terça-feira, 29 de novembro de 2011

Projetos


Eu tinha um plano de vida, 
onde era tudo previsto,
mas o Senhor Jesus Cristo, 
tinha os seus planos também.
Na minha mente atrevida 
eu fabricava castelos, 
não aceitava palpites, 
não consultava ninguém. 
 Eis que porém senão quando, 
 Ele chegou de mansinho, 
 foi pondo setas na estrada, 
 fê-la tornar-se um caminho.
 (trecho da canção "Projetos" de Pe. Zezinho)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O presépio hoje

Fonte: Zenit
Por Antonio Gaspari

São Francisco e a história de uma tradição natalina
     Presépio de nossa comunidade, inspirado nos presépios italianos

Quem inventou o presépio? Por que o fez? O que tem a ver São Francisco com a história do presépio? Qual é o significado? Por que esta tradição resiste ao longo do tempo?
Para conhecer e aprofundar a história do presépio e a sua atualidade também no mundo moderno de hoje, ZENIT entrevistou o padre Pietro Messa, diretor da Escola Superior de Estudos Medievais e Franciscanos da Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma.
Qual a relação entre São Francisco e o presépio?
Em 1223, exatamente no dia 29 de novembro, o Papa Honório III com a Bula Solet annuere aprovou definitivamente  a Regra dos Frades Menores. Nas semanas seguintes Francisco de Assis dirigiu-se para o eremitério de Greccio, onde expressou seu desejo de celebrar o Natal naquele lugar.
Para uma pessoa do local ele disse que queria ver com os "olhos do corpo" como o menino Jesus, na sua escolha de humilhação, foi deitado numa manjedoura. Portanto, determinou que fossem levados para um lugar estabelecido um burro e um boi – que de acordo com a tradição dos Evangelhos apócrifos estavam junto do Menino - e sobre um altar portátil colocado na manjedoura foi celebrada a Eucaristia. Para Francisco, como os apóstolos viram com os olhos corporais a humanidade de Jesus e acreditaram com os olhos do espírito na sua divindade, assim a cada dia quando vemos o pão e o vinho consagrados sobre o altar, acreditamos na presença do Senhor no meio de nós.
Na véspera de Natal em Greccio não haviam estátuas nem pinturas, mas apenas uma celebração Eucaristica numa manjedoura, entre o boi e o jumento. Só mais tarde é que este evento inspirou a representação do Natal através de imagens, ou seja, por meio do presépio, no sentido moderno.
Por que fez isso?
Francisco era um homem muito concreto e para ele era muito importante a encarnação, ou seja, o fato de que o Senhor fosse tangível por meio de sinais e de gestos, antes de mais nada, pelos sacramentos. A celebração de Greccio se coloca justamente neste contexto.
Como você explica a popularidade e a disseminação dos presépios?
Francisco morreu em 1226 e em 1228 foi canonizado pelo Papa Gregório IX; desde aquele momento a sua história foi contada, evidenciando a novidade e, graças também à obra dos Frades Menores, a devoção a São Francisco de Assis se espalhou sempre mais em um modo capilar. Como conseqüência também o acontecimento de Greccio foi conhecido por muitas pessoas que desejavam retratá-lo e replicá-lo, passando a apresentar e promover o presépio. Desta forma se tornou patrimônio da cultura e da fé popular.
Qual é o significado e por que a Igreja convida os fiéis a representar, construir, ter presépios em casa e em lugares públicos?
A Igreja sempre deu importância aos sinais, especialmente litúrgico sacramentais, tendo sempre o cuidado de que não terminassem numa espécie de superstição. Alguns gestos foram encorajados porque eram considerados adequados para a propagação do Evangelho e entre esses está justamente o presépio que na sua simplicidade dirige toda a atenção a Jesus.
Qual é a relação entre o presépio e a arte? Por que tantos artistas o têm pintado, esculpido, narrado, ....?
Devido à sua plasticidade o presépio presta-se às representações na qual o particular pode se tornar o sinal da realidade quotidiana da vida. E justo esses detalhes da vida humana - os vestidos dos pastores, as ovelhas pastando, o menino preso à saia da mãe, etc - foram representados também como indícios ulteriores do realismo cristão que emana da Encarnação.
O que você acha da devoção popular pelo presépio ainda muito difundida entre o povo? Deve ser estimulada ou limitada?
Como São Francisco, cada homem e mulher precisa de sinais; alguns já são incompreensíveis enquanto que outros pela sua simplicidade e imediatismo têm ainda uma eficácia. Entre estes podemos colocar o presépio e, portanto seja sempre bem vinda a sua propagação.
Tendo em conta este debate, sexta-feira, 18 novembro, foi realizada uma reunião na Pontifícia Universidade Antonianum (Hall Jacopone da Todi), com Fortunato lozzelli e Alessandra Bartolomei Romagnoli justamente sobre os lugares de Francisco de Assis na região do Lácio, com particular atenção para o santuário franciscano de Greccio.

