segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A melhor Quaresma da sua vida

Fonte: Aletéia
Sugestões práticas e simples para viver cada dia deste período tão especial das nossas vidas

Muitos dos nossos leitores nos enviaram dúvidas sobre a Quaresma, especialmente sobre as maneiras de se fazer jejum ou viver melhor este período tão importante para as nossas vidas.

Por isso, lhe oferecemos agora uma série de sugestões de propósitos diários de Quaresma: resoluções simples e práticas que podem ser vividas por todos no dia a dia. Você pode inclusive imprimir ou guardar esta lista de propósitos e carregar com você ao longo da Quaresma, como guia pessoal.

Aproveite esta oportunidade de se aproximar mais de Deus!

( ✔ ) 22/02, 1º Domingo de Quaresma: antes de dormir, peça a Deus que lhe ajude a terminar esta Quaresma um pouco mais perto d’Ele.

(   ) 23/02, segunda-feira: repita uma pequena oração ao longo do dia. Pode ser: “Senhor, tem misericórdia de mim” ou “Jesus, ajuda-me a conhecer-te e a fazer tua vontade”. Aproveite para usar suas próprias palavras também.

(   ) 24/02, terça-feira: faça uma lista das coisas pelas quais você está agradecido(a). Simples: anote em um papel 10 coisas pelas quais você é grato(a): família, talentos, amigos, conquistas etc.

(   ) 25/02, quarta-feira: reze uma Ave-Maria por aquela pessoa que chateou você hoje.

(   ) 26/02, quinta-feira: repita ao longo do dia as palavras de Santo Inácio de Loyola: “Tomai, Senhor, e recebe toda a minha liberdade”.

(   ) 27/02, sexta-feira: ofereça alguma ação do dia a Deus, de maneira consciente e sincera: tirar o lixo, lavar a louça... Qualquer pequena ação, feita por amor a Deus, tem um valor especial.

(   ) 28/02, sábado: faça um pequeno ato de caridade sem contar para ninguém.

(   ) 1º de março, 2º Domingo da Quaresma: leia pausadamente um dos quatro relatos da paixão, morte e ressurreição de Jesus, imaginando estar ao lado d’Ele em todos os momentos. Pode ser Lucas 22,39 – 24,12.

(   ) 02/03, segunda-feira: ofereça uma Ave-Maria pela conversão dos pecadores.

(   ) 03/03, terça-feira: ao ouvir uma notícia ruim, ore pelas pessoas envolvidas.

(   ) 04/03, quarta-feira: agradeça a Deus antes das refeições do dia.

(   ) 05/03, quinta-feira: dê uma esmola, de coração.

(   ) 06/03, sexta-feira: aproveite esta sexta-feira para fazer jejum de palavras negativas, esforçando-se para fazer somente comentários positivos sobre as pessoas e os acontecimentos.

(   ) 07/03, sábado: faça o sinal da cruz sobre a testa de alguém a quem você ama, abençoando essa pessoa com o poder da cruz de Jesus.

(   ) 08/03, 3º Domingo da Quaresma: peça a Deus que lhe ajude a perdoar aquela pessoa que machucou você um dia. Suplique esta graça a Jesus crucificado.

(   ) 09/03, segunda-feira: procure lembrar de alguma música que o aproxima de Deus. Busque a música na internet e ouça-a, como um momento de oração.

(   ) 10/03, terça-feira: escolha uma atividade do seu dia e faça-a da melhor maneira possível, para a glória de Deus.

(   ) 11/03, quarta-feira: compartilhe uma mensagem espiritual com seus amigos nas redes sociais.

(   ) 12/03, quinta-feira: elogie sinceramente 3 pessoas hoje, buscando valorizar suas qualidades ou ações.

(   ) 13/03, sexta-feira: dia de “jejum dos seus problemas”: evite pensamentos centrados em você e nas suas dificuldades. Ao perceber um pensamento assim, substitua-o por uma frase de agradecimento interior a Deus pela vida e seus desafios.

