jovens N. Sra. de Guadalupe
9/10 - Missa com participação dos Amiguinhos de Francisco e 
Bênção dos animais




















Missa Solene e Procissão













Continuando... sobre a nossa Festa de São Francisco!

Foi um sucesso a festa desse ano! Houve bastante participação da comunidade, tanto nas celebrações da Semana de Oração Devocional a São Francisco, na Missa Campal com bênção dos animais, na Missa Solene, quanto na barraquinhas no final de semana. Segue abaixo o agradecimento do Coordenador da Festa, membro de nossa comunidade, Airton Augusto de Oliveira:

"Quero nesse momento coroar o êxito alcançado em nossa festa em louvor a São Francisco de Assis com a premiação do Virmones e Sônia que foram agraciados na compra do bingo premiado e levaram para casa a TV de 39" de LED. Agradeço as bênçãos alcançadas num trabalho todo harmonioso com a comunidade em plena cooperação desde o pessoal lá da Casa Sta Gemma nos apoiando com serviços gerais, a casa da Misericórdia no apoio logístico e doações das delícias e famosas roscas feitas pela Angela, ao ECC nas barraquinhas do pastel e batatinhas fritas, ao grupo de orações no espetinho auxiliados e orientados pelo Mozair, a Dona Angela Testa e todos da barraquinha dos doces, a comunidade da Rainha da Paz na barraquinha do suco e refrigerantes, a Yolanda e José nas pizzas, Dona Vera e família no cachorro quente, a equipe também do ECC no macarrão e na deliciosa canjicada , ao Wyuk e Lilian com a brilhante idéia da gincana com o EJC, enfim uma linda união de esforços que abrilhantou e fechou com chave de ouro nossa festa. E viva São Francisco de Assis!!!!!........"

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Os ícones franciscanos

Por Frei Vitório Mazzuco
Blog Frei Vitório

A tradição franciscana e clariana tem uma riqueza inesgotável de sinais e símbolos, uma iconografia expressiva que se revela na Porciúncula, sandálias, TAU, cordão, ostensório de Clara, o Espelho, o hábito, o Crucifixo de São Damião, as mãos cruzadas revelando as Chagas, o rosto sempre sereno de Clara, o lobo de Gúbio, e tantos outros. Os ícones franciscanos revelam uma força espiritual muito grande que marcou tantas vidas, uma energia vital silenciosa e inspiradora a mostrar criatividade.


Os ícones franciscanos são materiais, físicos, espirituais e psíquicos e espelham meditação, presença, harmonia, intuição, fantasia, emoção, caminho trilhado, funções rituais e experiências místicas. Mostram que o uso do símbolo é sempre benéfico; um código de mandato, unção, uma doutrina em forma de sinais. Simplicidade e arte como transformação de uma vida. Um ícone vale mais do que mil palavras!

Gosto de estar nos espaços franciscano e contemplar a beleza de seus ícones. A luminosa presença do Crucifixo de São Damião a mostrar que o Amor é sempre difusivo, e que toda reconstrução começa por aí. O TAU é de uma força protetora incrível. A Porciúncula é simplicidade e imponência. O rosto de Clara a dizer para o espelho: O Amado me quer como eu sou! Da experiência pessoal a uma experiência coletiva de fé. Os ícones estão sempre a evocar este jeito franciscano de se colocar de maneira evangélica, mística e profética. E como precisamos destas marcas e motivações franciscanas! Intuir e sentir profundamente, intuir e dar passos missionários. O fato é que estes ícones atravessam o tempo sempre de forma nova, nos corpos, nas paredes e nos altares, estão abertos para as surpresas do espírito. E não podemos esquecer a bela saudação que por si só tornou-se um ícone: PAZ E BEM!