Novena de Natal

Preparando-nos para a vinda de Jesus 
Advento é tempo de preparação para a vinda de Jesus Salvador. Tempo em que nos preparamos para a sua segunda vinda definitiva e gloriosa e para a celebração da sua primeira vinda, quando nasceu pequeno, frágil em nossa humanidade. Tempo de alegre expectativa, mas também tempo de estarmos atentos e vigilantes. Assim como a Quaresma é um tempo de preparação para a Páscoa, o Advento vem preparar o Natal e é um tempo propício à conversão, à misericórdia e ao perdão, quando o Senhor bate às portas dos nossos corações buscando uma resposta de amor,pois é somente no amor e na fraternidade que vamos ao encontro do Senhor que vem. 
E qual a melhor forma de, como cristãos conscientes, nos prepararmos, efetivamente, para receber o Deus-menino que vem até nós? Certamente, pela escuta da Palavra de Deus, nas missas do Advento, em especial as dos quatro domingos que antecedem a festa e apresentando a Deus um coração que busca com sinceridade um desejo de renovação. E nessa busca, existe uma maneira de viver a espiritualidade do Advento, que surgiu no meio do povo e que, com o passar do tempo, tornou-se quase que “obrigatória” para nós, católicos: a Novena de Natal. Essa “obrigação” não nasceu de um peso ou de uma regra, mas de um desejo da alma que nos pede uma preparação especial para esta festa.
A Novena de Natal, realizada em nove dias seguidos ou não, possibilita às pessoas, parentes, amigos, vizinhos, a oportunidade de estreitarem ainda mais os seus laços de união. Pela novena, são reforçadas as antigas amizades e criam-se novas. Em torno de um pequeno presépio ou uma simples imagem do Menino Jesus, da Bíblia aberta no trecho que será refletido, as pessoas rezam, cantam e meditam juntas o mistério de um Deus que se fez criança e veio habitar entre nós. Nesse tempo tão especial que é o Advento do Natal, ao abrirmos nossa casa para receber aqueles que amamos, estamos abrindo nossos corações para receber o próprio Cristo. É um bom momento para nos encontrarmos com a família, amigos e vizinhos para conversar, rezar, meditar, compartilhar nossas experiências de vida, enfim, amadurecer como cristãos. É na troca de experiências que crescemos e fazemos os outros crescerem como verdadeiros cristãos. A novena, significa também, uma boa oportunidade para atrair aqueles que estão afastados de Deus, da Igreja, de trazer as crianças e jovens para mais perto de Deus. Numa cozinha, varanda, sala ou garagem, não importa o lugar, sentamo-nos aconchegados, cantamos as doces canções do Advento e revivemos a história de dois mil anos atrás, trazendo-a para os dias de hoje, na figura dos pobres, marginalizados e necessitados de nossa sociedade atual. 
Em nosso bairro, há mais de dez anos, adotamos o costume de nos reunir durante esses nove encontros nas casas dos membros de nossa comunidade. Além de estarmos juntos e rezarmos juntos durante todo o ano, é também nesses momentos de preparação para a grande festa do Natal que trocamos experiências e nos firmamos no propósito de sermos um pouco melhores a cada ano. Por isso, não sabemos mais vivenciar um Natal sem participar da Novena. Ela representa a parada necessária do corre-corre do trabalho de fim de ano, das festas de confraternização, dos shoppings lotados, do Papai Noel comercial, para nos determos por alguns momentos que sejam, no verdadeiro significado do Natal, na presença Daquele que veio para nos ensinar o poder do amor e da união. 
Àqueles que ainda não tiveram oportunidade de participar de uma novena de Natal, façam essa experiência! Com certeza sairão mais preparados e desejosos de receber Jesus em seus lares e em suas vidas.

domingo, 27 de novembro de 2011

O que significa advento?