(   ) 14/03, sábado: procure dedicar um bom período do dia de hoje à sua família: cozinhar para eles, assistir a um filme juntos, passear, visitar algum parente etc.

(   ) 15/03, 4º Domingo da Quaresma: reze um mistério do terço (de preferência, um dos mistérios dolorosos), oferecendo-o pelos cristãos perseguidos.(   ) 16/03, segunda-feira: diante das tarefas deste dia, procure perguntar-se constantemente: “Como Jesus faria isso, se estivesse no meu lugar?”. E faça o que seu coração mandar.

(   ) 17/03, terça-feira: reze um Pai-Nosso pedindo perdão a Jesus por todas as pessoas que o ofendem diariamente.

(   ) 18/03, quarta-feira: seja especialmente caridoso(a) no dia de hoje, espalhando bondade e gentileza ao seu redor.

(   ) 19/03, quinta-feira: procure sorrir ao longo do dia, a todos – inclusive aos seus problemas.

(   ) 20/03, sexta-feira: faça um pequeno “jejum de tecnologia” durante 1 hora do seu dia (celular, redes sociais, internet), preferencialmente à noite, e dedique este tempo a ajudar alguém, mesmo que seja nas tarefas domésticas.

(   ) 21/03, sábado: prepare sua confissão quaresmal, procurando centrar-se em suas faltas de amor a Deus e ao próximo. Se possível, já escolha o dia em que irá se confessar antes da Páscoa.

(   ) 22/03, 5º Domingo da Quaresma: escolha uma pessoa que lhe deu um bom testemunho em algum momento da vida e escreva-lhe, agradecendo por isso.

(   ) 23/03, segunda-feira: antes de dormir, lembre-se do momento mais difícil deste dia e agradeça a Deus pela oportunidade que você teve de crescer com essa dificuldade.

(   ) 24/03, terça-feira: antes de dormir, reze pelas pessoas que não têm um lar.

(   ) 25/03, quarta-feira: peça a Maria que interceda por aquela pessoa que você sabe que se encontra em dificuldade.

(   ) 26/03, quinta-feira: peça ao Espírito Santo que ajude todos os cristãos a valorizarem o sacrifício de Jesus na cruz.

(   ) 27/03, sexta-feira: faça um “jejum de reclamações”, passando o dia todo sem reclamar de nada nem de ninguém. Ao invés de reclamar, procure um motivo para agradecer.

(   ) 28/03, sábado: use sua criatividade e faça um ato de caridade a um dos seus vizinhos.

(   ) 29/03, Domingo de Ramos: agradeça a Deus sinceramente por ter dado a vida na cruz pela nossa salvação.

- Durante a Semana Santa: procure reservar um momento especial de cada dia à oração. Uma boa opção é fazer a Via Sacra, ou pelo menos algumas estações dela por dia, para acompanhar Jesus mais de perto neste momento.

Você pode também fazer um jejum especial ao longo da Semana Santa, não só de alimentos, mas também de palavras e pensamentos negativos; jejum dos “ruídos” do dia a dia, para estar com o coração mais em silêncio, acompanhando Jesus em sua Paixão.

Escute a voz de Deus no seu coração: Ele guiará você em seus propósitos diários!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Cinzas: Páscoa no horizonte

Fonte: Catequese hoje
O Ano Litúrgico é um “tempo terapêutico” que toca, desvela e transforma todas as dimensões da vida. A partir desta perspectiva, a Quaresma e a Páscoa são consideradas tempos de intensa mobilização para a mudança interior e comunitária. A expressão bíblica para indicar essa transformação é “metánoia”, que indica mudança, conversão, fazer o retorno, ter diante dos olhos outro caminho a percorrer, tomar outro atalho com uma mudança de direção. 