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Primeiro dia da Festa de São Francisco de Assis em nossa Paróquia

Grupo de Oração São Miguel Arcanjo - Festeiros e Famílias Franciscanas
Iniciamos, hoje em nossa Paróquia, as celebrações em honra a São Francisco de Assis, nosso padroeiro. O Ministro Geral dos Franciscanos, por ocasião da Festa deste ano, em sua Carta, "São Francisco, homem de escuta, de encontro e de acolhida" escreve: "Celebrar a festa de São Francisco significa para nós não só cantar os seus louvores, mas também deixar-nos envolver pelas interpelações do Evangelho e do nosso mundo de hoje, renovando a nossa vocação franciscana". 
Pertencer a uma Paróquia que tem como padroeiro São Francisco de Assis implica numa grande responsabilidade. O nosso Santo nos questiona, nos chama a atenção, nos faz olhar em volta, enxergar o outro e a criação das mãos de Deus. E, apesar de terem se passado mais de 800 anos, sua lição é sempre atual, porque está sustentada nos pilares do Evangelho puro e verdadeiro. E assim continua a Carta: 
"Francisco, com textos simples e profundos e com seus gestos concretos e significativos, ofereceu-nos um ideal religioso e humano que dá um sentido autêntico e fascinante à nossa vida, que  deve ser assumido por nós em primeiro lugar e depois transmitido aos outros. Francisco foi um homem que sabia ver e descobrir o que estava acontecendo dentro dele e em torno dele; foi um homem de escuta, sempre atendo à voz de Deus e dos outros; foi homem de encontro com quem o circundava; foi homem de empenho no seu ambiente dilacerado pela violência e pela exclusão de pessoas. A força atraente e sugestiva de nosso Pai São Francisco manifesta-se em sua capacidade de traduzir a Palavra de Deus em termos não só teológicos, mas também humanos e sociais, quer dizer, vivendo o Evangelho simultaneamente em todas as suas relações: para com Deus, para com os homens e para com os seres da Criação.  E nós hoje, como podemos continuar traduzindo este tesouro evangélico e a nossa experiência de Deus na fraternidade, em ações e projetos concretos, a favor e nossos irmãos e irmãs? O que podemos fazer pessoalmente e em cada Fraternidade, cada Entidade da Ordem, a favor do diálogo, da acolhida dos pobres, do cuidado da criação, a serviço do bem da Igreja e da humanidade? Como Francisco, nós também queremos ser, a partir de nossa vida fraterna, homens de esperança. Aquela esperança que é a outra face do amor, pois quem ama sinceramente, espera o imprevisível. Queremos ser homens que sabem ver o bem maior e possível que Deus colocou no coração de cada pessoa e que pode mudar o rumo da história, de acordo com os projetos de Deus, para a humanidade e para o mundo. Queremos ser aqueles que esperam e poderão ver e realizar o inesperado. Queremos ser homens de oração que atingem continuamente a Deus, fonte de toda esperança, luz que ilumina toda pessoa, apazigua seu coração e abre-o a uma benévola reciprocidade. O nosso seráfico pai e irmão Francisco, com o seu exemplo e a sua intercessão, ajude-nos a colaborar com todos aqueles que creem na capacidade criativa e solidária das pessoas, para a construção de uma sociedade mais humana, fraterna, cordial e alegre. Faça que sejamos benignos, pacíficos e modestos, mansos e humildes, honestos entre nós e com todos, para que em todo o mundo resplandeça a beleza e o amor misericordioso de Cristo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Protomártires do Brasil

Dentro da conturbada invasão dos holandeses no nordeste do Brasil, encontram-se os dois martírios coletivos: o de Cunhaú e o de Uruaçu. Estes martírios aconteceram no ano de 1645, sendo que o Pe. André de Soveral e Domingos de Carvalho foram mártires em Cunhaú e o Pe. Ambrósio Francisco Ferro e Mateus Moreira em Uruaçu; dentre outros.

No Engenho de Cunhaú, principal pólo econômico da Capitania do Rio Grande (atual estado do Rio Grande do Norte), existia uma pequena e fervorosa comunidade composta por 70 pessoas sob os cuidados do Pe. André de Soveral. No dia 15 de julho chegou em Cunhaú Jacó Rabe, trazendo consigo seus liderados, os ferozes tapuias, e, além deles, alguns potiguares com o chefe Jerera e soldados holandeses. Jacó Rabe era conhecido por seus saques e desmandos, feitos com a conivência dos holandeses, deixando um rastro de destruição por onde passava.