Advento é uma palavra que vem do latim ad-venio, que significa chegar. Por isso, enquanto se espera a chegada de alguém se toma a atitude de atenção, se fica de prontidão.
Mas a quem ou o que estamos aguardando?
Se pensarmos no acontecimento que segue ao tempo de advento, seguramente podemos dizer que estamos aguardando o nascimento do “Menino Jesus”, o Natal do Senhor. Trata-se de um fato realmente relevante, que merece toda a nossa prontidão, atenção e espera.
O Natal, como tempo litúrgico, coincide com a parte do ano onde parece renascer a esperança entre as pessoas. Um tempo no qual se relembra a fraternidade, a solidariedade, quando se troca presentes como sinal de amizade. É um tempo que provoca o encontro de pessoas, de famílias. Tudo isso é muito bom.
Mas o tempo que chega também passa, e com ele muitas vezes passam os encontros, se enfraquecem as esperanças. Então, por que os cristãos celebram anualmente esse tempo de espera?
Porque os cristãos sabem que o acontecimento que celebram não é pura recordação de um nascimento, mesmo que seja o nascimento do Salvador. Os cristãos, ao se prepararem para celebrar o Natal do Senhor, fazem memória do que significa esse nascimento. Em primeiro lugar, trata-se de um acontecimento que responde à expectativa da promessa feita ao povo eleito: “Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho” (Is 7,14). Em segundo lugar, os cristãos celebram um acontecimento que não se repetirá mais. O Senhor, que já assumiu a natureza humana nascendo como criança, não voltará mais como homem, mas é esperado uma segunda vez em sua glória.
Esta é a verdadeira espera da Igreja. Ela deve estar sempre à espera para que, quando o seu Senhor retornar, a encontre vigilante e pronta para celebrar com Ele o Banquete definitivo. Embora a celebração do Advento seja um tempo litúrgico, a atitude “da espera” faz parte da espiritualidade cristã. O cristão está sempre aguardando a chegada do seu Senhor.
Por isso, cabe aos cristãos não fazerem do tempo de Advento e Natal apenas momentos passageiros, que se perdem tão rápido como as belas luzes e os fogos de artifício. Cabe aos cristãos dar garantias de suas esperanças no cotidiano da vida, mostrando que enquanto esperam a chegada do seu Senhor se esforçam por viver os ensinamentos deixados por Ele. (Pe. Devair Araújo da Fonseca)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Santa Cecília

Ó Virgem e mártir, Santa Cecília, pela fé viva que vos animou, desde a infância, tornando-vos tão agradável a Deus e ao próximo, merecendo a coroa do martírio, convertendo pagãos ao cristianismo, alcançai-nos a graça de progredir cada vez mais na fé e professá-la através do testemunho das boas obras, especialmente servindo aos irmãos necessitados.
Gloriosa Santa Cecília, que os vossos exemplos de fé e virtude sejam para todos nós um brado de alerta, para que estejamos sempre atentos a vontade de Deus, na prosperidade como nas provações, no caminho do céu e da salvação eterna.
Santa Cecília, padroeira dos músicos e artistas, rogai por nós. Amém.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Se Cristo é o nosso Rei, o amor vence o ódio

Fonte: Zenit 
Na Audiência Geral de quarta-feira, a reflexão do papa Bento XVI olha para a iminente solenidade de Cristo Rei, que será celebrada no próximo domingo. 
O Salmo meditado durante a Audiência é de fato o 109 segunda a tradição greco-latina (110 segundo a tradição hebraica): a oração nele incluída no se referia à entronização de um rei davídico, mas com o Novo Testamento esta se torna “celebração do Messias vitorioso, glorificado a direita de Deus”. 
O primeiro versículo declama: “Assenta-te à minha direita, até que eu faça de teus inimigos o escabelo de teus pés.” (Sal 109,1). Esta entronização é relacionada, como profecia messiânica nos evangelhos (cfr Mat 22,41-45; Mar 12,35-37;Luc 20, 41-44) que falam da realeza de Jesus Cristo, como descendente de Davi. 
O rei divino, entretanto, deve obedecer ao Senhor que o entrega o cetro. Ele é agora empossado de “uma responsabilidade que deve viver na dependência e na obediência, tornando-se um sinal, dentro do povo, da presença potente e providente de Deus”, comentou o Santo Padre. 
“O domínio sobre os inimigos -prosseguiu o Pontífice- a glória e a vitória são dons recebidos, que fazem do soberano um mediador do triunfo divino sobre o mal; Ele domina sobre os inimigos, transformando-os, vence com seu amor”. 
No versículo 4, o salmista proclama:”O Senhor está à sua direita!”. Quase uma inversão de papéis que, na verdade, indica a proteção que Deus reserva ao soberano no momento da batalha. 
É somente quando o Senhor está ao seu lado que o rei pode combater o mal e vencê-lo. “Diz-nos : sim, no mundo há tanto mal, existe uma batalha permanente entre o bem e o mal e parece que o mal é mais forte – acrescentou o Papa – Não! Mais forte é o Senhor, o nosso verdadeiro Rei e sacerdote, Cristo, porque combate com a força de Deus e apesar de todas as coisas que nos fazem duvidar sobre o êxito da história, vence Cristo, vence o bem, vence o amor, não o ódio”. 
O conteúdo messiânico do Salmo 109, como recordou Bento XVI, é evidenciado também por Santo Agostinho que escreve: “Era necessário conhecer o filho unigênito de Deus, que estava por vir entre os homens, para assumir o homem e se tornar homem através da natureza assumida: ele seria morto, ressuscitado, elevado ao céu, assentaria à direita do Pai e cumpriria entre as nações aquilo que havia prometido”. 
O Salmo meditado hoje, nos ajuda, portanto a “olhar Cristo para compreender o sentido da verdadeira realeza, de viver no serviço e na doação de si, em um caminho de obediência e de amor levado até o fim” (cfr Joa13,1 e 19,30)”. 
“Rezando com este Salmo, peçamos então ao Senhor para nos conduzir pelo seu caminho, no seguimento a Cristo, o rei Messias, dispostos a subir com Ele o monte da cruz para alcançar com Ele a glória, e contemplá-lo sentado à direita do Pai, rei vitorioso e sacerdote misericordioso que doa perdão e salvação à todos os homens”, acrescentou o Papa. 
O Santo Padre concluiu a própria catequese convidando “a rezar mais com os Salmos, talvez criando o hábito de utilizar a Liturgia das Horas, as Laudes pela manhã, as Vésperas à tarde e as Completas antes de dormir. O nosso relacionamento com Deus só pode ser enriquecido no caminhar diário em sua direção e realizado com mais alegria e confiança”. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Os talentos a nós confiados