De acordo com este tempo litúrgico, o caminho para a transformação começa simbolicamente com a “Quarta-feira de Cinzas”. Com a imposição das cinzas, reconhecemos a necessidade de dar outro rumo à vida, com todo o nosso ser. Mudar nosso coração de pedra por um coração de carne, misericordioso, com entranhas, humano. A liturgia na Igreja expressa isso mediante uma fórmula ritual: ao traçar a cruz com cinzas a fronte de cada um, proclama: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Ou seja, mude de caminho, com renovada decisão, e assuma a causa de Jesus de Nazaré: seu Reinado de justiça e de paz. 
As “cinzas” são o símbolo daquilo que morreu e foi reduzido à sua expressão mínima. Cinzas obtidas dos ramos que na celebração do ano anterior nos ajudou a fazer memória da entrada triunfante de Jesus em Jerusalém. O modo de louvar, de rezar, de celebrar do ano passado, já não serve mais; não podemos usar os mesmos ramos, os mesmos argumentos, a mesma intensidade. Daqui brota a necessidade de não nos apegarmos àquilo que serviu alguma vez para nosso crescimento espiritual e comunitário, para fazer aparecer a novidade de uma notícia que sempre desperta mais assombro. 
Os ramos transformados em cinzas, passaram pelo fogo. Essa é a nossa garantia: que aquilo que passa pelo fogo, é necessariamente renovado. Animar-nos, neste tempo de travessia, a acender o fogo para converter em cinza o que é caduco e ultrapassado em nós; e ao nos ver rodeados de cinzas, sentir-nos-emos esvaziados de nossas falsas seguranças e ilusões, de nossa prepotência e autocentramento. 
Das cinzas surgirá a maturação; as folhas caídas darão lugar ao novo broto e isto implica atrever-nos a viver com mais intensidade e criatividade, fazendo a dura travessia em direção ao novo que nos humaniza. As cinzas, também, apresentam a textura e a leveza para deixar-se espalhar pelo vento, para que o “sopro do Espírito” as leve para onde quer que seja, as lance em terras novas, conferindo-lhes novas fertilidades. 
Marcados pelas cinzas, deixamo-nos conduzir pelo Vento do Espírito para lugares onde seja necessário nossa presença, nosso testemunho, nossa profecia. Quaresma é tempo para confiar nas cinzas e no vento, para sair e criar o novo, preparar o novo mundo e fecundar a nova terra. 
Para ajudar a fazer a “travessia” de uma vida estreita e limitada a uma vida expansiva, aberta e comprometida, a liturgia quaresmal nos convida a viver as chamadas “práticas quaresmais” ou seja, o jejum, a esmola, a oração como atitudes que nos permitem abrir e ampliar espaços em nosso coração, para Deus e para os outros. São também práticas que nos fazem crescer na identificação e no seguimento de Jesus Cristo, pois a Quaresma implica “ter os olhos fixos n´Ele”, para deixar-nos impregnar pelo seu “modo de ser e viver”, alargando cada vez mais as quatro dimensões básicas da vida: relação consigo, com os outros, com a criação e com Deus. 