Dizendo-se em missão oficial pelo Supremo Conselho Holandês do Recife, convoca a população para ouvir as ordens do Conselho após a missa dominical no dia seguinte. Durante a Santa Missa, após a elevação da hóstia e do cálice, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da igreja e se deu início à terrível carnificina: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelos flamengos com a ajuda dos tapuias e dos potiguares.

A notícia do massacre de Cunhaú espalhou-se por todo o Rio Grande e capitanias vizinhas, mesmo suspeitando dessa conivência do governo holandês, alguns moradores influentes pediram asilo ao comandante da Fortaleza dos Reis Magos. Assim, foram recebidos como hóspedes o vigário Pe. Ambrósio Francisco Ferro, Antônio Vilela, o Moço, Francisco de Bastos, Diogo Pereira e José do Porto. Os outros moradores, a grande maioria, não podendo ficar no Forte, assumiram a sua própria defesa, construindo uma fortificação na pequena cidade de Potengi, a 25 km de Fortaleza.

Enquanto isso, Jacó Rabe prosseguia com seus crimes. Após passar por várias localidades do Rio Grande e da Paraíba, Rabe foi então à Potengi, e encontrou heróica resistência armada dos fortificados. Como sabiam que ele mandara matar os inocentes de Cunhaú, resistiram o mais que puderam, por 16 dias, até que chegaram duas peças de artilharia vindas da Fortaleza dos Reis Magos. Não tinham como enfrentá-las. Depuseram as armas e entregaram-se nas mãos de Deus.

Cinco reféns foram levados à Fortaleza: Estêvão Machado de Miranda, Francisco Mendes Pereira, Vicente de Souza Pereira, João da Silveira e Simão Correia. Desse modo, os moradores do Rio Grande ficaram em dois grupos: 12 na Fortaleza e o restante sob custódia em Potengi.

Dia 2 de outubro chegaram ordens de Recife mandando matar todos os moradores, o que foi feito no dia seguinte, 3 de outubro. Os holandeses decidiram eliminar primeiro os 12 da Fortaleza, por serem pessoas influentes, servindo de exemplo: o vigário, um escabino, um rico proprietário.

Foram embarcados e levados rio acima para o porto de Uruaçu. Lá os esperava o chefe indígena potiguar Antônio Paraopaba e um pelotão armado de duzentos índios seus comandados. Repetiram-se então as piores atrocidades e barbáries, que os próprios cronistas da época sentiam pejo em contá-las, porque atentavam às leis da moral e modéstia.

Um deles, Mateus Moreira, estando ainda vivo, foi-lhe arrancado o coração das costas, mas ele ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia, dizendo: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”.

A 5 de março de 2000, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa João Paulo II beatificou os 30 protomártires brasileiros, sendo 2 sacerdotes e 28 leigos beatificados.

Como vejo Francisco

Por Frei Vitório Mazzuco, ofm

Vejo Francisco como um escândalo positivo e necessário que abalou seu tempo e continua impactando até hoje. Um modelo vivo do melhor que a humanidade produziu nestes últimos oito séculos, um santo natural, caseiro e vizinho de todos, com sua atraente simplicidade, com seu cristianismo de sedução, com sua conquistadora humildade e uma vida que arrasta. É o simpático admirado universalmente. Reuniu um número considerável de seguidores e seguidoras em sua época que santificaram estradas e paisagens. Amou apaixonadamente Jesus Cristo e seu Evangelho a ponto de ficar igualzinho ao Deus Encarnado, deixando que este amor marcasse seu corpo com as chagas do Amado.

Vejo Francisco como um asceta que abraçou a fraternidade de um modo pleno e cordial; um cantor da criação, menestrel dos louvores mais puros ao Criador, uma comunhão de afetividade e espiritualidade, um cultor da paz e do bem. Ele é a estética do simples e o onipresente em tantas representações iconográficas. É o santo dos pobres e dos pássaros, da cruz e do presépio, da eucaristia e da poesia. É o santo dos caminhos e das grutas, das montanhas e das planícies, dos nichos e catedrais. Um cavaleiro fiel da Senhora Dama Pobreza cheio de fidelidade e gentileza. Um Sol de Assis, como diz Dante, e uma Clara Lua, como diz seu lado mãe e irmã na Clara Flor de Assis, confidente e portadora de seus contemplativos segredos. Um Mestre espiritual do Ocidente reverenciado no Oriente, um profeta que atravessa a linha de guerra das Cruzadas e vai dialogar com o sultão numa conversa de homens de têmpera e fé.