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ
Mais um ano litúrgico está terminando e celebramos neste final de semana o penúltimo domingo – o XXXIII - do Tempo Comum. Os textos da Palavra de Deus desta época nos levam ao tema das últimas coisas e nos fazem pensar sobre a parusia. E o apóstolo São Paulo nos traz de volta à realidade da nossa vida e de nossa existência aguardando a vinda do Senhor. No trecho da segunda leitura, tirada da primeira Carta aos Tessalonicenses (1Ts 5,1-6), fala-nos exatamente do dia do Senhor.
Há no texto um convite claro para a vigilância na espera desse encontro com o Senhor. Existem muitos que discursam sobre o final dos tempos marcando falaciosamente datas. Porém, para nós, o convite nos é dirigido para estarmos preparados cada dia. No início do mês celebramos a comemoração dos fiéis defuntos e rezamos nessa intenção. No domingo passado recordarmos com alegria os nossos irmãos que se encontram na visão beatífica, os santos, e nos alegramos com seus exemplos e intercessão. Porém, é fato também que existe uma cultura que tem causado violências e mortes em nossa sociedade e que nos questiona sobre o sentido que damos às nossas vidas. Essas celebrações e ocorrências nos ajudam a olhar com mais profundidade os nossos caminhos. Nestas terras da Jornada Mundial da Juventude, chamam a nossa atenção algumas mortes precoces de jovens por causa da violência em nosso país, como por exemplo: pela violência oriunda da contravenção, as que ocorrem pelos acidentes de trânsito, as causadas pelos motoristas bêbados, e tantas outras em circunstâncias e detalhes que enchem as páginas de alguns jornais. Com a campanha “contra o extermínio de jovens”, somos chamados a pensar sobre nosso compromisso com a vida e com uma sociedade mais justa. É doloroso ver os nossos jovens enveredados por tantos caminhos que só levam à infelicidade e morte. Porém, diante de tantas ocorrências somos chamados a refletir sobre o último ato da nossa vida. Nossa vida de fé deve ser uma vida ativa e dinâmica, no sentido de que não podemos adormecer sobre a nossa condição, às vezes sem expressão clara da verdadeira fé.
O Evangelho deste domingo (cf. Mt 25,14-30) nos ajuda a examinar nossos caminhos porque fala dos frutos dos talentos recebidos. Deus nos deu uma importante missão, que devemos levar adiante e que identificamos como talentos. Temos o dever de trabalhar para a conquista do Reino de Deus e a sua propagação entre nós. Isso nos foi confiado pelo Senhor. A parábola dos talentos ajuda-nos a assumir um comportamento mais responsável sobre a fé, para vivê-la e repassá-la não somente pela palavra, mas, sobretudo, pelo exemplo de vida. Isso deve ser claro, especialmente para aqueles que vivem sobre o legado do passado, sobre os bens já feitos e executados imaginando que nada mais é necessário hoje. Devemos, porém, estar sempre vigilantes e ativos.
Deus vê o coração, a generosidade, o empenho, a dedicação, a vigilância, o compromisso de cada um de nós. Nessa perspectiva, é muito eficaz o que lemos na primeira leitura deste domingo (cf. Pr 31,10-13.19-20.30-31): o texto é retirado do livro de Provérbios, um dos livros sapienciais do Antigo Testamento, cheio de razões espirituais e morais. É claro que o padrão das mulheres fortes e trabalhadoras, honestas e generosas, que cuidam de sua beleza interior é um exemplo de vida para todos que se preocupam com o destino de sua felicidade terrena e eterna.
A leitura do Evangelho deste domingo mais uma vez insiste na vigilância ativa e sobre a responsabilidade corajosa que devem distinguir quem acolheu a mensagem da salvação. A parábola não deixa de ter um aspecto polêmico: Mateus, obviamente, estava pensando numa comunidade não muito comprometida, que adormece sobre os louros. O servo que se contentou em esconder o seu talento, servilmente fazendo o que ele pensa ser a tarefa do mestre, é chamado de "mau e preguiçoso".
A parábola vai bem além dos padrões morais que encontramos na primeira leitura. Não se trata apenas de valorizar os dons recebidos: o capital que o Senhor nos confiou é, antes de tudo, a Sua Palavra, que abre horizontes infinitos para as nossas vidas. É também a missão de evangelização, que se refere ao futuro da Igreja e do reino.
O homem da parábola representa o próprio Cristo, os servos são os discípulos e os talentos são os dons que Jesus lhes confia. Por isso, tais dons, além das qualidades naturais, representam as riquezas que o Senhor Jesus nos deixou em herança, para que as multipliquemos. E, em consequência, toda a transformação da sociedade na civilização do amor. Em síntese: o Reino de Deus, que é Ele mesmo, presente e vivo no meio de nós.
A parábola insiste na atitude interior com que acolher e valorizar este dom. A atitude errada é a do receio: o servo que tem medo do seu Senhor e teme o seu retorno, esconde a moeda debaixo da terra e ela não produz qualquer fruto. Isto acontece, por exemplo, com quem, tendo recebido o Batismo, a Comunhão e a Crisma, depois enterra tais dons debaixo de uma camada de preconceitos, sob uma falsa imagem de Deus, que paralisa a fé e as obras a ponto de atraiçoar as expectativas do Senhor.
A realidade salta aos nossos olhos: Sim, o que Cristo nos concedeu multiplica-se quando é doado! Cristo nos oferece, generosamente, um tesouro feito para ser despendido, investido, compartilhado com todos. A mensagem central da liturgia deste domingo diz respeito ao espírito de responsabilidade com que devemos acolher o Reino de Deus – responsabilidade em relação a Deus e à humanidade. Encarna perfeitamente esta atitude do coração a Virgem Maria que, recebendo o mais precioso dos dons, o próprio Jesus, ofereceu-O ao mundo com imenso amor. A Maria Santíssima peçamos que nos ajude a ser "servos bons e fiéis" para que possamos um dia, com júbilo, entrar e participar "na alegria do nosso Senhor, o Cristo Redentor."