Fazer jejum não se limita a renunciar algo (alimento, bebida, vícios…); tal atitude pode nos levar a farisaísmos ou voluntarismos, quando o centro somos nós mesmos. Fazer jejum significa ativar e reforçar os dinamismos humanos oblativos, ou seja, aqueles que nos descentram e nos expandem na direção do serviço e do compromisso com o outro, sobretudo os mais pobres e excluídos. Se o jejum não nos faz mais compassivos, solidários, com espírito de partilha... ele se reduz a uma simples penitência, vazia de sentido. No seu horizonte, o outro não está presente. 
A quaresma deverá, então, ser um tempo para “jejuar alegremente”; e isto implica duas coisas:
- jejuar de julgar os outros e festejar a nobreza escondida em cada um; jejuar de preconceitos que nos afastam e fazer festa por aquilo que nos une na vida; jejuar das tristezas e celebrar a alegria; jejuar de pensamentos e palavras doentias e alegrar-nos com palavras carinhosas e edificantes; jejuar de lamentar fracassos e festejar a gratidão; jejuar de ódio e festejar a paciência santificadora; jejuar de pessimismos e viver a vida com otimismo como uma festa contínua; jejuar de preocupações, queixas e lamentações, e festejar a esperança e o cuidado providente de Deus; jejuar de pressas e ativismos e saber festejar o repouso reparador;... 
Algo disto também é vivido através da prática da “esmola”, que não se reduz a renunciar algo próprio, o que sobra. Implica fazer da vida uma contínua “oferta”, ou seja, uma atitude de vida atenta à realidade do outro, deixando-se afetar pela sua pobreza, sofrimento e exclusão. Trata-se de viver o espírito de partilha, colocando “pitadas” de misericórdia nos gestos de proximidade; ter um olhar contemplativo que sabe ler entre linhas, que está atento à sede de compaixão daqueles que o cercam; revelar uma forma de se relacionar com os outros de outra maneira, mais gratuita e desinteressada; não é tirar da bolsa, mas do coração; compartilhar o que se é e o que se tem, em suma, que seja expressão de amor.
Enfim, outra prática quaresmal que nos faz crescer na identificação com Jesus e a viver na perspectiva do outro é a oração. A oração, é vista, muitas vezes, como um modo de “terceirizar” soluções: pedir a Deus que faça o que nós não fazemos; e se Ele não faz será sua suprema vontade que tudo se mantenha igual, fechando a pessoa em sua cápsula tão distante da vida das pessoas. Quaresma é tempo propício para ter Jesus orante diante dos olhos, como referente e inspirador. 
A oração de Jesus o fazia mergulhar de cheio nas dores, nas exclusões e nas injustiças cotidianas, e o provocava a revisar suas práticas concretas, para cultivar vínculos mais semelhantes aos que Ele descobria como o sonho do Pai. Na oração, Jesus exalta os pequenos e excluídos; nas experiências compartilhadas de oração vai delineando sua missão e ampliando seus próprios limites, abre-se aos “pagãos”, reconhece e aceita o novo que brota das margens. 
Em atitude orante, Jesus abre os olhos e ouvidos dos cegos e surdos, põe de pé os paralíticos, anima os desfalecidos a recomeçar, cura os doentes... A solidão no monte o impulsiona a compreender com mais profundidade o sentido daquilo que vive e a comprometer suas mãos com maior decisão nas vidas daqueles com quem se encontra... 
Texto bíblico: Mt 6,1-6.16-18 