Vejo Francisco como um mendigo despojado que possui a única riqueza essencial. Preso em Perugia libertou seus sonhos. Abraçou leprosos, curando as podres cicatrizes da exclusão. Tocou violino em galhos secos e dançou a alegria ridente e luminosa dos que possuem a liberdade de espírito. Reconstruiu a casa da existência calejando as mãos e cuidando dos pilares da alma. Brigou com o pai avarento e reconciliou-se com a prodigalidade. Deu um salto de qualidade para ensinar que conversão é mudar de lugar e não apenas câmbio de mentalidade. Vejo Francisco o jeito mais gostoso de ser irmão, a sensibilidade de uma mãe, a parceria de um compadre, a sempre presente energia de um amigo… Enfim, meu Pai Seráfico, Mestre Espiritual a ensinar que ser do jeito de Jesus não é estar na prisão de obscuras doutrinas, mas tornar fácil o caminho dos que vêm seguindo as marcas da Boa Nova. Assim vejo, sinto e vivo Francisco.

domingo, 2 de outubro de 2016

A respeito da compaixão em São Francisco de Assis

Fonte: franciscanos.org.br
1. Compaixão e simpatia não são palavras sinônimas. Os dois termos, no entanto, remetem para a mesma ideia: uma aptidão de sofrer com…, de sentir com. Simpatia é a face solar de sentimentos partilhados, a compaixão seu lado dolorido. A compaixão seria doce se pudesse se revestir de sentimentos de simpatia. A simpatia seria indulgente, se ela não ignorasse a compaixão. Em São Francisco os dois sentimentos se unem quando a Regra não bulada afirma: “E devem (os irmãos) estar satisfeitos quando estão no meio de gente comum e desprezada, de pobres e fracos, enfermos e leprosos e mendigos de rua” (Regra não bulada 9,3). Em resumo, os irmãos se façam presentes na vida de todos aqueles que carecem de compaixão.


2. A palavra compaixão não faz parte do vocabulário de Francisco em seus escritos. O termo, porém, é usado frequentemente por seus biógrafos e de maneira muito tocante: “Quem poderia descrever, afirma Celano, sua imensa compaixão para com os pobres?” (2Cel 83). Compaixão aparece na emoção do santo diante das “mãos aleijadas de uma pobre mulher” (1Cel 67), no fato de beijar os rostos desfigurados dos leprosos (Leg. Maior I,6), ao contemplar as misérias e desgraças do coração. Fazia suas as dores dos sofredores e se extasiava dolentemente diante das dores do Crucificado. Fez a experiência da dores do Amado de modo particular no alto do Alverne.

3. Se o corpo de Francisco, quase no final de sua trajetória, é assinalado pelas chagas de Cristo, tantas vezes contempladas e pranteadas com amor, é porque seu caminho de compaixão fez com que de homem em homem, de irmão em irmão ele acolhesse em a si a dor dos outros, não de maneira passiva e estereotipada mas com originalidade própria de tal forma que cada franciscano que contempla o modo de Francisco exercer a compaixão dispõe de um “vade-mécum” , um “modo de fazer” a compaixão, uma “receita do bolo”.

4. Chorar – A compaixão não necessita forçosamente se exprimir por lágrimas. Muitas vezes chorar, gemer, pode significar ensimesmamento, preocupação com a própria sensibilidade, decepção raivosa do próprio ego. E no entanto, as lágrimas não são coisas banais. Chorar pode ser expressão de uma tristeza. Há os que afirmam que aquele que perdura na tristeza anda fazendo aliança com o diabo. O diabo fica alegre quando pode surrupiar a alegria do coração das pessoas. Por pequenas brechas o inimigo tira a candura da mente: “A maior alegria do diabo é quando pode roubar ao servo de Deus o gozo do espírito. Carrega um pó para jogar nos menores meandros da consciência para emporcalhar a candura da mente e a pureza da vida” (2Cel 125). Quando alguém é dominado pela tristeza precisará chorar. “… se não for lavado pelas lágrimas produzirá no coração uma ferrugem que vai ficar” (Idem).