domingo, 13 de novembro de 2011

Que é ser santo hoje?

Do início do cristianismo, temos uma joia literária chamada Carta a Diogneto. Nela o autor desconhecido, responde a pergunta: que tem o cristão que o faz diferente dos outros? Seria a mesma coisa que dizer: que coisa significa a santidade do cristão? Responde de maneira singela. Ele faz as coisas que todo mundo faz, mas diferentemente. Tem um “mais”, um “excesso” que é não quantitativo, mas qualitativo. Em termos de hoje, diria: Ele vê TV, dirige automóvel, estuda nas escolas e universidades, trabalha nas firmas, mas não da mesma maneira que os outros. Tem algo na conduta, no brilho do olhar, na bondade do gesto, na pureza do agir, na liberdade, na gratuidade que o faz distinto. Isso é ser santo. (trecho do artigo "Que é ser santo hoje?")
Pe. J. B. Libanio
Jornal de Opinião – abril de 2004

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Não tenho tempo!

Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia – BA
O Eclesiastes é um interessante livro bíblico, do Antigo Testamento. Seu nome vem do grego e significa: o homem da assembleia; aquele que toma a palavra na sinagoga. Escrito em hebraico pelo ano 250 aC, esse livro comprova a influência da cultura grega na Judeia. Um tema atravessa, de modo especial, todos os seus capítulos: a precariedade das ocupações humanas. Tudo é “vaidade”, ou seja, tudo é neblina, fumaça e ilusão. Pessimista? Diria que não. Seu autor, um sábio ancião, quer instruir os jovens a viver com realismo e seriedade. É o que se conclui, por exemplo, com suas observações sobre o desenrolar do tempo: “Tudo tem seu tempo, há um momento oportuno para cada empreendimento debaixo do céu. Tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher a planta (…); tempo de chorar e tempo de rir” (Ecle 3, 1-2.4). A partir de suas observações, faço as minhas.
Um dia, quando se escrever um livro sobre o nosso século, talvez se escolha como título: “A época dos homens sem tempo”. Afinal, nenhuma justificativa é tão usada como a da falta de tempo. Ninguém tem tempo. Nem os adultos (no telefone, depois de não ter ido à reunião: “Pois é, infelizmente não tive tempo…”), nem os jovens (ao professor na Faculdade: “Por que ainda não entreguei o trabalho? Tempo, falta de tempo!…” ) e até as crianças (à mãe, que pede ao filho para fazer um serviço: “Ah! Mãe, logo agora que não tenho tempo?”).
Alguns não se dedicam a clubes de serviço porque não têm tempo. Outros não visitam seus parentes porque “não se tem mais tempo para nada”. Aquele jovem não estuda, este não trabalha e você nada lê porque lhes falta tempo. “Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”, é a irônica observação da Raposa ao Pequeno Príncipe.
A conclusão a que se chega – conclusão óbvia, clara, cristalina – é que há alguma coisa errada. Essa evidência se acentua quando se ouve a desculpa daqueles que cortaram, aos poucos, todo relacionamento com Deus, por um motivo muito simples: não têm tempo! “Gostaria de ir à missa, mas não tenho tempo. Desejaria ler o Evangelho, pensar nos outros, rezar, ser voluntário em algum hospital mas, infelizmente não tenho tempo”. Se o ser humano não tem mais tempo para cultivar sua amizade com o Pai ou para ir em direção a seus irmãos, alguma coisa está mesmo errada. Demos, pois, uma de pesquisador: procuremos o culpado por essa situação insustentável.
Seria Deus? Afinal, foi Ele que deu o tempo ao ser humano. Mas, talvez lhe tenha dado pouco tempo: afinal, há tanto que fazer!… Contudo, convenhamos: seria um absurdo pensar assim. Ele certamente dá aos homens e mulheres o tempo suficiente para que possam fazer o que Ele quer. Mais: Ele só espera de cada pessoa o que ela tem condições de fazer.
O problema da falta de tempo teria como causa o próprio ser humano? (De você, por exemplo?). Afinal, quem consegue realizar tudo o que gostaria? Dada à nossa insatisfação contínua, por mais que alguém aja, fale ou pense, sempre falta pensar, falar ou fazer alguma coisa. Novos horizontes se abrem diante de cada caminho percorrido. O que fazer, então? (“Fazer mais alguma coisa ainda? Mas eu já disse que não tenho tempo!…”). Abra o Evangelho. Ouça o que Cristo tem a dizer sobre isso: “Marta, Marta, tu te preocupas com muitas coisas. E, contudo, uma só é necessária”. O que seria o essencial na vida, o único necessário? Deve se tratar, sem dúvida, de uma realidade que permaneça sempre, que não passe com o tempo, que continue a existir mesmo após a morte – que é, para cada um, o fim do tempo.
Um dia, um doutor da lei perguntou a Jesus o que era mais importante – isto é, o que é que era essencial e resumia sua doutrina. A resposta do Mestre foi simples: o amor. O amor ao Pai e o amor aos irmãos. O resto, isto é, o que cada um vai fazer, pensar ou dizer, será uma consequência de seu amor. Ora, se alguém não tem tempo nem para se doar, que pobreza! Talvez seria melhor não ter recebido tempo algum!…