Na oração: Em nosso interior há todo um mundo de vozes, ruídos e imagens que surgem de nós mesmos, daqueles que nos rodeiam, de nossa comunidade e também de Deus. É preciso tomar consciência dos “movimentos internos” que acontecem na oração, acolhê-los, interpretá-los e verificar a direção que eles estão indicando. 
Daí a importância do silêncio na oração; ele é a chave a raiz da palavra carregada de vida; o silêncio é o território da palavra ousada e criativa; a palavra mais significativa brota de uma longa espera, de um prolongado silêncio; do silêncio brota a palavra que torna nossa vida mais intensa, abrindo-nos a Deus e aos outros; na oração aprendemos a distinguir e dar nome àquilo que vem de Deus; vamos aprendendo a escolher as cores que nos ajudam a preencher nossa vida, por dentro e por fora, com as tonalidades que melhor nos harmonizem com a paisagem que Deus quer pintar no mundo. 
Pe. Adroaldo Palaoro sj
Diretor do Centro de Espiritualidade Inaciana -CEI

Acabou a euforia. E agora?

Fonte: Cleófas
O carnaval passa rápido. Mas ainda que dure três dias, quando acaba pode deixar um sabor amargo.

Os dias de carnaval são vividos de muitas maneiras. Alguns aproveitam para descansar no campo ou na praia, outros vão para os retiros espirituais etc. E há aqueles que caem, de fato, na chamada “folia”. Mesmo para estes, os dias de carnaval não são iguais. Alguns gostam de, como se dizia antigamente, “brincar o carnaval”, e são capazes de ir aos clubes ou sair em algum bloco carnavalesco sem perder a compostura, isto é, sem cair na droga, na bebida ou na sexualidade fácil e sem compromisso.

Mas há outros que, infelizmente, fazem desses dias um tempo de liberação de todas as paixões desordenadas que “digladiam em nossos membros”, como dizia São Paulo. Esses, muitas vezes cansados de seus problemas de toda natureza, fazem desta festa dias de relaxamento e se entregam de corpo e alma às folias desregradas, regadas a bebidas, drogas, sexo etc. É claro que o fruto de tudo isso é ruim. O pecado gera tristeza. A virtude produz alegria na alma.

São Paulo fala muito claro desses pecados que matam na alma a graça de Deus: “Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes” (Rm 13,13). Deus não nos quer dominados pelos pecados, pois eles nos escravizam: “Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza… Nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disto, ações de graças. Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras! – terá herança no Reino de Cristo e de Deus. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites” (Ef 5,3-5).

Quando o carnaval termina, o que resta é a alegria? Nesses casos, não. A alegria é diferente do prazer. Este passa rápido, ainda que possa durar três dias; e quando passa, deixa sabor amargo. Sabemos que há muitas meninas que engravidam nesses dias, são enganadas e abusadas; depois, levam no ventre uma criança para gestar e criar. Sabemos a consequência de tudo isso. Não vale a pena. E quantos rapazes e garotas que se entregam à bebida e às drogas!

Acabada a folia, é hora de retomar o caminho da verdade e da vida, e Jesus nos aponta esse caminho. Se foi um tempo de devassidão, para quem é católico, é hora de pensar no que passou, confessar-se caso haja pecados e retomar a caminhada da fé.

Felizmente, temos agora um tempo de graça que a Igreja coloca para nós e o céu confirma: a Quaresma.

Nela, a Igreja nos aponta os “remédios” para uma alma adoecida pelo pecado: jejum, esmola e oração. Mas também leitura meditada da Palavra de Deus, confissão, Eucaristia, um terço de Nossa Senhora bem rezado, uma peregrinação, uma via-sacra. Enfim, são práticas que nos ajudam a vencer o pecado, a readquirir a graça de Deus e viver na Sua intimidade como Seus filhos amados.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Dia Mundial do Doente: como nasceu e por que

Fonte: Rádio Vaticano 

O tema do Dia Mundial do Enfermo 2015 nos convida a meditar a frase do livro de Jó: «Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo». Em sua mensagem, o Papa Francisco fez a reflexão na perspectiva da «sapientia cordis», da sabedoria do coração.

Mensagem 2015

Sabedoria do coração, escreve o Pontífice, é servir o irmão. Jó evidencia a dimensão de serviço aos necessitados por parte de Jó, homem justo que tem autoridade e ocupa um lugar de destaque entre os anciãos da cidade. A sua estatura moral se expressa no serviço ao pobre que pede ajuda, bem como no cuidado do órfão e da viúva. Isto consta no capítulo 29.
Sabedoria do coração é também estar com o irmão. Francisco aponta que “o tempo gasto junto do doente é um tempo santo”. E ainda, “sabedoria do coração é sair de si e ir ao encontro do irmão. Às vezes, o nosso mundo esquece o valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesi do fazer e do produzir, esquecemos a dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro”.
Enfim, o Papa aponta que “sabedoria do coração é ser solidário com o irmão, sem o julgar”. No segundo capítulo de seu livro, Jó narra que seus amigos ficaram sentados no chão, ao lado dele, sete dias e sete noites, sem lhe dizer palavra, pois viram que a sua dor era demasiado grande. Dentro de si mesmos, os amigos de Jó escondiam um juízo negativo acerca dele: pensavam que a sua infelicidade fosse o castigo de Deus por alguma culpa dele. Francisco diz que “a verdadeira caridade é partilha que não julga, que não tem a pretensão de converter o outro; está livre daquela falsa humildade que, fundamentalmente, busca aprovação e se compraz com o bem realizado”.
E na conclusão, afirma que “mesmo quando a doença, a solidão e a incapacidade levam a melhor sobre a nossa vida de doação, a experiência do sofrimento pode tornar-se lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte para adquirir e fortalecer a ‘sabedoria do coração’. Também as pessoas imersas no mistério do sofrimento e da dor, se acolhido na fé, podem tornar-se testemunhas vivas duma fé que permite abraçar o próprio sofrimento, ainda que o homem não seja capaz, pela própria inteligência, de o compreender até ao fundo.