Algo de diferente parece estar representado no famoso quadro que representa Francisco enxugando as lágrimas com um lenço. O quadro nos leva a pensar que a compaixão pelos outros se traduz em abundantes lágrimas. A compaixão é um movimento que atinge o próprio corpo, que suscita e faz nascer intenção de colocar gestos precisos de compreensão e de misericórdia. Lágrimas de compaixão são aquelas que nos permitem ver mais claro, caracterizadas por lucidez e não por um nevoeiro afetivo e sentimental.

5. Dar – Como primeiro gesto de compaixão Francisco costumava se desfazer de alguma coisa que tinha em favor dos outros. “Com relação a todas as coisas que que lhe davam para aliviar as necessidades do corpo, ele estava acostumado a pedir licença aos doadores para poder distribuí-las licitamente se encontrasse alguém mais pobre. Não poupava absolutamente nada, nem mantos, nem túnicas, nem livros, nem sequer os paramentos do altar, sem deixar de dar tudo isso aos pobres enquanto podia para cumprir o dever da piedade. Muitas vezes vemo-lo carregar sobre seus ombros a carga que pobres andavam carregando.

“A mãe de dois frades veio uma vez ter com o santo, pedindo esmola com confiança. Compadecendo-se dela, o santo Pai disse a Frei Pedro Cattani, seu vigário: ‘Podemos dar alguma esmola à nossa mãe?’ Na verdade ,ele dizia que a mãe de algum irmão, era também sua mãe e de todos os irmãos. Respondeu-lhe Frei Pedro: ‘Não há em casa nada que lhe possa ser dado’. E acrescentou: ‘Temos um Novo Testamento em que, por não termos breviários, fazemos as leituras de Matinas. Disse-lhe o bem-aventurado Francisco: ‘Dá o Novo Testamento a nossa mãe para que ela o venda para sua necessidade, porque por ele somos admoestados a ajudar os pobres. Creio realmente que mais agradará a Deus a doação do que a leitura’” (2Cel 91).

Outro dom de Francisco foi o da sua palavra. O santo conhecia bem o desespero, pobreza, sofrimento moral e estado de inanição de seus contemporâneos. Muitas vezes ele lhes dirigia a palavra com tanto fervor que eles se sentiam consolados. Ora, a palavra que consola é uma palavra de compaixão. A palavra que consola alivia o peso que os outros carregam e faz com que sequem as lágrimas de seus rostos.
Referência: Nicole Granger, “La compassion chez saint François” – Évangile Aujourd’hui n. 198, p. 29ss

sábado, 1 de outubro de 2016

Francisco de Assis e este jeito de viver e pregar o Evangelho

Fonte: Blog Frei Vitório
São Francisco de Assis andou pelo mundo e enviou seus irmãos para o mundo para que vivessem, levassem e pregassem o Evangelho. A evangelização é simplesmente isto: ser, viver, levar a Boa Nova. Teve o seu modo próprio de evangelizar: a partir da fraternidade e da minoridade. A fraternidade é a família dos que estão na mesma consanguinidade espiritual, na mesma escolha, no mesmo projeto. Que projeto é este? Pegar a Palavra do Evangelho e colocar ali corpo, alma, mente, coração, sentimento, emoção, e mãos calejadas de obras. A minoridade é a renúncia do poder de quem tem saber, de quem tem poder, de quem tem muitas posses que ampliam o ter. É desapropriar-se de amarras para ser livre pelo caminho. Pregar o Evangelho não é para poderosos, mas para irmãos menores. Na fraternidade e na minoridade nada ter para tudo partilhar.

Para pregar o Evangelho é preciso sair pelo mundo, recolher-se em eremitérios, sair de novo, escrever cartas, ultrapassar fronteiras, contar apenas com a força da Palavra, sem precisar nem de bastão, nem alforge. Levar a paz e comer do que é oferecido pelo caminho. Pregar o Evangelho não é fazer exigência, mas oferecer serviço. Pregar o Evangelho é estar em prece e no modelo vivo de tantos exemplos. É ser a Boa Nova de Jesus Cristo, anunciada com firmeza, segurança, abraçando o momento com seus desafios, sem se desconcertar em situações contrárias.