domingo, 6 de novembro de 2011

Marcados

Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros - MG

Gostamos de ver pessoas que marcam presença de boa qualidade na vida. São admiradas por uns e combatidas por outros. É o caso de Jesus e tantos outros que procuraram e procuram segui-lo. Não arredam pé de seus princípios, valores, idéias e ideais. Afinal, a vida vale para construir o bem conforme o humano ético e o divino humanizado. Só ou acima de tudo acumular bens, saberes, bem estar sensível e projeção pessoal é pouco para quem entende o sentido e a finalidade da existência outorgada por Deus.
No texto do Evangelho Jesus dá a grande lição das bem-aventuranças. Feliz de verdade é quem constrói comunidade, ajudando o semelhante a encontrar o caminho de sua dignidade. Felizes os que não se apegam às coisas materiais, colocando Deus como o valor absoluto na vida! Felizes os que se preocupam com a situação difícil do semelhante! Felizes os que tudo fazem para a promoção da paz, lutando pela justiça! Felizes os que se compadecem com os limites dos outros e sabem entender e perdoar seus erros! Felizes os que convivem com retidão de intenção e acreditam no bem, com a mente despoluída e sincera! Felizes os que realizam o bem, sem desanimar, mesmo recebendo críticas e não sendo entendidas em sua boa ação e intenção! Felizes os que demonstram sua grandeza de caráter, mesmo quando recebem ingratidões e armadilhas por parte dos que têm pequenez de intenção e de vida fingida! Vemos nas bem-aventuranças de Cristo a cartilha magna de quem quer marcar a história com atitude diferente do egoísmo (Cf. Mt 5, 1-12).
Santidade não é já viver sem defeito ou erro. É perseguir o ideal do Filho de Deus, tentando ser coerente com sua fé nele. É luta para vencer a tendência ao comodismo ou às desculpas descabidas de falta de compromisso com valores inerentes à vida e propostos pelo Criador. Há santos e santas que escreveram e escrevem a história com a caneta do amor, através da doação da própria vida em bem da promoção da vida, da dignidade humana e do cuidado com o planeta. São incansáveis em defender o bem de quem é mais fragilizado. Lutam por causas de bem da comunidade. Não medem esforços para que prevaleçam a justiça e o respeito a todo tipo de vida, a partir e sobretudo à humana. Não se conformam com a mentira, a desonestidade, a trapaça, à má política, ao desrespeito a quem é mais fragilizado. Cooperam, com a doação da própria vida e renúncia do próprio bem estar, para beneficiar o semelhante.
O texto do Apocalipse bíblico lembra o resultado da vida de quem levou a sério o “Não façais mal à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus” (Apocalipse 7,3): “Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro”, ou seja, foram para a felicidade eterna com Deus! O que diríamos de quem vive para dar vida, dignidade e promoção do bem da humanidade com seus carismas aplicados nessa direção? Marcar a história com a vida para dá-la com seu sentido maior vale a pena para quem é esclarecido e assume um ideal que supera a busca de satisfação pessoal. Esta firma-se apenas nas gratificações passageiras buscadas como finalidade absoluta!
A marca maior na vida da pessoa de retidão moral é a de Deus, que recompensa quem tudo faz em consonância com seu projeto de amor ao ser humano! 
Fonte: CNBB

Ao menos deixem os pregos

Percival Puggina
Fonte: www.puggina.org

Reafirmo meu pessimismo: mais cedo ou mais tarde, como vem ocorrendo com todas as teses provenientes desses segmentos ideológicos e políticos, os crucifixos serão arrancados das paredes. E o resíduo cultural cristão ainda persistente continuará cedendo lugar a um humanismo desumano, destituído de alma e avesso a Deus. Avesso ao Deus cuja proteção é invocada na Constituição. Não guardo ilusões. Quando se encontra com a omissão de muitos e a ingênua tolice de outros tantos, a malícia passa por cima e impõe o que pretende com quase nenhuma resistência. 