O Papa e a Pastoral da Saúde
No Vaticano, as questões relacionadas à saúde estão a cargo do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde criado em de 11 de fevereiro de 1985. A instituição, presidida atualmente pelo Arcebispo polonês Zygmunt Zimowski, tem como fins estimular e promover o trabalho de formação, de estudo e de ação no campo sanitário junto as várias organizações internacionais católicas.
O Pontifício Conselho organiza a cada ano as celebrações do Dia Mundial do Enfermo, sempre em 11 de fevereiro, dia dedicado a Nossa Senhora de Lourdes padroeira dos enfermos. Neste Dicastério, trabalha uma religiosa brasileira, Juliana Resende, que acaba de professar seus votos perpétuos na sede da Congregação das Servas do Plano de Deus, em Lima. Pela primeira vez, Irmã Juliana participa do Programa Brasileiro, explicando como nasceu esta iniciativa e com que objetivos. 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O que é a saudade?

Fonte: Cleófas
A melhor definição de saudade
Recebemos esse belo artigo do Dr. Rogério Brandão, Médico oncologista. Vale a pena ler até o fim.
“Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional (…) posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes…
Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além…
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional… Comecei a frequentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria.
Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças.
Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias.
Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano!
Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
— Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores… Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Indaguei:
— E o que a morte representa para você, minha querida?
— Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)
— É isso mesmo.
— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei “entupigaitado”, não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.100_msgs_menor
— E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela.
Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:
— E o que saudade significa para você, minha querida?
— Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica!
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores.
Quando a noite chega, se o céu está limpo e vejo uma estrela, chamo pelo “meu anjo”, que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa.
Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que me ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade!
O amor que ficou é eterno”.
Retirado do livro: “100 Mensagens para a alma, Ed. Cléofas "

Papa Francisco distribui 300 guarda-chuvas aos sem-teto

Fonte: Aletéia
As chuvas intermitentes que caem sobre a capital italiana nos últimos dias não passaram desapercebidas do Papa Francisco. Na mais recente iniciativa em favor dos pobres que circulam nos arredores do Vaticano e de Roma, a Esmolaria Pontifícia, atendendo a uma solicitação do Pontífice, distribuirá 300 guarda-chuvas aos sem-teto.

O responsável pelo braço caritativo do Papa, o Arcebispo polonês Dom Konrad Krajewski, informou à Agência Ansa que para atender a esta necessidade dos sem-teto, serão utilizados 300 guarda-chuvas esquecidos pelos turistas em visita aos Museus Vaticanos.

Esta iniciativa em favor dos mais necessitados soma-se à concretização da “Barbearia do Papa” - a ser aberta em breve e que oferecerá corte de cabelo e barba -, e aos chuveiros instalados sob as Colunatas de Bernini, antiga requisição dos sem-teto.

“A primeira coisa que nós queremos é dar dignidade à pessoa. A pessoa que não tem a possibilidade de lavar-se é uma pessoa socialmente rejeitada e todos nós sabemos que um sem-teto não pode apresentar-se em um local público como num bar ou num restaurante para pedir algo, pois lhe é negado”, havia declarado Dom Krajewski, quando da instalação dos chuveiros.