Para levar o Evangelho é preciso ter a postura de Jesus: anunciar uma mudança, aproximar o Reino das pessoas e as pessoas do Reino. É expulsar o que faz mal, integrar o que está excluído, curar o que está adoecido, preparar bem um pequeno grupo de multiplicadores de um poderoso anúncio com uma capacidade ilimitada de amar e mostrar que a Boa Nova é querer bem a todos sem distinção. Ter esta grande reverência pela pessoa humana, de modo especial os pequeninos, a quem a verdade é revelada de um modo tão evidente. Pregar o Evangelho é fazer a Palavra carne da própria carne, sangue do próprio sangue, pulsar do próprio coração.

Sobre o voto católico – como deve votar o cristão?

Fonte: O fiel católico

EXISTE "VOTO CATÓLICO"? Alguns entendem que não. Na realidade essa pergunta pode ser respondida em diversos níveis. Fixaremos esta nossa reflexão em dois deles.

No primeiro nível, o sociológico, a resposta é relativamente simples: se, por "voto católico" se entende a opção que os católicos manifestam nas urnas durante as eleições, é claro que existe "voto católico", entendido simplesmente como a opção ou o "voto dos católicos", porque baseado em suas convicções e escolhas fundamentadas naquilo em que creem. 

Muito bem. Vemos também, com esta primeira resposta, que geralmente a vontade católica se dilui nas respostas dadas pelas urnas, como um dado marginal que não tem especial importância na hora de se escolher os governantes. Isso porque os votantes, segundo alguns, participam nas eleições simplesmente como cidadãos, não como católicos. Embora o nosso enfoque por aqui esteja, por motivos óbvios, concentrado na ação católica, podemos tranquilamente dizer o mesmo quanto aos protestantes ou "evangélicos": ainda que sociologicamente possamos dizer que votaram católicos e protestantes, isto de maneira alguma se reflete nos resultados das eleições, se considerarmos que vivemos num país de confissão de esmagadora maioria cristã (aponta o IBGE que quase 90% da população brasileira, entre católicos e protestantes, se declara cristã).

Em eleições recentes, assistimos a uma brava luta da parte dos cristãos em geral na tentativa de conscientizar a população em não eleger candidatos favoráveis à legalização do aborto. Ainda assim, a candidata cujo partido traz, em seu programa de governo, o compromisso de viabilizar o aborto no Brasil (além de uma série de favorecimentos a questões contrárias à fé dos cristãos, como o incentivo à ideologia de gênero) foi eleita. Isso demonstra que a fé do povo tem um peso totalmente secundário na hora do voto. 

A partir daí podemos buscar uma segunda resposta, num nível mais profundo, para o que verdadeiramente define o voto católico: consistiria este num modo de decidir sobre as diferentes possibilidades eleitorais segundo a visão que nasce a partir da própria fé católica.

Esta segunda resposta nos lança numa nova pergunta: Existe no Cristianismo, na Igreja Católica, uma doutrina que se reflita diretamente em consequências sociais, políticas e eleitorais?

Como vimos, constatamos, com perplexidade, que, no passado e no presente, cristãos dão seu voto tranquilamente a propostas políticas não só muito diferentes entre si, mas também algumas gravemente imorais. Alguns exemplos externos: na Alemanha, houve católicos que ofereceram seus votos a um partido claramente anticatólico, o nazista. Em outros países, houve e há católicos que votaram em partidos políticos que promovem o ódio de classes (socialismo ou comunismo), ou que estão a favor de um capitalismo selvagem que pisoteia os direitos dos trabalhadores, ou que se caracterizam por uma mentalidade belicosa que origina guerras injustas, ou que faltam gravemente ao respeito que merece a liberdade religiosa e de consciência, ou que fomentam a destruição da família, etc.

Diante desta situação, damo-nos conta de que o voto católico não pode ser visto simplesmente em chave sociológica, senão que a identidade própria da fé cristã deve se fazer visível e ter consequências práticas nas eleições políticas.