Aparentemente é uma questão simples. Afinal, se o Estado é laico, os espaços públicos ou sob responsabilidade do Estado não deveriam ser isentos de qualquer religiosidade, como banheiros de estação? O crucifixo, na parede de uma repartição, seria, nessa perspectiva, um atropelo à equidade, um agravo à Constituição e à Justiça. Remova-se, então. Mas tenha-se a coragem de assumir perante a história o registro do que foi feito: preserve-se o prego! Preserve-se o prego para que todos reconheçam o extraordinário serviço prestado. Para que todos saibam que ali havia um crucifixo, e que ele foi removido por abusivo, ofensivo, intolerável às almas sensíveis que, em nome da Justiça, se mobilizaram contra ele. 
Observe de onde procedem os ataques aos crucifixos. Nem todos os que tocam nessas bandas são contra os crucifixos e nem todos o são por malícia. Mas todos os que se opõem aos crucifixos tocam nessas bandas. Tocam numa certa esquerda e numa certa direita. Ajudam-se mutuamente no processo de destruição dos valores. A cara da utopia da igualdade é o focinho da utopia da liberdade sem limites. Quando discorrem sobre seus motivos em relação aos crucifixos, transmitem a ideia de estarem jungidas a um imperativo constitucional - o Estado, mesmo não sendo ateu, é laico. Não tem religião própria. E os ingênuos abanam a cabeça em concordância: afinal, se há lugar para um crucifixo, por que não revestir as paredes com os símbolos de todas as outras religiões e crenças existentes? Ou tem para todos, ou não tem para ninguém. Com tanta coisa contra que lutar, escalam como adversário Jesus de Nazaré... 
O crucifixo na parede da repartição não é peça publicitária. Não é elemento de proselitismo religioso. Não transforma o espaço em local de culto. É referência a um patrimônio de valores universais sem similar na iconografia humana: amor a Deus e ao próximo mesmo se inimigo, solidariedade, justiça, misericórdia, paz. Se tirar o crucifixo, fica o prego. 
Por outro lado, percebam todos ou não, a mobilização pela remoção é apenas mais um ato da longa empreitada do relativismo, do hedonismo e do materialismo visando à deliberada destruição das bases da civilização ocidental. Apenas mais um gesto. Querem a prova? O mesmo argumento que pretende a remoção do crucifixo (o mesmíssimo argumento!) quer silenciar os cristãos sempre que se debatem aspectos morais de propostas legislativas ou decisões judiciais. "O estado é laico e os argumentos baseados numa moral de origem religiosa não podem ser admitidos!", proclamam com enfatuada sabedoria. Ou seja, admitem-se nos debates as opiniões de ateus, de movimentos sociais, de sindicatos, de homossexuais, de partidos políticos, de endinheiradas ONGs, do que for. Admite-se opiniões do Além, psicografadas. Vale, até, opinião de quem não tem moral alguma. Mas não se toleram opiniões coincidentes ou fundadas na moral cristã. Pasmem os leitores: com esses argumentos de almanaque, com essa lógica de gibi, se consideram gênios da retórica, porta-estandartes da equidade. E não faltam ingênuos para aderir a essa conversa mole! 
No entanto, saibam quantos lerem este artigo: o comunismo, ao refletir sobre suas dificuldades para expandir-se na Europa Ocidental, concluiu que seus maiores obstáculos estavam propostos pelas bases cristãs da cultura vigente. Desde então tem sido o que se viu. E só não percebe quem não se importa em servir de pomba para a refeição dos gaviões.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Festa de Todos os Santos - "Sejamos santos como Deus é santo!"

Fonte: ACI Digital
Ao presidir este meio-dia (hora local) a oração do Ângelus na Solenidade de Todos os Santos, o Papa Bento XVI assinalou que esta Festa constitui uma ocasião de ânimo para que todos os católicos sejam Santos como Deus é santo.
Em sua saudação em espanhol, o Papa disse que a liturgia de hoje "convida-nos a contemplar o amor infinito de Deus, que se reflete na vitória dos que já gozam de sua glória no céu".
"É o amor do Pai que nos chama a sermos filhos dele, entrega o seu próprio Filho para nos redimir com seu sangue purificador. Por isso nos proclama benditos mesmo quando sofremos tribulação, porque nele está nossa esperança".
"Respondamos –alentou o Papa– com generosidade e coerência a esse dom, que foi derramado em nossos corações, sendo santos como Deus é Santo, para que também em nós se manifeste sua glória".
Em sua reflexão em italiano, Bento XVI disse que a Festa de hoje "nos recorda que a santidade é a vocação originária de cada batizado. Cristo, de fato, que com o Pai e com o Espírito é o todo Santo, amou a Igreja como sua esposa e se deu a si mesmo por ela, a fim de santificá-la".
"Por esta razão todos os membros do Povo de Deus estão chamados a serem santos, segundo a afirmação do apóstolo Paulo: ‘A vontade de Deus é que sejam Santos’. Portanto, estamos convidados a olhar a Igreja não em seu aspecto temporário e humano, marcado pela fragilidade, mas sim como Cristo a quis, isto é ‘comunhão dos Santos’".
Depois de recordar que todos os estados de vida permitem chegar à santidade, o Papa recordou a celebração, amanhã 2 de novembro, da festa de todos os Fiéis Defuntos, que "nos ajuda a recordar os nossos seres queridos que nos deixaram e a todas as almas em caminho para a plenitude da vida, propriamente no horizonte da Igreja celeste, a que a Solenidade de hoje nos elevou".
O Papa Bento XVI ressaltou que a oração pelos mortos é "não só útil mas também necessária, assim que ela não só pode ajudá-los, mas também ao mesmo tempo faz eficaz sua intercessão em nosso favor".
O Papa fez votos para "que o pranto, devido ao desprendimento terreno, não prevaleça por isso sobre a certeza da ressurreição, sobre a esperança de alcançar a bem-aventurança da eternidade, ‘momento repleto de satisfação, no qual a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade’".
"O objeto de nossa esperança de fato é gozar da presença de Deus na eternidade. Jesus o prometeu a seus discípulos: ‘Eu os verei de novo e vosso coração se alegrará e nenhum poderá tirar-vos este gozo’".
Finalmente o Santo Padre sublinhou que "à Virgem, Rainha de Todos os Santos, confiamos nossa peregrinação para a pátria celeste, enquanto invocamos para os irmãos e as irmãs defuntos sua materna intercessão".