Um católico que vote realmente como católico, por exemplo (dos mais óbvios), tem que deixar de lado os partidos que defendem o aborto e apoiar partidos promotores dos direitos dos filhos antes de nascer. Um católico que vote como católico estará contra qualquer partido racista ou que fomente a ideologia da luta de classes.

Causa uma profunda dor descobrir que muitos católicos não chegam a compreender o nexo que existe entre a sua fé, com todas as riquezas que contém, e o seu modo de participar da vida política. Às vezes, isso ocorre porque existe pouquíssima e precária formação, e os batizados se deixam levar pela propaganda ou por ideias dominantes. Outras vezes, se dá uma autêntica prostituição da consciência, por meio da qual chega-se a ver como bom algo intrinsecamente mau e injusto. Outras vezes, existe uma atitude covarde, quando somos chamados a defender as nossas convicções e preferimos optar pelo que nos parece mais confortável, conveniente, que nos permite "ficar de bem" com o mundo, sem nos fixarmos nos princípios básicos que todo católico deveria defender na vida social. Na prática.


Frente a esta situação, é urgente a formação e preparação dos católicos, que lhes permita participar na vida política com ideias claras e convicções firmes. Não podemos ver com indiferença o fato de que existem países de maioria católica governados por partidos políticos que promovem o aborto, que atacam a família, que não garantem direitos trabalhistas, que aprovam leis que fomentam a imoralidade pública.


Existe, para os católicos, uma série de princípios irrenunciáveis a partir dos quais podem e devem avaliar os partidos políticos. Aqueles partidos que não respeitam princípios católicos simplesmente não podem ser votados pelos católicos.


Quais são esses princípios? Podemos resumi-los, a partir de um documento importante da Igreja: a "NOTA DOUTRINAL SOBRE ALGUMAS QUESTÕES RELATIVAS AO COMPROMISSO E CONDUTA DOS CATÓLICOS NA VIDA POLÍTICA", Congregação para a Doutrina da Fé, 24 de novembro de 2002, n.4), nos seguintes pontos, alguns dos quais vamos transcrever literalmente:

1. O respeito à vida, também dos embriões humanos, e a clara oposição ao aborto e à eutanásia.

2. A tutela e a promoção da família, fundada no matrimônio monogâmico entre pessoas de sexo oposto e protegida em sua unidade e estabilidade, frente às leis modernas sobre o divórcio.

3. A liberdade dos pais na educação de seus filhos é um direito inalienável, reconhecido nas Declarações Internacionais dos Direitos Humanos.

4. A tutela social dos menores e a libertação das vitimas das modernas formas de escravidão.

5. O direito à liberdade religiosa.

6. O desenvolvimento de uma economia que esteja a serviço da pessoa e do bem comum, respeitando a justiça social, o princípio de solidariedade humana e de subsidiariedade, segundo o qual devem ser reconhecidos, respeitados e promovidos os direitos das pessoas, das famílias e das associações, assim como seu exercício.

7. O tema da paz, que é obra da justiça e da caridade, e que exige a recusa radical e absoluta da violência e do terrorismo, e requer um compromisso constante e vigilante da parte dos que têm a responsabilidade política.

O "voto católico" será, portanto, verdadeiramente católico se souber respeitar estes pontos essenciais para a vida social, que valem não somente para os católicos, mas para todos os homens e mulheres participantes de um Estado. São pontos, segundo diz a Nota Doutrinal antes citada (n.4), que "não admitem derrogações, exceções ou compromisso algum". Isto é, são pontos inegociáveis, sobre os quais um verdadeiro católico não pode ceder na hora votar numa urna.

A fé, temos de ter isso presente, ilumina e permite viver mais a fundo a justiça. Um católico, nesse sentido, sente-se chamado a construir um mundo em acordo com a verdade sobre o homem e sobre a sociedade, que respeite seriamente os direitos humanos. Por isso, o seu voto será responsável: excluirá qualquer opção e partido que vá contra os princípios que acabamos de enunciar; escolherá e promoverá aquelas opções que defendam programas nos quais sejam promovidos ou ao menos respeitados.